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Uso de opioide e suicídio em jovens
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Uso de opioide e suicídio em jovens

Uso de opioide e suicídio em jovens

23/02/2022
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O uso de opioide (medicação potente para dor em ambiente hospitalar com efeitos similares aos da morfina) em pediatria no Brasil não é um problema como relatado em muitos países da Europa e sobretudo da América do Norte, principalmente os Estados Unidos. De qualquer maneira, é um problema que preocupa os médicos e a saúde pública em escala mundial.

Outro assunto que preocupa muito os pais de adolescentes é o suicídio, que também não se mostra um problema maior no Brasil como é, principalmente, em países da Ásia e alguns do norte da Europa.

Um novo estudo mostra que opioides estão envolvidos em uma proporção crescente de mortes por suicídio. Este estudo examinou a associação entre o início da prescrição de analgésicos opioides e o comportamento suicida entre os jovens suecos.

Aqueles que receberam prescrição de opioides tiveram um risco 19% maior de comportamento suicida em comparação aos que tiveram anti-inflamatório normal (AINEs) prescritos. O estudo, “Initiation of Opioid Prescription and Risk of Suicidal Behavior among Youth and Young Adults,”, publicado na edição de março de 2022 da revista Pediatrics, usou dados nacionais suecos sobre suicídio e outras automutilações diagnosticadas clinicamente para examinar uma lacuna na compreensão dos efeitos adversos da prescrição de analgésicos opioides para jovens e adultos jovens.

Os autores observam que, embora essa associação tenha sido estatisticamente significativa, ela foi pequena, correspondendo a três iniciadores de opioides adicionais por 1.000 experimentando comportamento suicida em cinco anos.

A iniciação com opioides pode dar apenas uma pequena contribuição para o risco elevado de comportamento suicida entre os jovens que recebem tratamento farmacológico da dor. Ao pesar os benefícios e os danos da iniciação com opioides, nossos resultados sugerem que o aumento do risco de comportamento suicida pode não ser uma grande preocupação.

Das mais de quatro milhões de internações hospitalares em 31 hospitais infantis diferentes durante o período de 2004 a 2015 nos EUA, cerca de 3.650 pacientes foram admitidos por condições relacionadas a opioides. Destes, 37% dos pacientes jovens necessitaram de ventilação mecânica e 20% necessitaram de medicamentos vasopressores, que são usados ​​para tratar a pressão arterial severamente baixa causada por narcóticos. Entre os pacientes entre um e cinco anos, a metadona representou quase 20% dos opioides ingeridos.

É mais um estudo que sugere um risco aumentado para crianças pequenas quando os pais ou membros da família estão sendo tratados por seu próprio vício de opioides ou usando a própria metadona. Eles exigem esforços maiores para reduzir a exposição evitável aos opiáceos às crianças. O Brasil está entre os países com as menores taxas de prescrição de opioides do mundo. O país tem consumo de 7,8mg de opioides por pessoa ao ano. A taxa ideal seria de 192,9mg ao ano por pessoa, ou seja, quase 25 vezes menos. Se isso pode parecer bom, é visto, principalmente em pacientes terminais ou com doenças graves, que não estamos tratando adequadamente as dores destas pessoas.

Precisamos de protocolos para tratamento de dor para que possamos medicar adequadamente nossas crianças. No Sabará Hospital Infantil, temos esses protocolos e eles são monitorados por um grupo específico de Dor, onde os casos são discutidos por equipes multidisciplinares e acompanhados pelo grupo. Isso faz parte do treinamento habitual de nossos profissionais de saúde.

Fonte:

Saiba mais:

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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