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A Febre do Oropouche (FO) é uma doença causada por um arbovírus do gênero Orthobunyavirus, da família Peribunyaviridae. O vírus foi detectado pela primeira vez em 1955, em um trabalhador florestal febril, em uma vila de Trinidade e Tobago chamada Vega de Oropouche, perto do Rio Oropouche.
O vírus foi isolado pela primeira vez no Brasil em 1960. Desde então, casos isolados e surtos foram relatados no país, principalmente nos estados da região amazônica.
Também já foram relatados casos e surtos em outros países das Américas Central e do Sul (Panamá, Argentina, Bolívia, Equador, Peru e Venezuela).
TRANSMISÃO
Há dois ciclos de transmissão descritos: silvestre e urbano.
No ciclo silvestre, bichos preguiça e primatas não-humanos (e, possivelmente, aves silvestres e roedores) atuam como hospedeiros. O suposto vetor primário é o Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora.
No ciclo urbano, o homem é o hospedeiro principal, e o vetor primário também é o Culicoides paraensis.
CONTEXTUALIZAÇÃO
Como dito anteriormente, desde 1960, casos isolados e surtos foram relatados no Brasil, principalmente nos estados da região Amazônica. Em 2023, a detecção de casos da FO foi ampliada para todo o país, após o Ministério da Saúde disponibilizar testes diagnósticos para a rede nacional de Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen). Com isso, os casos, até então concentrados na região Norte, passaram a ser identificados também em outras regiões do país. Foi intensificada a busca ativa por febre do Mayaro e Febre do Oropuche em amostras inicialmente testadas para dengue, Chikungunya e Zika com resultados negativo.
No Brasil, até a semana epidemiológica (SE) 30 de 2024, 7.284 casos de FO foram confirmados, com transmissão autóctone em várias unidades federativas: Amazonas, Rondônia, Acre, Pará, Roraima, Amapá, Tocantins, Bahia, Espírito Santo, Santa Catarina, Minas Gerais, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Piauí, Paraná, Paraíba, Ceará, Sergipe, Pernambuco, Maranhão e São Paulo. A região amazônica, considerada endêmica, concentra 78% dos casos notificados no país.
ESTADO DE SÃO PAULO
No dia 2 de agosto, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP) informou o registro de cinco casos de Febre do Oropouche. Os casos autóctones (aqueles em que o paciente foi infectado pela doença no próprio local onde vive, sem histórico de deslocamento para outras regiões com maior reincidência da doença) foram identificados nos municípios Cajati e Pariquera-Açu, municípios da região do Vale do Ribeira.
QUADRO CLÍNICO
Após a infecção, o vírus permanece no sangue dos indivíduos infectados de dois a cinco dias após o início dos primeiros sintomas. O período de incubação pode variar entre três e oito dias após a infecção pela picada do vetor.
O quadro clínico agudo evolui com febre de início súbito, cefaleia (dor de cabeça), mialgia (dor muscular) e artralgia (dor articular). Outros sintomas como tontura, dor retro-ocular, calafrios, fotofobia, náuseas e vômitos também são relatados. Casos com acometimento do sistema nervoso central (como meningite), especialmente em pacientes imunocomprometidos, e com manifestações hemorrágicas (petéquias, epistaxe, gengivorragia) podem ocorrer, mas são raros.
Parte dos pacientes (estudos relatam até 60%) pode apresentar recidiva, com manifestação dos mesmos sintomas ou apenas febre, cefaleia e mialgia de uma a duas semanas a partir das manifestações iniciais.
Os sintomas duram de dois a sete dias, com evolução benigna e sem sequelas.
Em 25 de julho, o Ministério da Saúde confirmou dois óbitos por FO no país. Os casos são de mulheres do interior do estado da Bahia, com menos de 30 anos, sem comorbidades, que tiveram sinais e sintomas semelhantes a um quadro de dengue grave. Não havia relatos de óbitos associados à FO até então.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
A doença apresenta semelhança clínica com casos febris inespecíficos de outras arboviroses, como dengue, Chikungunya e febre amarela.
TRANSMISÃO VERTICAL
Estão em investigação seis casos de transmissão vertical (de mãe para filho) da infecção da Febre do Oropouche. São três casos em Pernambuco, um na Bahia e dois no Acre. Dois casos evoluíram para óbito fetal, houve um aborto espontâneo e três casos apresentaram anomalias congênitas, como a microcefalia. As análises estão sendo feitas pelas secretarias estaduais de saúde e especialistas, com o acompanhamento do Ministério da Saúde, para concluir se há relação entre a FO e casos de malformação ou abortamento.
No dia 11 de julho, o Ministério da Saúde emitiu uma nota técnica a todos os estados e municípios recomendando a intensificação da vigilância em saúde após a confirmação de transmissão vertical do vírus Oropouche pelo Instituto Evandro Chagas (IEC), que identificou presença do genoma do vírus em um caso de morte fetal e de anticorpos em amostras de quatro recém-nascidos.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da Febre do Oropouche é clínico, epidemiológico e laboratorial.
TRATAMENTO
Não existe tratamento específico. Os pacientes devem permanecer em repouso, com tratamento sintomático.
PREVENÇÃO
FONTES:
Brasil. Ministério da Saúde. Febre do Oropouche. https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/f/oropouche
Brasil. Ministério da Saúde. NOTA TÉCNICA Nº 15/2024-SVSA/MS. Nota Técnica Conjunta CGLAB/IEC/DEDT/SVSA, que trata da Recomendação para intensificação da vigilância de transmissão vertical do vírus Oropouche. https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/f/oropouche/notas-tecnicas
Brasil. Ministério da Saúde. NOTA TÉCNICA Nº 6/2024-CGARB/DEDT/SVSA/MS Orientações para a vigilância da Febre do Oropouche. https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/f/oropouche/notas-tecnicas
Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Saúde confirma dois óbitos por Oropouche no país. https://www.gov.br/saude/pt-br/canais-de-atendimento/sala-de-imprensa/notas-a-imprensa/2024/ministerio-da-saude-confirma-dois-obitos-por-oropouche-no-pais
Prefeitura de São Paulo. Informe epidemiológico Febre Oropouche 02/08/2024. https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/Informe%20Oropouche%20v%200208.pdf