Instituto PENSI – Estudos Clínicos em Pediatria e Saúde Infantil

Julho Branco: mês do combate ao uso de drogas por crianças e adolescentes

drogas

Em 1987, a Organização das Nações Unidas (ONU) determinou 26 de junho como o Dia Internacional de Combate às Drogas, e aqui no Brasil o Julho Branco – mês do combate ao uso de drogas por crianças e adolescentes, de acordo com a Sociedade de Pediatria de São Paulo.

Dados de um estudo piloto realizado em São Paulo mostrou que o uso do álcool no consumo familiar é bastante elevado (44%), seguido pelo tabaco (35%), maconha (28%) e depois pelo crack (12%). Estes números de presença de drogas nas famílias atendidas no ambulatório do Hospital Universitário da USP são extremamente preocupantes, pois o início das drogas começa dentro de casa, e com drogas lícitas, como álcool e tabaco, que as pessoas nem ligam muito em fazer a prevenção.

Cabe a nós, pediatras, aconselhar os pais e às famílias a orientação. Sabemos que a criança que cresce em um ambiente onde os pais são alcoólatras ou usuários de drogas, a probabilidade deste indivíduo também fazer uso dessas substâncias é grande e evitar este tipo de ambiente é o primeiro passo de uma atitude de prevenção.

A adolescência é a faixa etária de maior vulnerabilidade para a experimentação e o uso abusivo de álcool e drogas, e os motivos que levam ao aumento do uso dessas substâncias são diversos. Alguns fatores podem estar relacionados a essa fase da vida, na qual são comuns a sensação de onipotência, ou seja, sentir que tem poder para fazer o que quiser e a necessidade de desafiar a família e a sociedade buscando novas experiências.

Em 2016, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicou os dados de uma pesquisa realizada com alunos do 9º ano do ensino fundamental que apontaram que os jovens estão tendo acesso cada vez mais precoce às bebidas alcoólicas e às drogas ilícitas. Mais da metade dos entrevistados relataram já terem tomado ao menos uma dose de bebida alcoólica, proporção superior aos 50,3% registrados em 2012. No entanto, o dado mais preocupante foi que mostrou que, tanto 2012 quanto em 2015, um em cada cinco jovens teve pelo menos um episódio de embriaguez. Ainda revelaram ter experimentado alguma droga ilícita.

Especialistas ressaltam que quanto menor a idade de início da ingestão da bebida e outras drogas, maiores as possibilidades de o jovem se tornar um usuário dependente ao longo da vida. O consumo antes dos 16 anos aumenta significativamente o risco de se tornar alcoólatra na idade adulta. Se houver histórico familiar de adicção de álcool e outras drogas, por estarem mais expostos a essas substâncias e devido à hereditariedade, estão mais propensos ao uso precoce.

Adolescentes que se expõem ao uso excessivo dessas substâncias podem desenvolver problemas como:

O jovem é muito influenciado também pelo grupo ao qual está inserido. Se o grupo acha normal e legal beber em excesso ou usar drogas, ele também achará ou será compelido a achar. E o que é mais preocupante é que o uso dessas substâncias tem sido cada vez mais aceito socialmente.

Nesse contexto, o papel da família ganha mais destaque. É preciso monitorar o adolescente, saber com quem se relaciona, quais locais frequenta. Não é o monitoramento no sentido de vigilância, mas de preocupação com a saúde e a segurança. É ter uma relação de confiança e com transparência e respeito, sabendo ouvir e dialogar.

A prevenção deve começar cedo, por volta dos sete ou oito anos de idade. Nessa faixa etária, as crianças ainda ouvem os pais. Já na pré-adolescência, é aos amigos que o jovem dará mais atenção, muitas vezes ignorando os conselhos dos pais.

A abordagem deve ser feita de maneira natural, introduzindo o assunto quando a criança, por exemplo, tiver algum tipo de contato com alguém que bebeu demais. Caso os pais percebam que o jovem está apresentando um comportamento incomum (agressividade, notas baixas na escola etc.), a recomendação é procurar ajuda de um especialista. O exemplo é sempre muito importante, ficando sempre difícil colocar limites quando não fazemos o que falamos.

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