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O que exatamente é a ansiedade infantil?
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O que exatamente é a ansiedade infantil?

O que exatamente é a ansiedade infantil?

05/01/2023
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Em um mundo com pessoas cada vez mais afetadas em sua saúde mental, incluindo as crianças e os adolescentes, várias vezes sou questionado com essa pergunta: o que é ansiedade na criança? Ela existe mesmo?

A ansiedade é a experiência que as crianças e os jovens podem ter quando têm pensamentos angustiantes, preocupações ou percepções negativas sobre um evento futuro ou antecipado e/ou podem ter uma capacidade limitada de lidar com pensamentos ou preocupações angustiantes. Essas situações claramente aumentaram na pandemia.

Em pequenas doses, a ansiedade pode ser motivadora, mas em casos graves, pode afetar muitos aspectos da vida de uma criança – na escola, amizades, interações familiares – e tornar-se debilitante, necessitando de assistência médica.

Os sinais de ansiedade podem variar de criança para criança. Algumas mudanças físicas podem incluir tensão muscular, dores de cabeça, dor de estômago, inquietação, sensação de coração acelerado e suores. Comportamentos como evitação, choro, retirada de atividades, pânico, irritabilidade ou expressões de medo podem indicar ansiedade.

Os pais podem prestar atenção ao desenvolvimento e às atividades diárias de seus filhos para observar quaisquer sinais debilitantes de ansiedade. Por exemplo: uma criança ou adolescente que sofre de ansiedade de uma separação – que pode se manifestar por meio de pensamentos constantes sobre a segurança dos responsáveis ​​– pode ter falta de apetite ou problemas de sono como medo à noite, de dormir sozinhos, temer o dia seguinte na escola sem o responsável ou ter até dores de estômago.

Na escola, os professores podem perceber se uma criança está sendo excepcionalmente tímida e não está interagindo ou participando da aula. Por outro lado, o professor pode não estar ciente do comportamento que pode estar acontecendo em casa e, se os pais tiverem uma comunicação clara com os professores, uma melhor compreensão pode ajudar a apoiar a criança.

 

Qual quantidade de ansiedade é considerada “saudável”? 

A ansiedade faz parte da vida diária. Quando alguém está sentindo ansiedade ou estresse em um sentido não clínico, está experimentando algo inerentemente humano. Isso pode ocorrer quando alguém está concluindo tarefas e tem um estresse leve que ocorre em pequenas doses, como antes de fazer uma apresentação ou fazer um exame. É o que pode nos manter longe de problemas, quando estamos nos preparando para atravessar a rua ou quando vamos nadar em águas abertas como lagos ou na praia. Já em crianças mais novas, podem existir medos apropriados ao desenvolvimento, que desaparecem com o aumento da maturidade, como medo do escuro ou de tempestade, raios e trovões.

Se a ansiedade for persistente e prejudicial e afetar muitas áreas da vida de uma criança – interações sociais, escola, vida familiar, isso é uma indicação de que ela precisa de apoio profissional de saúde mental para ajudar a controlar sua ansiedade. Os especialistas também dizem para observar se a ansiedade é desconfortável ou angustiante para a criança. Às vezes, os sinais de ansiedade não são óbvios e a criança parece estar se controlando quando não está.

Especialistas explicam que as novas diretrizes são importantes para os pais estarem cientes por vários motivos. Por um lado, acrescenta um foco maior na saúde mental e na triagem como parte das práticas de atenção primária em uma época em que as doenças mentais entre os jovens estão aumentando gradualmente, especialmente com a pandemia. Nos EUA, uma força-tarefa de triagem foi criada com uma nova diretriz que recomenda a triagem para depressão em todas as crianças com mais de 12 anos. O aumento de suicídio entre jovens no Brasil e no mundo é uma realidade e essa preocupação deveria existir.

Outros fatores que podem aumentar o risco de ansiedade incluem interrupções ou dificuldades na escola, bullying, estresse familiar, desafios nas interações com colegas e exposição a eventos traumáticos. Especialistas destacam que essas orientações trazem a conscientização para a prevenção e identificação precoce dos transtornos de ansiedade, além de focar apenas no suicídio e na depressão.

O tratamento dessas crianças e adolescentes pode variar de centro para centro, mas os especialistas observam que todos os transtornos de ansiedade para os quais as crianças são regularmente examinadas são altamente tratáveis. A terapia cognitivo-comportamental é uma psicoterapia estruturada de curto prazo para transtornos de ansiedade pediátricos com forte suporte de pesquisa. Aconselhamento breve, ajustes nas demandas da criança nos ambientes escolar ou doméstico e, em alguns casos, medicação também pode ser úteis.

Especialistas alertam pais e responsáveis ​​para não encorajar seus filhos a evitar algo que os deixe ansiosos. Isso pode aliviar a ansiedade no momento, mas pode levar as crianças a se tornarem mais restritas social e comportamentalmente. Se os pais estiverem observando sinais de ansiedade, eles devem procurar ajuda profissional por meio de seu pediatra, médicos de família ou outros médicos locais.

O importante é que os pais permaneçam envolvidos com seus filhos em suas atividades acadêmicas, sociais e extracurriculares para que possam prestar atenção às mudanças de comportamento ou expressões que possam ser um sinal de alerta.

Esse é um assunto muito importante para a Fundação José Luiz Egydio Setúbal, que colocou a Saúde Mental da criança e do adolescente como prioritário para a década 20/30. No nosso canal de Youtube, o Saúde da Infância, o vídeo sobre ansiedade já ultrapassou 171 mil visualizações, para mostrar a importância e a procura pelo tema. Finalizo respondendo a aquelas questões iniciais, que ansiedade infantil existe sim, é um motivo de atenção para pais, professores e cuidadores. Espero que esse artigo possa ajudar a todos a entender um pouco mais sobre esse assunto!

 

Fonte:

 

Saiba mais:

 

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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