No hospital, a criança, usualmente, ocupa duas funções. De um lado, está lá como um filho, acompanhada pelos pais ou pelo responsável por sua internação. De outro, está lá como um paciente, que precisa de algum cuidado médico ou hospitalar. Pensar ou interagir com uma criança nestas duas condições é diferente. Um filho, não importa onde, é sempre um filho e, sobretudo, quando pequeno, demanda cuidado e proteção de seus pais.
Contudo, no contexto hospitalar, essa situação é agravada pela preocupação com os motivos que os levaram a trazer a criança para o hospital e pelo desejo sincero da recuperação, o mais rápido e o melhor possível. Seu filho foi ao hospital apenas para tomar uma vacina? Para verificar a causa de uma febre ou indisposição? Por uma doença ou infecção? Um paciente, não importa filho de quem, é sempre um paciente e requer dos profissionais de saúde o melhor cuidado e intervenção que possam fazer.
Para eles, todos são iguais, e o desafio é sempre o mesmo: observar, diagnosticar, tratar, prevenir e restaurar a saúde e o bem-estar da criança. Entre uma criança e um filho, há sempre um pai, mãe ou responsável; entre uma criança e um paciente, há sempre os profissionais da saúde e o hospital ao seu serviço, da forma mais humana, ética e benéfica possível. Mas nos falta comentar sobre um terceiro elemento relativo ao triângulo composto pelos pais ou responsáveis, de um lado, e pelos profissionais da saúde, de outro.
Este terceiro elemento é realizado pelos voluntários ou por todos aqueles que cuidam da criança, no hospital, nos tempos em que ela está lá, mas não está sendo atendida diretamente pelos profissionais da saúde.
Explico: no tempo hospitalar, há intervalos em que a criança não é nem filho, nem paciente, mas alguém que está lá à espera do próximo tratamento ou que, pacientemente, aguarda o término de uma aplicação de soro, por exemplo. São nestes tempos livres no hospital que atuam os voluntários ou brinquedistas, com palhaçadas, brincadeiras, contação de histórias, músicas e mágicas. Eles completam, de forma humana e graciosa, o trabalho ou o cuidado realizado pelos outros dois lados: os pais e os profissionais da saúde.
Que bom quando uma criança, além de filho ou de paciente, pode ser apenas uma criança! Que bom quando diferentes adultos, com diferentes responsabilidades e interesses, podem estar a serviço do bem-estar e da saúde de uma criança, não importa se filho ou paciente!
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Atualizado em 21 de maio de 2024