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Basta andar pelas ruas ou por uma praça de alimentação para ver jovens andando com fones de ouvido e conectados aos seus smartfones. Esses hábitos comuns entre os adolescentes têm gerado preocupação por parte de especialistas em audição.
Um estudo publicado recentemente na revista científica BMJ Global Health estima que mais de 1 bilhão de jovens em todo o mundo correm o risco de sofrer perda auditiva por ouvirem músicas em volumes altíssimos, tanto em fones de ouvido como em locais de entretenimento.
A pesquisa inglesa analisou dados de 33 artigos revisados por especialistas em suas áreas e publicados em inglês, espanhol, francês e russo entre 2000 e 2021, abrangendo pouco mais de 19 mil participantes com idades entre 12 e 34 anos de 20 países.
Em um mundo com 8 bilhões de habitantes, o artigo calcula que na faixa etária estudada, a população estimada é em torno de 2,7 bilhões de pessoas, e levando em consideração os dois tipos de riscos, o estudo estima que entre 670 mil a 1,35 bilhão de jovens podem estar em risco de perda auditiva, ou seja, de 25% a 50% jovens que utilizam fones de ouvidos estão em risco de perda auditiva.
Lembrando que o limite recomendado é de 80 decibéis para adultos e 75 decibéis para crianças por 40 horas semanais, pois a partir disso haveria risco de diminuição da capacidade auditiva. Acima de 120 decibéis o risco é imediato. Vale a pena destacar também que os vereadores de São Paulo querem elevar o limite máximo de barulho em locais como Allianz Parque, Anhembi e Canindé, de 55 para 85 decibéis. Dá para imaginar o nível de barulho dentro desses ambientes.
Outro dado interessante do artigo é que os usuários de dispositivos de escuta pessoal geralmente usam volumes de até 105 decibéis e que os níveis médios de som em locais de entretenimento variam de 104 a 112 decibéis, o que excedem os níveis permitidos, mesmo por períodos muito curtos de tempo. Portanto, os dados sugerem que muitos jovens podem estar em risco de desenvolver perda auditiva permanente.
Esse é mais um problema que temos que lidar como uma preocupação de Saúde Pública e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a perda auditiva atinge mais de 430 milhões de pessoas em todo o mundo ou mais de 5% da população mundial e, se a prevenção não for priorizada, estima que o número aumentará para 700 milhões até 2050.
Os pediatras já notaram que o uso de fones de ouvido pode prejudicar a audição dos adolescentes. A Academia Americana de Pediatria (AAP) quer prevenir esse tipo problema e está recomendando a triagem de adolescentes quanto a danos auditivos em tons mais altos para descobrir se eles têm perda auditiva de alta frequência.
Exames auditivos recomendados para crianças mais velhas e adolescentes
O teste inclui fazer com que o paciente ouça uma série de bipes por meio de fones de ouvido para determinar se ele pode ouvir uma variedade de tons. As crianças devem ser rastreadas em três idades:
Os pais podem ajudar a prevenir a perda auditiva ensinando hábitos auditivos seguros. As crianças devem fazer pausas após uma hora ouvindo e abaixar o volume para cerca de 60% em seus aparelhos de áudio. De acordo com a AAP, os jovens devem ser capazes de ouvir as conversas ao seu redor enquanto ouvem a música.
O que os pais precisam saber sobre fones de ouvido “Kid Safe” e outros produtos?
Segundo recomendações da OMS e da União Internacional de Telecomunicações, para evitar danos auditivos, as crianças devem ouvir aparelhos em volumes não superiores a 75 decibéis por, no máximo, 40 horas na semana.
Muitos fones de ouvido e outros produtos comercializados como “seguros para crianças” limitam o volume em 85, 90 ou até decibéis mais altos. E, após o teste, muitos projetam o som ainda mais alto do que afirmam. Portanto, embora esses produtos possam ser um bom começo, os pais ainda devem ouvi-los e ensinar as crianças a diminuir o volume. Lembre-se de que os fabricantes de fones de ouvido não estão interessados na audição de seu filho, eles estão interessados em vender produtos.
Conforme o estudo da BMJ e da própria OMS, há uma necessidade urgente de priorizar políticas focadas em medidas preventivas da saúde para não estarmos produzindo uma geração de idosos com deficiência auditiva.
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