Instituto PENSI – Estudos Clínicos em Pediatria e Saúde Infantil

Quando se perde um animal de estimação

luto animal

Estou escrevendo esse artigo sob a tristeza da perda do Bento, um airdale terrier que vivia conosco desde a pandemia. Bento chegou em nossa casa junto com sua companheira Capitu, com cerca de 40 dias, vindo de um canil do Paraná que cria essa raça de cães de origem inglesa.

Depois de algum tempo em São Paulo, foram para uma casa na região de Itu onde tinham muito espaço para viver. Ali, durante esses 5 anos fez a alegria de quem pôde conviver com eles. Como um bom cão inglês, Bento, mantinha uma fleugma e um porte, mas adorava caçar lagartos, sapos e outros animais que trazia para nós como presentes. Muito diferente de sua companheira, Capitu, que é uma cadela espevitada e agitada, talvez influenciada pelo nome que lhe demos.

Infelizmente no dia primeiro de fevereiro, perdemos o Bento. No meio da tarde, ele veio se deitar perto de nós, em alguns minutos desfaleceu, entrando em choque e a noite vindo a falecer num hospital veterinário. Possivelmente foi picado ou mordido por algum animal peçonhento.

Já contei aqui no blog a história do falecimento de Schrödinger, o gato do meu neto David, e como ele viveu o luto. Também falei sobre a importância que um animal de estimação pode ter na vida de uma criança. Volto ao assunto por várias razões, além do meu luto pelo Bento, que foi o gatilho para o tema, outro dia conversando sobre as possíveis causas de eu ter escolhido fazer medicina, contei a história de uma cadela que eu tinha quando era pré-adolescente.

A história dela (Alik), começa quando eu a ganhei de uma prima por volta dos meus 9 anos. Cuidar dela fazia parte de minhas obrigações. Eu a treinava para exposições caninas, pois além de ser muito bonita ela era uma campeã, e minha prima gostava disso. Depois de 3 anos resolvemos cruzar a Alik e quando ela teve os filhotes, esbarramos em um problema, um deles ficou atravessado. Quando o veterinário chegou e desvirou o filhote, os outros já tinham morrido. Era para ser uma ninha enorme, de 13 filhotes. Ficaram 6 vivos, mas logo dois morreram, pois a Alik estava muito fraca e os bebês entravam debaixo dela e ela não conseguia tirar. O veterinário disse que teríamos que dar leite com conta gotas pois ela não conseguiria amamentar naquele momento.

Lá fui eu, com 12 anos dar de mamar com conta gotas para 4 cachorrinhos, a cada 2 horas nos períodos que não estava na escola e parte da noite. Não me lembro de ter achado ruim, adorava aqueles cachorrinhos, e acho que essa situação me ensinou a ter responsabilidade, a ter noção de cuidado, a lidar com a morte e tantas outras coisas. Mas também sofri muito, tive medo que minha cadela morresse, vi seu sofrimento e prometi que depois dela, nunca mais eu teria outro cachorro.  Na verdade, fiquei com 2 filhotes dela, e esses foram os 3 cachorros que eu tive na minha vida, mesmo que nas minhas casas, sempre tivessem cachorros, eu dizia que eu não queria ter a responsabilidade sobre eles. Não queria ter que dar comida, levar para passear ou brincar, embora fizesse isso quando estivesse com vontade.

Lembro sempre de algumas situações de perdas de pets que foram marcantes para mim. A primeira foi quando morreu um canarinho que era do meu filho Gabriel e ele tinha 6 ou 7 anos. Quando eu dei a notícia, ele não se conformava e não parava de chorar. Outra foi a morte de um ferret chamado Tail, que era do Olavo, meu filho caçula que tinha por volta de 9 anos na época. Tivemos até que sepultar o ferrão num cemitério de animais para ajudar na superação do luto.

Voltando ao tema “animais de estimação e crianças”, estudos específicos indicam que os pets podem influenciar as habilidades sociais, a saúde física e até o desenvolvimento cognitivo deles. Cuidar de animais é associado a níveis mais altos de empatia e, para crianças com autismo e suas famílias, isso pode ajudar a reduzir o estresse e criar oportunidades para formar relacionamentos de apoio.

Muitos pais sentem intuitivamente que cuidar de um animal pode fornecer lições valiosas às crianças sobre cuidados, responsabilidade e empatia. É muito importante, especialmente para as crianças mais jovens, aprenderem que o ponto de vista de alguém pode ser diferente do delas.

A convivência com animais de estimação é importante para o desenvolvimento infantil, pois proporciona diversos benefícios, como:

Fonte:

Como animais de estimação estimulam cérebro das crianças

https://www.bbc.com/portuguese/geral-61932265

Saiba mais:

Um gato chamado Schrödinger e o menino David

Antes de escolher um animal de estimação

Cães e gatos são benéficos à saúde da criança

Doenças transmitidas por animais

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