O mel é um alimento versátil, que pode ser apreciado por pessoas de todas as idades. Além de seu sabor e propriedades nutritivas, o mel também é associado a uma série de benefícios para a saúde e significados simbólicos. No contexto familiar, o mel é frequentemente visto como um símbolo de amor, carinho e união.
A utilização de mel como um remédio já é uma prática familiar tradicional, o hábito de dar mel para uma criança que está com tosse é bem antigo. Mas será que seu uso em dietas infantis é seguro?
O mel contribui na proteção contra o processo de envelhecimento e para o desenvolvimento de doenças crônicas, como câncer e doenças cardíacas, por conter substâncias funcionais como os antioxidantes. Ele também contém prebióticos benéficos, o que significa que nutre as boas bactérias que vivem no intestino, que são cruciais não apenas para a digestão, mas também para a saúde geral (Clark, 2023).
No entanto, mesmo o mel trazendo todos esses benefícios e podendo auxiliar no desconforto da inflamação e no alívio da dor, a prática comum de adultos que utilizam o mel para aliviar dores de garganta ou resfriados entre as crianças, pode colocar a saúde delas em risco.
De acordo com o Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos, do Ministério da Saúde, o mel não deve ser oferecido a elas. Tendo como seu principal motivo o risco de contaminação pela bactéria Clostridium botulinum. Esse microrganismo produz uma toxina que pode provocar o botulismo, doença a que os bebês são particularmente vulneráveis por ainda estarem com o sistema imunológico imaturo (Malacarne, 2023).
O botulismo é uma enfermidade que resulta da ação de uma potente neurotoxina de origem protéica, produzida pelo Clostridium botulinum, normalmente decorrente da ingestão de alimentos, em que a toxina foi previamente elaborada pela bactéria (Polaquini et al., 1997; Gelli et al., 2002). Já o botulismo infantil, também conhecido como botulismo de lactentes (associado à Síndrome de Morte Súbita do Recém-Nascido), ocorre em crianças muito jovens devido à absorção de toxina produzida no intestino da criança. A doença está normalmente associada ao consumo de mel contaminado, por isso este alimento não deve ser fornecido para crianças menores de dois anos (Ciência Rural, 2008).
A partir dos dois anos, além das defesas do organismo das crianças se fortalecerem, o sistema digestivo também se desenvolve e é capaz de expelir os esporos da bactéria do organismo antes que eles causem algum dano, tornando seguro o consumo do mel (Malacarne, 2023).
Portanto, a resposta correta é: depende. Para bebês menores de dois anos não pode e para crianças maiores de dois anos pode, mas com moderação, pois, apesar de ser um produto natural e funcional, não deixa de ser bem docinho.
Com colaboração: Ana Carolina Hadba, graduanda do curso de nutrição da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Fontes:
Clark, R. G. C. 8 BENEFÍCIOS DO MEL PARA A SAÚDE. Medically reviewed. Feb.2023.
Malacarne, J. Mel para bebês: conheça os riscos e por que não é recomendado. Revista Crescer. Jun.2023.
Cereser, N. D. et al. Botulismo de origem alimentar.Ciência Rural, Santa Maria, v.38, n.1, p.280-287.Jan-fev. 2008.