A frase título do texto é uma citação do sempre tão atual Tom Jobim, e traz uma ideia muito importante e central sobre a vida na quarentena. Como encaramos esse momento de isolamento social pode nos ajudar a pensar e refletir sobre a forma como queremos tocar nossas vidas para além do tempo de exclusão.
A angústia e a ansiedade que o mundo vive frente ao não saber sobre a Covid-19, nos conta, entre outras coisas, da onipotência que nós como humanos experimentamos. Ganhamos a habilidade de dominar o fogo, depois inventamos a roda, para na sequência tentarmos controlar os ares, os mares e a terra.
Acreditamos tanto na nossa potência, que acabamos por crer que somos capazes de dar conta de todas as variáveis da vida. O coronavírus nos ensina que somos apenas mais uma entre as espécies da natureza.
No dia a dia, somos traídos pela nossa onipotência. A pressa, as demandas externas e a aceleração maciça das grandes cidades nos fazem crer que somos obrigados a agir, a responder a todas as expectativas do mundo e em última instância a todas as nossas expectativas.
Desacelerar parece ser um enorme ganho que o vírus nos traz. A ansiedade tem sido um “vírus” constante na forma como estabelecemos a nossa rotina e a falta de saúde mental coletiva, uma pandemia grave do tempo pós-moderno.
“Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso, faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara”.
(Lenine, Paciência)
O que levaremos da quarentena nos conta da vida que levaremos! Vale abandonarmos nossa onipotência, para então reconhecermos a preciosidade da vida.
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