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Celular nas escolas

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21/11/2024
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Indo de acordo com boa parte do mundo, os deputados de São Paulo aprovaram uma lei proibindo o uso de celulares nas escolas públicas e privadas do estado. Segundo a agência da ONU, vários países adotaram políticas de restrição, entre eles França, Estados Unidos, Finlândia, Itália, Espanha, Portugal, Holanda, Canadá, Suíça e México.

A lei restringe o uso inclusive durante os intervalos entre as aulas, mas teve o cuidado de não proibir completamente os aparelhos, o que seria absurdo. O projeto faz as devidas ressalvas ao uso da tecnologia com objetivos exclusivamente pedagógicos, de resto uma imposição da realidade de um mundo em ininterrupta transformação digital, e ao suporte que os celulares podem oferecer a determinados alunos que dependem do aparelho para o seu bem-estar.

Trata-se de um passo fundamental para devolver aos professores a atenção de seus alunos em sala de aula, e conter os danos à saúde mental de crianças e adolescentes causados pela alta exposição às telas. De fato, à luz de não poucas pesquisas acadêmicas em variadas áreas do conhecimento, brotam as evidências dos males causados às crianças e adolescentes, sobretudo às primeiras, pelo uso incessante dos celulares.

De acordo com a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura Unesco, o uso excessivo de telefones celulares impacta o aprendizado. Especialistas defendem que haja fronteiras permeáveis entre educação formal e informal.  O benefício seria a possibilidade de transitar entre as diversas trajetórias educacionais e laborais.  O levantamento sobre tecnologia na educação pede aos países a considerarem, cuidadosamente, seu uso nas escolas. No “Relatório de monitoramento global da educação, resumo, 2023: a tecnologia na educação: uma ferramenta a serviço de quem?”, a Unesco enfatiza a necessidade de uma “visão centrada no ser humano”. Para a agência da ONU, a tecnologia digital deve ser utilizada como uma ferramenta e não para substituir a interação humana.

O uso de smartphones e tablets com acesso sem limites às telas é uma preocupação crescente entre os profissionais de saúde, e é alertado há alguns anos pelas sociedades médicas de pediatria como a Sociedade Brasileira, as Academias Americana e Europeia e pelos profissionais de saúde mental, e isso pode ser visto não só em trabalhos científicos, mas também em publicações. No livro “Geração Ansiosa” do psicólogo social americano Jonathan Haidt, é mostrado o aumento significativo de doenças mentais, como ansiedade, depressão, tentativas de suicídios e TDAH entre jovens crianças a partir de 2010, com a introdução do smartphone na vida das pessoas.

A tecnologia veio para ficar e seu uso será cada vez mais intenso, cabe a nós pais, educadores, profissionais da saúde e sociedade impor os limites que nossas crianças e jovens devem ter diante dessa tecnologia, sem que faça mal para a saúde individual e coletiva.

Afinal, 15 anos de uso é muito pouco tempo para avaliar as consequências e danos que podem ter havido, por isso devemos estar atentos às novas pesquisas e informações que aparecerem para tomarmos as decisões de que caminhos deveremos seguir.

Por enquanto a ALESP (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo), aparenta estar no caminho correto com sua lei pioneira no Brasil, cabe agora às escolas e aos pais ajudarem para que a lei seja aplicada.

Fontes:

https://www.estadao.com.br/opiniao/alesp-na-direcao-correta/

https://news.un.org/pt/story/2023/07/1818137

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Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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