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Desde que li o livro “Longe da Árvore”, de Andrew Solomon, que trata sobre pessoas com as mais diversas formas de deficiências, me deparo com a controvérsia do ensino da linguagem dos sinais para pessoas com deficiência auditiva.
A explicação abaixo das professoras Eucia Beatriz Lopes Petean e Camila Dellatorre Borges pode ser instrutiva:
“O déficit auditivo constitui-se em um fator importante, pois acarreta problemas que vão além do comprometimento de fala, percebendo-se atrasos no desenvolvimento cognitivo e social. Entretanto, de acordo com Santoro (1996), a surdez, mesmo afetando algumas experiências de vida, não limita a inteligência, a capacidade emocional ou o desenvolvimento e maturação normais. A autora salienta que a literatura se encontra repleta de pesquisas apontando um atraso acadêmico, mas pondera que este pode decorrer não da capacidade intelectual do aluno, porém do seu desempenho linguístico. Desse modo, observa-se que o desenvolvimento de uma criança surda é influenciado pelo acesso que possui aos meios pelos quais aprende a linguagem, seja ela falada ou não.
Por outro lado, a questão de comunicação para a criança surda tem sido ponto de controvérsia entre profissionais e pesquisadores, que se acham divididos em oralistas, que acreditam que independente do grau de déficit auditivo o surdo deve ser levado a falar e a desenvolver competência linguística oral e assim ser integrado ao mundo dos ouvintes e os bilinguistas que enfatizam a importância da comunicação seja ela oral ou não. ”
Já um estudo publicado em julho de 2017 na revista Pediatrics analisa o impacto que a exposição à linguagem de sinais precoce teve em crianças que receberam implantes cocleares.
O estudo “Exposição de linguagem de sinais precoce e benefícios de implantação coclear” utilizou dados de uma base de dados nacional americana para documentar habilidades verbais em crianças com implantes cocleares que diferiram na quantidade e duração da exposição precoce em linguagem de sinais em suas casas ou em programas de intervenção.
Os pesquisadores descobriram que mais de 70% das crianças sem linguagem gestual apresentaram linguagem falada semelhante aos seus companheiros de idade com audição normal, em comparação com apenas 39% das pessoas expostas ao sinal durante três ou mais anos. Crianças cujas famílias usaram linguagem falada exclusivamente também tiveram melhores habilidades de reconhecimento de fala e fala mais inteligível após três anos de uso de implantes. Eles também demonstraram uma vantagem estatisticamente significativa na linguagem falada e na leitura perto do final do ensino fundamental em relação às crianças expostas à linguagem de sinais.
As crianças cujos pais usavam linguagem de sinais eram significativamente mais propensas do que as crianças de pais que não a usavam a apresentarem atrasos na linguagem falada nas séries elementares e a ficarem atrás das crianças da mesma idade na compreensão de leitura no final do ensino médio.
Os autores concluem que, neste estudo, a exposição precoce à linguagem de sinais não aumentou a linguagem oral ou as habilidades de leitura.
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Fonte:
Pediatrics June 2017
“Early Sign Language Exposure and Cochlear Implantation Benefits”
Ann E. Geers, Christine M. Mitchell, Andrea Warner-Czyz, Nae-Yuh Wang, Laurie S. Eisenberg, the CDaCI Investigative Team
“Opportunities and Shared Decision-Making to Help Children Who Are Deaf to Communicate”
Karl R. White , Louis Z. Cooper
“Deficiência auditiva: escolarização e aprendizagem de língua de sinais na opinião das mães”
Eucia Beatriz Lopes PeteanI; Camila Dellatorre Borges
As informações contidas neste site não devem ser usadas como um substituto para o cuidado médico e orientação de seu pediatra. Pode haver variações no tratamento que o pediatra pode recomendar com base em fatos e circunstâncias individuais.
Atualizado em 25 de outubro de 2024