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A fome oculta das nossas crianças
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A fome oculta das nossas crianças

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03/04/2017
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Apesar do nome não representar adequadamente a importância para a saúde, a fome oculta, ou a deficiência não facilmente diagnosticada de vitaminas e minerais, é um problema que afeta uma em cada 4 crianças de todo o mundo.

Um estudo realizado por nosso grupo em cidades brasileiras, avaliando creches públicas e privadas de todo o país, o Nutri Brasil Infância I, mostrou que um terço dos pré-escolares estava com excesso de peso. No entanto, quando avaliamos o que comiam, verificamos que a quase totalidade das crianças apresentavam ingestão deficiente de vitaminas A, C, D e E, além de cálcio e ferro de boa disponibilidade. Dá para entender este problema quando vemos que estamos ingerindo pouquíssimas frutas, verduras e legumes. Além disto, verificamos que a partir do quarto ano de vida, o consumo de lácteos (leite e derivados), está cada vez menor e isto pode afetar o crescimento, o desenvolvimento dentário e, no futuro, determinar a osteoporose.

As principais consequências da ingestão inadequada de vitaminas e minerais são repercussões no crescimento e desenvolvimento. O peso pode estar baixo ou elevado, havendo tanto desnutrição, velocidade diminuída do ritmo de crescimento e até obesidade. Quando a criança predisposta geneticamente come de forma excessiva ou tem alimentação inadequada, e tem baixa atividade física, pode apresentar excesso de peso e obesidade.

A anemia atinge hoje de 20 a 50% das crianças brasileiras, dependendo da região, e pode afetar o apetite, a disposição física, e especialmente alterar o que chamamos de processos cognitivos, como a memória, inteligência, capacidade de abstração e aprendizado. Em crianças pouco estimuladas e de baixo nível social e econômico, pode levar a alterações intelectuais que são difíceis de serem revertidas. A deficiência de zinco, outro mineral importante, que está presente especialmente nas carnes e frutos do mar, pode levar a alterações do apetite, modificações no crescimento e também está relacionada a dificuldades no aprendizado.

A falta de vitaminas essenciais, presentes nas frutas e legumes principalmente, pode afetar o apetite, crescimento e nossa capacidade de defesa contra infecções.

Uma alimentação equilibrada e com quantidades corretas, é a prevenção contra estas carências. Infelizmente, após o primeiro ano de vida, ocorre muito frequentemente uma série de situações que levam a alterações do apetite e modificações da alimentação. A seletividade ou o não comer grupos importantes de alimentos leva a uma possível “fome oculta”.

A falta de energia, vitaminas e minerais que vem da dieta pode levar a diminuição importante do apetite e do ritmo de crescimento. A criança pode apresentar fadiga e algumas alterações de funções como problemas de visão, pele e cicatrização, e do sistema nervoso, como irritabilidade, alterações do humor e problemas escolares.

O Centro de Dificuldades Alimentares atende a crianças com alterações do apetite, crescimento, obesidade e dificuldades alimentares, com um enfoque multidisciplinar, com atendimentos simultâneos com pediatras, hebiatras (especialistas em adolescência), nutrólogos, nutricionistas, fonoaudiólogos e psicanalista. A prevenção das carências de nutrientes e a correta orientação nutricional pode representar a diferença para um adequado crescimento e desenvolvimento.

Leia também: Centro do Instituto PENSI é referência internacional no tratamento de dificuldades alimentares

Atualizado em 16 de outubro de 2024

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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