A quarentena mexe com todos, mas pode interferir mais com os adolescentes e jovens adultos, afinal eles não estão acostumados a lidar com limites, com imposições tão rigorosas e com tanta falta de prazer como a pandemia está impingindo a todos nós. Num webinar sobre desenvolvimento na infância e o impacto da pandemia, fomos questionados sobre o impacto na adolescência, o que me fez escrever este texto, que é baseado em orientações da Academia Americana de Pediatria.
Estresse, medo e incerteza criados pela pandemia da Covid-19 podem desgastar qualquer pessoa, mas os adolescentes podem achar especialmente difícil de lidar emocionalmente. Sentir-se deprimido, sem esperança, ansioso ou com raiva durante a pandemia da Covid-19 pode ser um sinal de que um adolescente precisa de mais apoio durante esse período difícil.
A procura de serviço psicológico pode ser importante. Neste período, as teleconsultas, mesmo de saúde mental, podem ser uma solução. Os pediatras podem rastrear a depressão e perguntar a adolescentes e familiares sobre outras preocupações, como ansiedade ou problemas para lidar com o estresse. Para os pais, o Sabará Hospital Infantil recomenda:
- Converse com o adolescente, respeitando seu tempo e seu espaço. Se ele não quiser falar, talvez você possa criar empatia falando de seus medos e angústias. Observe os sinais de problemas de saúde mental. Lembre-se de que esses sinais não são os mesmos para todos (veja abaixo os sinais de alerta).
- Ofereça privacidade ao adolescente para conversar com o pediatra, se você marcar uma visita, para garantir que ele tenha a chance de falar o mais abertamente possível.
- Dê o tom da conversa, tentando permanecer positivo e transmitindo mensagens consistentes de que um futuro melhor está por vir. Mantenha as linhas de comunicação abertas.
Os sinais de alerta de que um adolescente pode precisar de mais apoio são:
- Mudanças de humor que não são usuais para o seu filho, como irritabilidade contínua, sentimentos de desesperança ou raiva e conflitos frequentes com amigos e familiares.
- Mudanças de comportamento, como afastar-se dos relacionamentos pessoais.
- Falta de interesse em atividades anteriormente apreciadas.
- Dificuldade em adormecer ou dormir o tempo todo.
- Alterações no peso ou nos padrões alimentares, como nunca sentir fome ou comer o tempo todo.
- Problemas com memória, pensamento ou concentração.
- Mudanças na aparência, como falta de higiene pessoal básica.
- Um aumento de comportamentos arriscados ou imprudentes, como usar drogas ou álcool.
- Pensamentos sobre morte ou suicídio, ou falar sobre isso.
Embora nem todo mundo que fala sobre suicídio atue com suas palavras, qualquer conversa sobre suicídio deve ser levada a sério. Se você estiver preocupado, é essencial tornar sua casa segura, removendo armas e munições da casa e protegendo os medicamentos em um armário trancado.
A qualquer sinal de alerta você deve procurar seu pediatra ou um serviço médico para uma avaliação.
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Atualizado em 4 de fevereiro de 2025