Instituto PENSI – Estudos Clínicos em Pediatria e Saúde Infantil

O afeto e a pesquisa podem se unir?

Happy young family couple and sibling kids engaged in learning chemical game, imitating experiment, pouring colorful liquids from beakers to bottles. Parents helping children to study science at play

Você sabia que os primeiros mil dias de vida, da concepção até os 2 anos de idade, é um período crucial para o desenvolvimento humano? Esse tempo é conhecido como janela de oportunidade, onde o bebê começará a tatear o mundo, descobrindo a cada instante uma coisa nova sobre como é viver. Neste momento, é importante que exista um ambiente seguro, cheio de afeto e carinho, que permita ao pequenino(a) vivenciar essas novas experiências, por meio de vínculos saudáveis, sabendo que alguém ali zela por ele(a).

Durante os anos 2000, um projeto internacional estudou o desenvolvimento infantil com crianças que estavam vivendo em instituições durante a primeira infância. Conhecido como “Órfãos da Romênia“, o Projeto de Intervenção Precoce de Bucareste (BEIP) reuniu professores de renomadas universidades dos Estados Unidos para estudar a diferença no desenvolvimento de crianças que estavam em abrigos de situação bastante precária e de crianças que foram recebidas em casas de famílias voluntárias, as chamadas Famílias Acolhedoras. Com esse estudo, após anos de coleta de dados, foi possível perceber que a cada um ano institucionalizada em um abrigo, a criança perde quatro meses do seu desenvolvimento, enquanto aquelas que estavam em famílias acolhedoras tiveram um desenvolvimento próximo ao de crianças que nunca foram acolhidas, conforme os dados abaixo:

Pensando nisso, em 2022, foi lançado no Brasil o Projeto EI-3: Impactos de Intervenções sobre a Institucionalização Precoce, realizado pelos mesmos pesquisadores do BEIP ao lado de instituições brasileiras (Instituto PENSI, Instituto Fazendo História e a Associação Beneficente Santa Fé), junto ao Ministério Público e quatro Varas da Infância e Juventude do município de São Paulo. Com essa grande potência de parceiros, o Projeto EI-3 – que será uma extensão do BEIP – tem como objetivo avaliar e comparar diversos aspectos do desenvolvimento global de mais de 300 bebês de 0 a 2 anos. Eles serão divididos em três grupos:

A “Associação Beneficente Santa Fé” e a “Lar Amor Luz e Esperança da Criança – LALEC” são as responsáveis por desenvolverem o Programa de Acolhimento, captando e formando famílias voluntárias para participar dessa jornada, sendo as principais cuidadoras desses bebês. Desta forma, é importante que exista uma grande participação e mobilização de pessoas que tenham disponibilidade afetiva e de tempo, para se tornarem Famílias Acolhedoras.

Hoje, temos mais de 31 mil crianças em situação de vulnerabilidade e risco no Brasil, que foram, por algum motivo, afastadas do convívio com suas famílias e estão em serviços de acolhimento, sendo que apenas 5% delas estão com famílias acolhedoras. Um provérbio africano diz: “é preciso uma aldeia inteira para educar uma criança”. Partindo deste princípio, o Projeto EI-3 tem como um de seus grandes objetivos promover a ideia de que cada uma de nossas crianças precisa de um ambiente familiar para se desenvolver de forma plena e que, com o suporte das famílias acolhedoras, isso será possível para todas elas.

Por fim, ao colocar o acolhimento familiar como foco principal desta pesquisa internacional, existe a chance de, cada vez mais, fortalecer essa política pública, tornando-a mais potente e presente na realidade do nosso país. Acreditamos que nós podemos fazer a diferença na vida das crianças, seja apenas de uma, dez ou até mais.

Texto em colaboração com a equipe do EI-3 Project, Santá Fé & Lalec.

Saiba mais:

www.santafe.org.br/programa-familia-acolhedora/

www.lalec.com.br/familia-acolhedora

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