Instituto PENSI – Estudos Clínicos em Pediatria e Saúde Infantil

Cinco mitos ou verdades sobre a lavagem nasal infantil

Quais são os cuidados necessários para que a prática seja realizada de forma segura

 

A lavagem nasal é um procedimento muito utilizado para prevenção e tratamento de doenças respiratórias. Porém, mitos acerca da prática podem torná-la ineficaz — e até mesmo perigosa à criança.

Conversamos com Fabrizio Ricci Romano, médico coordenador de otorrinolaringologia do Sabará Hospital Infantil, para esclarecer alguns dos principais mitos que envolvem a prática.

É necessário usar força na lavagem nasal?

Nunca! O médico aponta que esse é o principal mito que vê em sua prática, mas que nunca deve ser utilizada pressão na hora da lavagem. Isso porque o uso de força pode provocar traumas na mucosa nasal ou fazer com que a solução vá para os ouvidos, resultando em infecções ou até mesmo perfurações do tímpano.

“O certo é sempre aplicar o soro lentamente”, diz Romano. Além disso, a lavagem não deve ser forçada. Começar com menos volume ou aplicadores mais suaves é importante para que a criança se acostume ao procedimento.

Pode usar água de torneira na lavagem nasal?

Esse é outro erro observado por Romano. A água de torneira ou de chuveiro não pode ser utilizada na lavagem nasal, sendo a solução salina isotônica (soro fisiológico 0,9%) a mais indicada. Em alguns casos, profissionais de saúde podem indicar o uso de soluções hipertônicas, ou seja, mais concentradas.

Há restrição de idade para a limpeza nasal?

Segundo o especialista, a lavagem pode ser feita em qualquer idade, de recém-nascidos a idosos. Inclusive, até os dois meses de idade, só respiramos através do nariz — e obstruções como as decorrentes de alergias e infecções podem dificultar a ventilação adequada.

O procedimento deve ser adaptado à idade da criança, e a quantidade da solução salina utilizada, adequada ao paciente. “Crianças muito pequenas devem usar  pouca quantidade, alguns mililitros, para não haver risco de engasgar ou aspirar”, recomenda Romano.

A função da lavagem nasal também impacta a quantidade a ser utilizada. “Para prevenção ou quando a secreção está fluida, por exemplo, quantidades menores são suficientes”, conclui o especialista.

O ideal é que haja apoio de um profissional de saúde para orientações em relação à forma ideal de lavagem para cada criança e necessidade.

Crianças podem realizar o procedimento sozinhas?

Segundo a Academia Brasileira de Otorrinolaringologia Pediátrica (Abope), em geral, a partir dos sete anos, a limpeza pode ser feita pela própria criança. Também há crianças que, a partir dos três ou quatro anos, conseguem fazer a lavagem sozinhas — o que, inclusive, pode deixá-las mais confortáveis com a prática. Em ambos os casos, é essencial a supervisão de um adulto responsável.

A lavagem nasal ajuda a prevenir doenças?

Sim, a lavagem nasal pode ajudar na prevenção de doenças respiratórias. Um exemplo é em casos de rinite alérgica, com a limpeza ajudando na remoção de substâncias que participam do processo inflamatório.

O procedimento também pode ser útil quando a criança está exposta a poluição, ar seco ou outros agentes agressivos ao nariz, como explica Romano. “Sabemos, inclusive, que lavar o nariz regularmente diminui o número de gripes e resfriados, e também a gravidade dessas afecções”, conclui o médico.

 

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Por Rede Galápagos

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