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O afeto e a pesquisa podem se unir?
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O afeto e a pesquisa podem se unir?

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23/05/2024
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Você sabia que os primeiros mil dias de vida, da concepção até os 2 anos de idade, é um período crucial para o desenvolvimento humano? Esse tempo é conhecido como janela de oportunidade, onde o bebê começará a tatear o mundo, descobrindo a cada instante uma coisa nova sobre como é viver. Neste momento, é importante que exista um ambiente seguro, cheio de afeto e carinho, que permita ao pequenino(a) vivenciar essas novas experiências, por meio de vínculos saudáveis, sabendo que alguém ali zela por ele(a).

Durante os anos 2000, um projeto internacional estudou o desenvolvimento infantil com crianças que estavam vivendo em instituições durante a primeira infância. Conhecido como “Órfãos da Romênia“, o Projeto de Intervenção Precoce de Bucareste (BEIP) reuniu professores de renomadas universidades dos Estados Unidos para estudar a diferença no desenvolvimento de crianças que estavam em abrigos de situação bastante precária e de crianças que foram recebidas em casas de famílias voluntárias, as chamadas Famílias Acolhedoras. Com esse estudo, após anos de coleta de dados, foi possível perceber que a cada um ano institucionalizada em um abrigo, a criança perde quatro meses do seu desenvolvimento, enquanto aquelas que estavam em famílias acolhedoras tiveram um desenvolvimento próximo ao de crianças que nunca foram acolhidas, conforme os dados abaixo:

Pensando nisso, em 2022, foi lançado no Brasil o Projeto EI-3: Impactos de Intervenções sobre a Institucionalização Precoce, realizado pelos mesmos pesquisadores do BEIP ao lado de instituições brasileiras (Instituto PENSI, Instituto Fazendo História e a Associação Beneficente Santa Fé), junto ao Ministério Público e quatro Varas da Infância e Juventude do município de São Paulo. Com essa grande potência de parceiros, o Projeto EI-3 – que será uma extensão do BEIP – tem como objetivo avaliar e comparar diversos aspectos do desenvolvimento global de mais de 300 bebês de 0 a 2 anos. Eles serão divididos em três grupos:

  • Bebês em acolhimento institucional aprimorado (abrigos);
  • Bebês em acolhimento familiar aprimorado (famílias acolhedoras);
  • Grupo controle daqueles que nunca foram acolhidos.

A “Associação Beneficente Santa Fé” e a “Lar Amor Luz e Esperança da Criança – LALEC” são as responsáveis por desenvolverem o Programa de Acolhimento, captando e formando famílias voluntárias para participar dessa jornada, sendo as principais cuidadoras desses bebês. Desta forma, é importante que exista uma grande participação e mobilização de pessoas que tenham disponibilidade afetiva e de tempo, para se tornarem Famílias Acolhedoras.

Hoje, temos mais de 31 mil crianças em situação de vulnerabilidade e risco no Brasil, que foram, por algum motivo, afastadas do convívio com suas famílias e estão em serviços de acolhimento, sendo que apenas 5% delas estão com famílias acolhedoras. Um provérbio africano diz: “é preciso uma aldeia inteira para educar uma criança”. Partindo deste princípio, o Projeto EI-3 tem como um de seus grandes objetivos promover a ideia de que cada uma de nossas crianças precisa de um ambiente familiar para se desenvolver de forma plena e que, com o suporte das famílias acolhedoras, isso será possível para todas elas.

Por fim, ao colocar o acolhimento familiar como foco principal desta pesquisa internacional, existe a chance de, cada vez mais, fortalecer essa política pública, tornando-a mais potente e presente na realidade do nosso país. Acreditamos que nós podemos fazer a diferença na vida das crianças, seja apenas de uma, dez ou até mais.

Texto em colaboração com a equipe do EI-3 Project, Santá Fé & Lalec.

Saiba mais:

www.santafe.org.br/programa-familia-acolhedora/

www.lalec.com.br/familia-acolhedora

Laura Rojas Vidaurreta

Laura Rojas Vidaurreta

É psicóloga, doutora em Pedagogia e doutoranda em Psicologia Clínica e Cultura pela UnB-Brasília. Gerente do projeto Early Institutionalization Intervention Impact Project (EI-3) do Instituto PENSI em parceria com Boston Children's Hospital (BCH).

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