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Um gato chamado Schrödinger e o menino David
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Um gato chamado Schrödinger e o menino David

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09/12/2020
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“Era uma vez um gato de botas…”. Assim começava um dos meus livros favoritos da infância. A história narra as aventuras de um gato que usava botas, bicho de estimação de um menino, e do Marques de Carabás seu antigo dono. Mas aqui vou contar a história de outro gato, o Schrödinger, que recebeu este nome difícil em alusão ao “Gato de Schrödinger”, uma experiência mental, frequentemente descrita como um paradoxo, desenvolvida pelo físico austríaco Erwin Schrödinger, em 1935, para explicar um fenômeno da física quântica. A escolha é uma brincadeira nerd da minha filha Bia.

Era uma vez, então, um gato malhado chamado Schrödinger. Era um gato muito afetuoso e muita gente o chamava de “gachorro”, porque gostava de gente e estava sempre passando por perto à procura de um carinho. Era muito simpático e tinha um amigo, o David.

David, meu neto, hoje tem 7 anos. Desde muito pequeno, foi muito ligado ao Schrödinger. Se você perguntasse de quem ele gostava mais, o gato estava no mesmo nível da mãe e do irmão e acima dos outros. Era muito bonito ver a relação dos dois.
Neste último final de semana, em uma propriedade rural na região de Itu, no interior de São Paulo, Schrödinger morreu, possivelmente vítima de um animal selvagem da mata da região. Meu neto está inconsolável. Chora sem parar pela perda de seu gato, de seu amigo animal. Todos em casa estão muito tristes, mas ver o menininho tão abalado é de cortar o coração.

Conto esta história por dois motivos, um em homenagem ao Schrödinger, pelos momentos de alegria que trouxe para minha família e sobretudo ao David e à Bia. A outra razão é para falar da importância de uma criança ter um animal de estimação.
Um animal de estimação, como já escrevemos diversas vezes neste espaço, é uma fonte de aprendizado. Com ele, a criança aprende a cuidar, a ter responsabilidade, a ter sentimentos, como amar, e até como está acontecendo agora com o David, o sentimento de perda, o luto.

David está muito triste, parece que arrancaram um pedaço de seu coração. Ele está sofrendo, sem dúvida. Pela primeira vez, perdeu uma alguém muito próximo, alguém que ele amava, que cuidava e com quem brincava. Está tendo contato real com a morte e com a terminalidade. Mas está também cercado de pessoas que o amam, que vão dar suporte e muito amor. Com certeza, irá superar tudo isso. Daqui a alguns dias ou semanas, Schrödinger será uma lembrança querida, uma foto na capa do tablet e várias histórias para contar aos amigos. Restará o “clube do gato”, um local muito íntimo que ele fez para receber os amigos e guardar suas coisas.

Daqui a pouco, talvez chegue outro gato, não para ocupar o lugar do Schrödinger, mas para criar uma outra história, um outro vínculo. Não tenho dúvida, David sairá muito mais forte para enfrentar uma próxima perda de maneira sofrida, mas diferente, sabendo que poderá sair da tristeza pois tem gente vai ajudá-lo. Esta é a vida de todos nós, criança e adultos. Aprendemos com nossas vivências – e nossos animais de estimação nos ajudam muito a compor este repertório.

Saiba mais sobre isso

• https://institutopensi.org.br/blog-saude-infantil/caes-e-gatos-sao-beneficos-a-saude-da-crianca/
• https://institutopensi.org.br/blog-saude-infantil/antes-de-escolher-um-animal-de-estimacao/
• https://institutopensi.org.br/blog-saude-infantil/os-perigos-de-animais-de-estimacao-exoticos/
• https://institutopensi.org.br/blog-saude-infantil/14-maneiras-pelas-quais-os-pais-podem-demonstrar-amor-por-seus-filhos/

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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