Crescer pode ser dolorido emocionalmente. A síndrome de Peter Pan é conhecida, mas fisicamente nada foi comprovado. Mesmo assim os médicos ainda falam em dor do crescimento. Para o ortopedista pediátrico Wilson Lino Jr., do Hospital Infantil Sabará, o termo correto seria dor dos membros (dor nas pernas), já que não podemos afirmar com certeza que o desenvolvimento de ossos e músculos seja dolorido.
A dor do crescimento, que acomete crianças entre 3 e 12 anos, se caracteriza por queixas de dores na perna (coxas, panturrilhas e joelhos) à noite ou durante a madrugada. Como não vem acompanhada de inchaço ou vermelhidão, lembra o pediatra, costuma preocupar os pais.
“Temos algumas hipóteses para explicá-la, mas ainda não sabemos a verdadeira causa. Entre elas, podemos citar falta de vitamina D, fadiga muscular, desequilíbrio entre o desenvolvimento dos ossos, tendões e músculos e/ou pés planos, comuns na infância, afinal não nascemos com os arcos plantares definidos”, esclarece o especialista.
Leia também: Dor no pé dos pequenos atletas
Características da dor do crescimento nas crianças
Na maioria dos casos, salienta o pediatra, a dor tem caráter benigno, ou seja, não representa algo sério. De acordo com o pediatra, o diagnóstico é feito por meio de exclusão de doenças reumatológicas (artrite, reumatismo) ou ortopédicas (má formação óssea, tumor).
Se os pais tiveram a dor quando pequenos, as chances de os filhos passarem pelo transtorno são grandes. Como pode surgir à noite, costuma acordar os pequenos. “Massagens com movimentos suaves e calor na região aliviam o desconforto. Caso esteja prejudicando o sono e a escola no dia seguinte, pode-se recorrer a analgésicos, ministrados sempre com orientação médica”, afirma.
Embora não haja estatísticas, a dor do crescimento (principalmente nas pernas) é mais comum do que se pensa. Alguns pais podem achar que se trata de manha das crianças que não querem dormir, mas a sensação de dor é real.
Segundo o ortopedista do Hospital Infantil Sabará, ao contrário do senso comum, crianças com esse tipo de sintoma não devem fazer repouso absoluto por causa da dor. Pelo contrário. “Os exercícios físicos, com moderação e orientação, são importantes para o desenvolvimento físico e psicológico das crianças. Além disso, ajudam a controlar o incômodo”, alerta o especialista.
Atualizado em 31 de janeiro de 2024