Textos pessoais e diretos marcam os relatos de pais e cuidadores reunidos no livro O futuro do autismo, publicado pelo Instituto Pensi. Na imagem, o médico Carlos Takeuchi e seu filho Marcão, em uma cena doméstica de parceria e presença. Foto: Mário Rodrigues/Galápagos
Entre os capítulos que compõem O futuro do autismo, destaca-se uma série de textos que se dirigem ao leitor de maneira próxima e sincera. São as “Cartas atípicas”, escritas por familiares e pessoas próximas de indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), sempre em primeira pessoa e destinadas diretamente aos filhos, netos, irmãos ou companheiros.
Essas mensagens resultam da proposta editorial concebida pelas autoras Alecsandra Zapparoli e Cristina Ramalho, que convidaram os familiares a narrar suas experiências. O conjunto final revela situações do dia a dia em tom realista, ampliando o entendimento sobre as emoções e adaptações que surgem na convivência com o TEA.
Na carta assinada por Carlos Takeuchi para o filho Marcão, publicada na página 47, o autor — que é neuropediatra e assessor científico do Instituto PENSI — relembra momentos da paternidade, a surpresa diante do diagnóstico e a necessidade de reinventar a rotina familiar. Em certo trecho, ele escreve:
“Meu desejo é a sua felicidade, do seu jeito, ainda que diferente do esperado. As expectativas? Não sei. Apenas seja feliz e independente ao seu modo.”
A imagem que acompanha esse relato mostra pai e filho preparando juntos uma receita, traduzindo na prática o tipo de parceria descrito no texto. A fotografia antecede a carta em que o pai escreve sobre as descobertas compartilhadas ao longo dos 21 anos de convivência com o autismo. Veja o trecho abaixo.
As cartas atípicas sucedem-se ao longo do livro, abordando temas como diagnóstico precoce, inclusão escolar, saúde mental e perspectivas na vida adulta. Mães, pais, irmãos e cuidadores relatam situações que complementam os dados, entrevistas e pesquisas apresentados na obra, compondo uma leitura afetiva e, ao mesmo tempo, informativa. Essas cartas registram, de modo singular, como cada família interpreta e enfrenta a realidade do espectro — sempre partindo do cotidiano concreto, da escuta e de um aprendizado constante.
Por Rede Galápagos
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