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Em tempos em que desastres ambientais e humanitários passaram a ser parte do nosso dia a dia e que crianças com necessidades especiais de saúde também são cada vez mais frequentes na nossa sociedade, os pediatras podem ser estratégicos na forma como se comunicam com as famílias. Os pais conhecem melhor seus filhos e podem se beneficiar muito da ajuda do pediatra com o planejamento prévio de uma emergência ou desastre. O ideal é começar as conversas com as famílias sobre potenciais desastres em sua área e identificar o que cada criança precisaria para lidar com o desastre com segurança. Pesquisas mostram que pediatras que levantam o assunto de ‘planejamento de desastres’ com as famílias podem obter resultados. Famílias que conversaram com o pediatra de seus filhos eram muito mais propensas a tomarem medidas para se prepararem para um desastre. As famílias podem não estar familiarizadas com o planejamento de preparação ou podem não considerá-lo uma prioridade. Se nunca passaram por uma situação de desastre, não saberão o que considerar. Mesmo que as famílias pareçam relutantes em seguir em frente, os pediatras podem ajudá-las a entender o que é importante e, com um pouco de orientação, elas podem agir. Nós, da Fundação José Luiz Egydio Setúbal, com os pediatras do Sabará Hospital Infantil, estamos incentivando aos pediatras o desenvolvimento de planos de preparação por escrito juntamente com as famílias de seus pacientes com necessidades especiais. Pedimos às famílias que considerem as etapas importantes no processo de planejamento, conforme modelo preconizado pela Academia Americana de Pediatria. O pediatra pode começar conversando com as famílias sobre seu processo de planejamento atual. Algumas famílias podem não ter recursos para lidar com certas tarefas de planejamento ou podem não ter condições de pagar por elas. O pediatra pode tentar direcioná-las a grupos comunitários ou estaduais que podem ajudar. O pediatra ainda deve reforçar a necessidade de cada família ter um kit de suprimentos para desastres. Certos componentes do kit podem ser particularmente importantes para cada criança. É relevante discutir itens que os pacientes podem precisar, como: Medicamentos: obter suprimentos necessários, como medicamentos, pode se tornar uma questão crítica em um desastre. É importante considerar os tipos de medicamentos (relacionados à asma e outros) e suprimentos (por exemplo, um inalador) que uma criança pode precisar inesperadamente. É possível fazer um brainstorming com cada família, dependendo das opções de plano de saúde e necessidades atuais, ajudando a identificar quais medicamentos podem ser armazenados por períodos mais longos e a elaborar um plano para a família obter os medicamentos que não podem ser adquiridos com antecedência e serem armazenados. Fonte de energia: a criança precisa de uma fonte de energia para equipamentos médicos ou de refrigeração para suprimentos especiais ou alimentos? Alimentos e suprimentos: a criança tem alergias? Há necessidade de alimentos especiais, comida para bebês, fórmula, mamadeiras ou uma bomba tira-leite com baterias extras? Há um copo ou prato especial que a criança “precisa” ter para se sentir confortável comendo? Planeje com antecedência para lidar com essas situações. Transporte: a criança precisará de planos alternativos para ir de um lugar para outro (por exemplo, cadeira de rodas manual, cadeira de escada ou escorregador)? Considere se um veículo especial será necessário. É importante o pediatra reconhecer que, embora algumas famílias não tenham condições de comprar um kit completo imediatamente, este ainda é um bom lugar prático para começar o processo de planejamento. Emergências ou desastres são difíceis para as famílias, mas para aquelas famílias cujos filhos têm necessidades especiais de saúde, a capacidade de gerenciar ou lidar pode ser ainda mais desafiadora. Famílias de crianças com necessidades complexas geralmente se concentram em atender às necessidades do dia a dia de seus filhos. É importante que elas considerem as necessidades de seus filhos em um desastre ou emergência. O pediatra pode oferecer sugestões sobre como podem começar ou quais ações são prioritárias para tomarem primeiro. Recorrer a um abrigo é necessário em certas emergências ou desastres. Instalações de abrigo em massa nem sempre estão disponíveis, pois a maioria delas é montada após a ocorrência de um desastre. Alguns abrigos têm acomodações para crianças (e animais de estimação), enquanto outros não. Certos abrigos são montados para indivíduos com necessidades especiais. Depois de saber sobre opções realistas, é importante discutir com antecedência possíveis soluções para abrigo com as famílias. É importante ainda entrar em contato com os Serviços Médicos de Emergência e outros socorristas com antecedência para notificá-los se a criança tiver necessidade especial de equipamento que exija eletricidade. Como diferentes regiões podem utilizar diferentes abordagens, é essencial determinar quais recursos estão disponíveis e como as famílias podem acessá-los, especialmente se for necessária hospitalização ou transporte. Também é essencial evitar que as crianças com necessidade especial sejam expostas a situações em que possam se tornar ainda mais vulneráveis. É fundamental que crianças com condições médicas crônicas, como asma, diabetes mellitus, doença cardíaca hemodinamicamente significativa, imunossupressão ou distúrbios neurológicos e de neurodesenvolvimento, recebam a vacina contra a gripe sazonal assim que estiver disponível e tenham um plano em vigor para que possam ser tratadas precocemente se desenvolverem doenças semelhantes à gripe. Fonte: Academia Americana de Pediatria Saiba mais:

Atualizado em 23 de maio de 2025

Preparação para desastres para crianças com necessidades especiais de saúde

Dr. José Luiz Setúbal

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