Temos que garantir este ouro líquido para as nossas crianças
O leite materno (LM) vem dar continuidade a todo um processo incondicional de amor oferecido da mãe para seu filho desde sua concepção, que inclui afeto, carinho, nutrição e crescimento. Juntamente com a geração de uma criança, também está se gerando um abastecimento de alimento, totalmente ajustado às necessidades do bebê, ou seja, com todas as vantagens nutricionais e imunológicas específicas. É esta joia rara, este ouro líquido, que após o nascimento fará com que esta criança cresça saudável e feliz.
Desde 1948 a Organização Mundial de Saúde (OMS), para incentivar a amamentação exclusiva nos primeiros seis meses de vida do bebê, criou a Semana Mundial do Aleitamento Materno (SMAM) e ocorre nos primeiros sete dias da primeira semana de agosto. Anualmente na SMAM é definido um tema em prol a amamentação, disseminado para todos os países para que possam trabalhar de forma conjunta com o intuito de incentivar e ressaltar as inúmeras propriedades do aleitamento materno e, com isto, reduzir a mortalidade infantil e desfechos negativos decorrentes da falta da amamentação.
SEMANA MUNDIAL DO ALEITAMENTO MATERNO – SMAM 2019
TEMA: Empoderar mães e pais, favorecer a amamentação. Hoje e para o futuro
Em relação à prematuridade, os benefícios do aleitamento materno são indiscutíveis. Comprovados cientificamente, pois contém nutrientes de fácil digestão e absorção, estando os mesmos ajustados às necessidades do bebê e à sua idade gestacional. Esta perfeita combinação de proteínas, gorduras, carboidratos, minerais, vitaminas, enzimas e células vivas, faz com que o LM esteja totalmente ajustado para um nascimento precoce. O leite materno tem a capacidade de se adaptar às necessidades do bebê, ou seja, conforme já mencionado, a composição do LM é adequada para a idade gestacional do recém-nascido. A presença dos ácidos graxos (gorduras) ajuda no desenvolvimento cerebral. Somam ainda a esses benefícios nutricionais, os fatores imunológicos (redução do tempo de hospitalização, da sepse neonatal, da retinopatia da prematuridade, de doenças respiratórias e de enterocolite necrosante), fatores psicológicos e econômicos, todos imprescindíveis para um crescimento e desenvolvimento adequados em sua maior situação de vulnerabilidade. Estudos mostraram que prematuros que receberam leite materno tiveram menos enterocolite necrosante e apresentaram níveis mais elevados de quociente de inteligência (QI).
Amamentar prematuros é, sem dúvida, um desafio. Em função da imaturidade dos muitos órgãos, dentre eles o trato gastrointestinal, e a incoordenação ou a falta de reflexos de sucção, deglutição e respiração, as crianças que nasceram muito prematuras necessitam receber suas primeiras calorias por via intravenosa. Paralelamente a esta nutrição, a alimentação enteral, também chamada de nutrição trófica, deve ser iniciada, por meio de sonda orogástrica. Mesmo que seja em quantidades insuficientes para nutrir o bebê, é de grande importância para evitar a atrofia das vilosidades da mucosa intestinal e a prevenção de infecções graves.
Na impossibilidade do recém-nascido (RN) receber o leite de sua própria mãe, é oferecido, na maior parte das unidades neonatais, o leite doado aos bancos de leite humano e postos de coleta. É um procedimento seguro, pois o leite passa por um rigoroso processo de seleção, classificação e pasteurização até que esteja pronto para ser distribuído com qualidade certificada aos bebês internados em unidades de terapia intensiva neonatais. Este leite é doado de mulheres em fase de amamentação e que produzam um volume de leite acima da capacidade da quantidade ofertada ao seu filho.
Superadas as barreiras dos problemas respiratórios e de adaptação, e cessada a transição da oferta de leite por sonda gástrica para a oferta oral, o próximo passo é nutrir adequadamente esses bebês no seio materno. Inicialmente, eles podem apresentar uma sucção lenta e fraca, se cansam e podem até se engasgar com mais facilidade. Nesta etapa, devido ao maior esforço para sugar, há um maior gasto de energia e a criança pode perder peso. Deve-se, então, ter um rigoroso controle do peso, estatura e crescimento da cabeça do bebê. É neste momento que todos os profissionais de saúde devem apoiar esta mãe de forma integral, para a manutenção do aleitamento materno.