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O mundo avança rapidamente com as novas tecnologias e a Saúde não poderia ficar atrás. Há alguns anos pareceria ficção científica falar em internet, smartphone, tablets etc., mas hoje tudo isso faz parte de nosso dia a dia e, muitas vezes, nos perguntamos como podíamos viver sem.
Na semana passada estive em Manaus para o lançamento do projeto em parceria com o Ministério da Saúde e o Instituto PENSI através do programa de renúncia fiscal PRONON intitulado: “Projeto de Telemedicina para Capacitação e Orientação à distância de Agentes Comunitários de Saúde, Médicos e profissionais do Programa de Saúde da Família para o acesso ao diagnóstico precoce e tratamento do câncer infanto-juvenil”.
Telemedicina/Telessaúde é a oferta de serviços ligados aos cuidados com a saúde, nos casos em que a distância é um fator crítico, ampliando a assistência e também a cobertura. Tais serviços são fornecidos por profissionais da área da saúde, usando tecnologias de informação e de comunicação para o intercâmbio de informações válidas para promoção, proteção, redução do risco da doença e outros agravos e recuperação. Além de possibilitar uma educação continuada em saúde de profissionais, cuidadores e pessoas, assim como facilitar pesquisas, avaliações e gestão da saúde. Sempre no interesse de melhorar o bem-estar e a saúde das pessoas e de suas comunidades. (Organização Mundial de Saúde – OMS).
O Amazonas, com uma população de 4 milhões em uma área 1.570.745,680 km² e com uma Densidade Demográfica de 2,6 habitantes por km², tem 62 municípios e pouco mais de quatro mil médicos, sendo que menos de trezentos estão fora de Manaus. Essa situação de uma área continental, com baixa população em distâncias enormes, pede soluções inovadoras e a telemedicina pode ser uma delas. O Estado do Amazonas tem vários programas de telessaúde, sobretudo na cardiologia e com resultados muito bons.
Este programa feito pelo Instituto PENSI, sob a liderança do Dr. Sidnei Epelman, prevê a capacitação de profissionais de saúde em três níveis: o mais básico, feito para os agentes de saúde; o intermediário para a equipe multidisciplinar, como enfermeiras, assistentes sociais, fisio, etc; e o mais complexo, que são os médicos. Esta capacitação ocorrerá em 3 meses através de uma plataforma de ensino à distância com aulas gravadas com médicos do Hospital Sabará, em São Paulo. Além das aulas, terá uma ferramenta para conversas para tirar dúvidas e explicações, se for necessário.
Após este período inicial, durante os nove meses seguintes estes profissionais terão uma consultoria e orientação sobre os casos suspeitos e sobre a conduta discutida entre as equipes do Sabará e da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (Fcecon do Amazonas).
Durante os dois dias que passei em Manaus, tive contato com as dificuldades reais, que eu conhecia só na teoria, o que me fez ver que a telemedicina e a telessaúde são alternativas estratégicas para um país tão desigual como o Brasil.
Há 3 anos, tive contato, no Children’s Hospital de Miami, com o programa de telemedicina deles, que além de darem segunda opinião para vários países da América do Sul, fazem uso na própria região metropolitana de Miami, onde o hospital tem vários centros médicos que recebem consulta de especialistas que estão no Children’s Hospital. Soluções como esta poderiam ser adotadas em cidades como São Paulo, onde a dificuldade de ter um especialista na periferia é muito grande. Para que isso possa ocorrer é necessário que o Conselho Federal de Medicina mude a norma atual e passe a permitir a consulta médica à distância, diferente de uma consultoria médica, como a do projeto no Amazonas.
Há um longo caminho a percorrer, mas o mundo caminha célere para mudanças nesse sentido. Quando isso ocorrer, talvez não achemos estranho conversar com um médico que fale pela tela do computador, como já ocorre em uma grande rede de farmácias nos EUA.
Leia também: Telemedicina: quais os riscos legais aos médicos
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Atualizado em 30 de outubro de 2024