PESQUISAR
A Campanha Março Lilás, lançada pela Sociedade de Pediatria de São Paulo, em 2017, é uma iniciativa voltada à conscientização dos cuidados necessários com os bebês prematuros durante a internação e após a alta hospitalar.
Em 2015, a prematuridade representou a principal causa de mortes em crianças menores de 5 anos, em todo o mundo. No Brasil, de acordo com o estudo Global Burden of Disease (GBD) – uma parceria do MS-Brasil e do Institute of Health Metrics and Evaluation (IHME) da Universidade de Washington, nos Estados Unidos – as complicações associadas à prematuridade vêm ocupando o primeiro lugar nas causas de óbitos nos primeiros cinco anos de vida, desde os anos 90. Apesar da queda notável nos últimos 25 anos, permanece um número significativo de óbitos potencialmente evitáveis relacionados à prematuridade e sensíveis à atenção efetiva no pré-natal, parto e período neonatal.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), desde 1990, foram feitos progressos substanciais na redução da mortalidade infantil. O número total de mortes de menores de 5 anos em todo o mundo diminuiu de 12,8 milhões em 1990 para 5 milhões em 2021. Desde 1990, a taxa global de mortalidade de menores de 5 anos caiu 59%, de 93 mortes por 1.000 nascidos vivos em 1990 para 38 em 2021. Globalmente, o número de mortes neonatais também diminuiu, de 5,2 milhões em 1990 para 2,3 milhões em 2021.
No Brasil, foram registrados 292.715 nascimentos prematuros em 2022, de acordo com dados preliminares do Painel de Monitoramento de Nascidos Vivos, do DataSUS.
Segundo o Projeto Nascer no Brasil, a taxa de prematuridade no nosso país está estimada em 11,5% do total de nascimentos, cerca de 345 mil crianças do total de cerca de 3 milhões de nascimentos. Os prematuros tardios representam a grande maioria, em torno de 74% do total, seguido pelos menores de 32 semanas (16%) e de 32-33 semanas (10%).
Bebês prematuros são aqueles que nascem antes de completarem 37 semanas de gestação e exigem cuidados especiais para garantir seu desenvolvimento saudável. A prematuridade pode acarretar complicações devido à imaturidade de seus órgãos e sistemas. As complicações mais frequentes nesse período, incluem instabilidade térmica, maior suscetibilidade a infecções, distúrbios respiratórios, cardiológicos e neurológicos.
Além disso, é essencial compreender a “idade corrigida”, que leva em consideração o tempo que o bebê deveria nascer e a data prevista do parto, completando 40 semanas. Quando a idade gestacional baseada na data do último período menstrual é imprecisa, pode se recorrer a ultrassonografia obstétrica realizada no primeiro trimestre da gestação, considerado o padrão ouro para estimativa da idade gestacional. Reconhecer a idade gestacional corrigida do recém-nascido prematuro é vital para avaliação dos marcos do desenvolvimento e determinar intervenções terapêuticas precocemente.
Depois de um longo período de internação em UTI neonatal, chega o tão esperado momento: a alta hospitalar. Começa a preparação da família, que é iniciada assim que o recém-nascido começa a coordenar a sucção e a deglutição, alimenta-se via oral sem sonda e controla bem a temperatura corporal, mesmo que ainda não tenha peso suficiente para alta. É um tempo de orientação multiprofissional junto à família para que esta compreenda as necessidades e se prepare para receber o novo integrante.
No entanto, os cuidados com os prematuros não se encerram com a alta hospitalar. Após deixarem a Unidade Neonatal, é fundamental um acompanhamento ambulatorial com uma equipe multidisciplinar e cuidados específicos, que garantem um melhor prognóstico para essas crianças. Este acompanhamento inclui consultas regulares com pediatra, além de especialistas conforme necessário (neurologistas, oftalmologistas, otorrinolaringologistas etc.) e equipe multiprofissional (enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, nutricionistas etc.).
Além do acompanhamento médico, o ambiente familiar acolhedor, o estabelecimento de uma rotina adaptada às necessidades do bebê e o estímulo por meio de brincadeiras e interações sociais são aspectos cruciais para o desenvolvimento saudável. A família deve estar atenta às necessidades emocionais do bebê, oferecendo amor, segurança e estabilidade, que influenciam positivamente no seu desenvolvimento cognitivo e emocional.
Outro ponto fundamental é a nutrição do prematuro, essencial para um crescimento adequado, sendo o aleitamento materno um grande aliado para que isso ocorra. Por esse motivo, os profissionais se preocupam com a formação do vínculo entre mãe e bebê. Também é relevante passar informações para pais e familiares sobre a importância do aleitamento materno, como vantagens e benefícios, e esclarecer dúvidas e mitos.
Vale lembrar que, no Centro de Excelência do Sabará Hospital Infantil, o atendimento ambulatorial conta com diversas especialidades pediátricas e uma equipe multiprofissional, que oferece um cuidado diferenciado para essa população de prematuros.
Fontes:
Ministério da Saúde (2019). Atenção à saúde do recém-nascido: guia para os profissionais de saúde. Brasília, DF: Ministério da Saúde
SBP, Departamento científico de Neonatologia, Seguimento Ambulatorial do recém-nascido de risco, 2012
https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/2015/02/Seguimento_prematuro_oficial.pdf
SBP, Departamento científico de Neonatologia, Monitoramento do Crescimento de RN pré-termos, 2017
SBP, Departamento científico de Neonatologia, Prevenção da prematuridade – uma intervenção da gestão e da assistência, 2017
https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/20399b-DocCient_-_Prevencao_da_prematuridade.pdf
SPSP, Departamento científico de Neonatologia, 2023
https://www.spsp.org.br/campanhas_spsp/marco-lilas/
Projeto Nascer no Brasil
https://nascernobrasil.ensp.fiocruz.br/
World Health Organization (2023)
https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/levels-and-trends-in-child-mortality-report-2021