Instituto PENSI – Estudos Clínicos em Pediatria e Saúde Infantil

O menino Santo

Menino Santo

O menino Santo

No final de abril, eu estava em Roma por duas razões. A primeira, como católico, queria ir até lá no ano do Jubileu, chamado de “Peregrinos da Esperança”, para promover a renovação espiritual, o perdão e a reconciliação. A segunda razão seria assistir à cerimônia de canonização de Santo Carlo Acutis.

Com a morte do Papa Francisco, aos 88 anos, o Vaticano decidiu adiar a canonização de Carlo Acutis, que aconteceria no domingo, dia 27 de abril. O adolescente italiano, nascido em Londres, deve ser santificado em uma cerimônia na Praça São Pedro, embora o Vaticano ainda não tenha dado informações sobre quando o processo será retomado.

Considerado o primeiro Santo da geração millennial (pessoa nascida entre o início dos anos 1980 e o final dos anos 1990), Acutis era um adolescente ligado à tecnologia, que divulgava conteúdos cristãos na internet em um blog que criou para catalogar milagres e difundir sua fé. Morreu em 2006, aos 15 anos. Viveu pouco, cultivando uma fé extraordinária para sua idade.

Carlo cresceu em uma família rica – o pai italiano era financista de um banco inglês, o avô dono de uma grande seguradora no norte da Itália, mas não eram especialmente religiosos. Desde cedo, demonstrou uma grande habilidade com computadores e internet, utilizando-a para divulgar sua fé e criar um site que catalogava milagres eucarísticos.

Carlo era profundamente apaixonado pela Eucaristia e pela presença real de Jesus na hóstia, e utilizava a tecnologia para compartilhar essa beleza com outras pessoas.

Morreu de uma forma de leucemia fulminante em um hospital em Monza, aos 15 anos, em 2006, mas sua vida e seu trabalho continuaram a inspirar pessoas em todo o mundo. Foi beatificado em 2020, após o reconhecimento de um milagre por sua intercessão. E canonizado em 2025, menos de 20 anos após sua morte.

Carlo Acutis é considerado um modelo de santidade para jovens e para todos aqueles que buscam viver uma vida santa, mesmo em meio à correria do mundo moderno.

Em sua primeira homilia, o Papa Leão XIV faz a seguinte reflexão:

“Esta imagem fala-nos de um mundo que considera Jesus uma pessoa totalmente desprovida de importância, quando muito uma personagem curiosa, capaz de suscitar admiração com a sua maneira invulgar de falar e agir. Por isso, quando a sua presença se tornará incómoda, devido aos pedidos de honestidade e às exigências morais que solicita, este “mundo” não hesitará em rejeitá-lo e eliminá-lo.

Depois, há uma outra possível resposta à pergunta de Jesus: a das pessoas comuns. Para elas, o Nazareno não é um “charlatão”: é um homem justo, corajoso, que fala bem e que diz coisas certas, como outros grandes profetas da história de Israel. Por isso, seguem-no, pelo menos enquanto podem fazê-lo sem demasiados riscos ou inconvenientes. Porém, porque essas pessoas o consideram apenas um homem, no momento do perigo, durante a Paixão, também elas o abandonam e vão embora, desiludidas.

Impressiona a atualidade destas duas atitudes. Com efeito, elas encarnam ideias que poderíamos facilmente reencontrar – talvez expressas com uma linguagem diferente, mas essencialmente idênticas – nos lábios de muitos homens e mulheres do nosso tempo.

Ainda hoje não faltam contextos em que a fé cristã é considerada uma coisa absurda, para pessoas fracas e pouco inteligentes; contextos nos quais em vez dela se preferem outras seguranças, como a tecnologia, o dinheiro, o sucesso, o poder e o prazer.

São ambientes onde não é fácil testemunhar nem anunciar o Evangelho, e onde quem acredita se vê ridicularizado, contrastado, desprezado, ou, quando muito, suportado e digno de pena. No entanto, precisamente por isso, são lugares onde a missão se torna urgente, porque a falta de fé, muitas vezes, traz consigo dramas como a perda do sentido da vida, o esquecimento da misericórdia, a violação – sob as mais dramáticas formas – da dignidade da pessoa, a crise da família e tantas outras feridas das quais a nossa sociedade sofre, e não pouco.

Ainda hoje, não faltam contextos nos quais Jesus, embora apreciado como homem, é simplesmente reduzido a uma espécie de líder carismático ou super-homem, e isto não apenas entre os não crentes, mas também entre muitos batizados, que acabam por viver, a este nível, num ateísmo prático.”

Escrevo sobre um menino Santo porque ele representa a juventude que vi pelas ruas de Roma, que estava por lá para sua canonização, que não ocorreu, mas que circulavam com suas bandeiras cantando seus hinos e fazendo suas brincadeiras, expondo e transmitindo alegria.

Já escrevi sobre os Santos do século XX, que são pessoas que viveram em nosso tempo, agora temos um garoto do século XXI, que foi considerado Santo pela igreja Católica, talvez isso possa nos dar esperança de um mundo melhor, que, como o Papa diz, valorize menos a “tecnologia, o dinheiro, o sucesso e o prazer” e passe a se preocupar mais com o ser humano, a misericórdia, a paz e o planeta.

Que a PAZ e o AMOR estejam entre nós!

Fontes:

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Atualizado em 6 de junho de 2025

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