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Encontro com Doutores

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14/12/2016
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No mês de novembro, o Pronto Sorrir participou do Encontro de Palhaços em Rede organizado pelos Doutores da Alegria, que tinha o intuito de refletir sobre o trabalho do artista dentro dos hospitais. Entre mesas, debates e oficinas, refleti muito sobre o trabalho de humanização que fazemos no Pronto Sorrir.

O que é um humano? É tão complexo esse termo, então fica mais fácil concluir o que não é humano: nossas máscaras idealizadas de sermos bonzinhos, fofinhos, cuti-cuti, enfim, termos que a cultura insiste em afirmar, principalmente sobre o comportamento que a criança e que o profissional que lida com a criança devem ter. Isso não é humano. Está muito longe de ser. Humano é uma complexa rede de comportamentos, reações, sentimentos, valores e ações de uma pessoa.

A criança percebe a farsa. A criança é sincera e espontânea, sente dor, raiva, fica de saco cheio, impaciente, sente prazer em fazer coisas “erradas” pra compreender limites ou apenas para subverter paradigmas que ela questiona. O artista que entra no hospital para trabalhar com a criança hospitalizada deve estar imbuído desse mesmo espírito: inquieto, maravilhado com o mundo, questionador, inadequado às ordens sociais e, acima de tudo, espontâneo.

O profissional que entra no hospital para trabalhar com a criança pode estar ou não fantasiado, usar ou não a máscara do palhaço, tocar ou não um instrumento, saber ou não fazer truques de mágica ou malabarismo, mas o que ele não pode deixar pra fora é: sua presença. Presença de espírito. Tem que ter escuta. Tem que saber contar uma história e ouvir dez. Tem que saber cantar uma música e ouvir as canções do coração de quem o ouve, tem que saber fazer uma piada e aprender outras tantas. Tem que ouvir as necessidades de quem está ali, fragilizado, que muitas vezes é só ouvir e aceitar o não de quem não quer a presença desse artista ali. Isso é empoderamento.

A função do artista é valorizar o que aquele ser quer naquele instante: se ele quer só olhar, só contar um caso dele, então é isso. Se ele ou ela está inconsciente, é tratá-lo da mesma forma de quando essa pessoa está consciente, pois essa relação ficará guardada em fragmentos de memória, como num sonho. Tudo chega até o centro do ser quando o interlocutor está verdadeiramente presente.

Não é a função do artista salvar ninguém. Não vamos mudar o mundo. Mas talvez transformar o momento presente em algo um pouco melhor, um pouco mais delicado, engraçado, divertido, leve, um pouco mais humano. Ser humano. Veja, ninguém falou que seria fácil. Tem um verbo antes do humano: ser. É um exercício diário, uma lapidação constante de deixarmos de ser o que a cultura nos moldou a sermos, para sermos quem realmente somos. Não somos consumidores. Somos. Apenas somos. E temos tantas cores. Às vezes somos floridos, às vezes fedidos, às vezes somos serelepes, às vezes jururus, doentes, mas a essência não muda. E é para essa essência que trabalhamos. Para relembrarmos que apesar de que tudo passa, até a uva passa, a doença passa, a vida passa, mas essa estrelinha que pulsa e faz os olhos brilharem e a gente sorrir ao encontrar outra estrelinha brilhando, essa brilha sempre e cada vez mais alto.

Por isso, vamos sempre celebrar o encontro. O contato. A celebração da vida. Estou aqui presente com você. Preparei essa piada para você, vou contar uma história e ouvir a sua, pois me importo com você. Às vezes não direi nada, ficarei em silêncio ao seu lado. Essa é a nossa arte: a arte da presença, do encontro, de ser humano para ser humano.

Leia também: Sabará, um hospital humanizado

Atualizado em 2 de outubro de 2024

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