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Colesterol alto hereditário em crianças: o que as famílias precisam saber
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Colesterol alto hereditário em crianças: o que as famílias precisam saber

Colesterol alto hereditário em crianças: o que as famílias precisam saber

08/11/2024
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Muitos pais pensam no colesterol como um problema de saúde que afeta apenas adultos. Mas, você sabia que cerca de 1 em 250 crianças tem altos níveis de colesterol que não estão relacionados à dieta, exercícios ou estilo de vida?

Pois é! Essas crianças têm uma condição genética chamada hipercolesterolemia familiar ou HF. Mesmo que comam de forma saudável e vivam uma vida ativa, elas correm o risco de doença cardíaca precoce.

Veja o que você precisa saber sobre a HF, especialmente a forma mais grave dessa condição, que pode ser fatal para crianças e adolescentes.

O colesterol é uma substância semelhante à gordura, encontrada normalmente em todas as células do nosso corpo. O fígado produz colesterol para manter nossas células funcionando sem problemas, além de auxiliar na produção de hormônios e vitaminas essenciais para uma boa saúde contínua.

Quando comemos produtos de origem animal, como laticínios, ovos ou carne, ingerimos colesterol extra. Na maioria dos casos, nossos corpos podem remover o que não precisamos, mas para pessoas com HF, uma mutação no código genético atrapalha esse processo. Como resultado, o colesterol LDL (frequentemente chamado de colesterol “ruim”) se acumula nas artérias desde o nascimento. Esse acúmulo, chamado de placa, pode levar a um entupimento desses vasos sanguíneos e, como consequência, a ataques cardíacos e derrames durante a vida.

Se esta é a primeira vez que você ouve falar de HF, você não está sozinho(a). Milhões de pessoas no mundo vivem com essa condição, mas apenas 30% sabem que a têm. Existem duas formas, e elas são diferenciadas com base na maneira como a mutação do gene FH é transmitida dos pais para os filhos.

A forma mais comum é conhecida como HF heterozigótica (HFHe), e acontece quando a criança herda uma cópia anormal do gene FH de um dos pais biológicos. Quando ela herda de ambos os pais, a condição é conhecida como FH homozigótica (FHHo), que é rara, e precisa de tratamento imediato. Por mais assustador que tudo isso possa parecer, há boas notícias: identificar e tratar a FH precocemente pode reduzir os riscos de doença arterial coronária em até 80%.

O processo começa com o conhecimento do histórico de saúde da família, por isso é importante contar ao pediatra se um dos pais ou avós da criança sofreu ataques cardíacos precoces (antes dos 55 anos). Com base nesse histórico, o médico pode decidir o quão cedo testar os níveis de colesterol. Quando não há riscos familiares presentes, a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda o rastreamento do colesterol entre 9 e 12 anos. Mas, quando há uma chance de problemas cardíacos hereditários, o rastreamento começa já a partir dos 2 anos.

Existem possíveis sinais de colesterol alto em crianças que os pais podem notar, como depósitos de colesterol amarelados (xantomas) nos cotovelos, pernas, tornozelos, nádegas ou dedos ou podem estar perto dos cantos dos olhos (xantelasmas). Se você observar esses sinais, informe seu pediatra imediatamente.

Se os testes sugerirem que seu filho(a) tem essa condição, lembre-se de que você não fez nada para causar isso. Ter o gene FH não reflete em sua dieta, seu nível de condicionamento físico ou qualquer outro fator de risco que você possa controlar. Manter isso em mente pode ajudar você a seguir em frente com um plano de tratamento para seu filho(a) – e triagem para o resto de sua família.

Graças à pesquisa e desenvolvimento contínuos, há muitas maneiras de reduzir os níveis de colesterol LDL em crianças e adultos. Existem vários medicamentos para crianças, e mais estão em desenvolvimento, assim, a equipe médica terá várias ferramentas para trabalhar no tratamento da HoFH.

O plano de cuidados pode incluir:

  • Estatinas ou medicamentos que reduzem a quantidade de colesterol produzido pelo fígado, ao mesmo tempo em que ajudam o fígado a remover o colesterol que já está na corrente sanguínea.
  • Medicamentos não estatinas que atuam no fígado, no intestino delgado e em vias químicas específicas para reduzir o colesterol LDL.
  • Aférese de lipoproteína, um procedimento que remove o colesterol LDL do sangue a cada semana.
  • Junto com a medicação, ter uma dieta saudável para o coração, manter-se ativo(a) e evitar o tabaco será importante durante toda a vida. Um nutricionista pode se juntar à equipe de cuidados para oferecer orientação e sugestões de refeições e lanches nutritivos que sua família irá gostar.

Quaisquer que sejam os passos que a equipe médica recomendar, você também precisará de apoio. Tenha em mente que começar uma nova rotina de saúde pode criar estresse que afeta o bem-estar mental de todos.

Não hesite em pedir ajuda à equipe de saúde se tiver dificuldade em fazer seu filho(a) tomar os remédios ou se acomodar no plano de tratamento. Focar em fundamentos familiares, como sono saudável, refeições regulares e tempo livre com amigos, ajudará todos vocês a manter um bom equilíbrio.

Torne uma prioridade fazer o rastreio nas crianças e compartilhe a notícia do diagnóstico com outros membros da família. Quando as pessoas com FH tratam o colesterol LDL alto no início da vida, seus riscos podem cair para os mesmos níveis da população em geral — uma meta saudável que vale a pena perseguir.

Fontes:

https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/doencas/colesterol-aumentado-em-criancas/

Academia Americana de Pediatria Seção de Cardiologia e Cirurgia Cardíaca (Copyright © 2024)

Saiba mais:

https://institutopensi.org.br/colesterol-em-crianca-e-adolescente-tambem-e-motivo-de-preocupacao/

https://institutopensi.org.br/os-niveis-de-colesterol-em-criancas-e-adolescentes/

https://institutopensi.org.br/o-risco-do-colesterol-elevado-na-infancia-e-adolescencia/

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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