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Introdução Alimentar: construindo relações para a vida
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Introdução Alimentar: construindo relações para a vida

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16/07/2024
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Desde o início da vida, uma boa relação com a alimentação é o que garante ao bebê o seu crescimento e bem-estar. Comer com prazer e confiança é um aprendizado percorrido pela criança em um ritmo próprio, de acordo com seus desejos e motivação interna, e sempre a partir de uma aceitação confortável e prazerosa.

Ao nascer, o bebê já deu seu primeiro passo rumo à introdução alimentar quando recebeu o leite materno. Mesmo em bebês que não são amamentados, a oferta da fórmula infantil em mamadeira também tem um papel no aprendizado do comer. É ao se alimentar que o bebê estabelece suas primeiras relações de troca com o meio, conecta-se afetivamente com aquele que o alimenta, adquire e desenvolve autopercepção sobre bem-estar e conforto sempre que sua sensação de fome é correspondida. Ao ser responsivo às demandas do bebê, o ajudamos na regulação do seu organismo entre as sensações internas de fome e saciedade.

À medida que o bebê cresce, passa adquirir habilidades motoras e sensoriais cada vez mais especializadas, padrões integrados que deverão facilitar sua interação com os alimentos e ampliar suas possibilidades sobre o provar e o comer. Diversos são os fatores e aspectos relacionados ao seu desenvolvimento global que precisam estar em funcionamento integrado e acontecendo de maneira adequada.

Por este motivo, é ponto fundamental reconhecer que a introdução alimentar está além dos marcos de experiências guiadas e da oferta gradativa e progressiva de sabores e texturas. É preciso reconhecer que o bebê tem seu ritmo próprio de aprendizado para que seu caminho seja confortável, positivo e lhe proporcione cada vez mais novas descobertas e uma construção de percepções positivas em torno da alimentação.

Sabemos que existem diferentes abordagens de introdução alimentar e que descobrir qual é a mais indicada para o seu bebê pode ser difícil e não corresponder, de fato, às expectativas familiares quando colocadas em prática. Seja qual for a maneira escolhida de apresentação dos alimentos ao seu bebê, é fundamental estar atento às relações e trocas afetivas durante as refeições. Promover oportunidades para que o bebê se interesse pelo alimento devem sempre respeitar seu tempo e suas decisões sobre querer ou não se aproximar, interagir. Nenhum bebê precisa ser convencido de que o alimento é bom, ele saberá, na medida em que sente conforto, prazer e felicidade.

Bebês precisam ser apoiados em suas escolhas, na relação que decidem ter ao estar em contato com os alimentos. Permita autonomia, mas não o pressione para que ele segure com as mãos, goste do sabor, sinta o cheiro ou leve à boca se não quiser. Nossos hábitos, o legado trazido da nossa infância, o excesso de informações que buscamos nas redes sociais, o desejo pelo consumo de uma alimentação saudável e “ideal”, muitas vezes pressionam nossas crianças em suas percepções sobre fome, saciedade, apetite e desejo pelos alimentos.

Sabemos que proporcionar um ambiente e dinâmicas de alimentação com práticas responsivas, recíprocas aos desejos da criança, nem sempre é uma tarefa fácil, assim como promover exposição variada. Apresentações lúdicas nem sempre garantem o desejo de comer e uma boa relação com o momento da refeição.

Por isso, reduza a sua ansiedade. Permita que seu bebê vivencie o processo de introdução alimentar com tranquilidade, a seu tempo. Esteja presente para ajudá-lo a se conectar com o momento da refeição e apoiá-lo nas escolhas sobre o tipo de interação que ele gostaria de ter com os alimentos (vale pegar, olhar, lamber, cheirar, amassar, cuspir, brincar e levar à boca). Aceite o ‘não’. Observe e respeite os sinais de fome e saciedade. A colher não deve perseguir seu bebê e o prato não precisa ficar vazio sempre. Saiba que os utensílios podem ser facilitadores deste contato, pois despertam a curiosidade, desenvolvem a autonomia, auxiliam nas descobertas e experiências alimentares e diminuem sua preocupação ao ter que entrar diretamente em contato com os alimentos através das mãos.

Ofereça um ambiente organizado para o aprendizado alimentar que seja livre de pressão, isto fará com que seu bebê se sinta seguro, confiante e motivado a provar novos alimentos à medida que se desenvolve e adquire habilidades.

Fontes:

Johanna Cormack MA; Katja Rowell MD; Gianina-Ioana Post. Self-Determination Theory as a Theoretical Framework for a Responsive Approach to Child Feeding. J Nutr Educ Behav. 2020; 52:646−651.

Jenny McGlothlin, Katja Rowell. Helping Your Child with Extreme Picky Eating: A Step-by-Step Guide for Overcoming Selective Eating, Food Aversion, and Feeding Disorders (English Edition). 2015

Karina Rizzardo Sella

Karina Rizzardo Sella

Fonoaudióloga e pesquisadora do Centro de Excelência em Nutrição e Dificuldades Alimentares (CENDA) do Instituto PENSI. Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento e doutoranda em Ciências do Desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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