O terceiro e último dia do 7º Congresso Internacional Sabará-PENSI de Saúde Infantil consolidou o evento como um dos maiores encontros na área de saúde infantil, reunindo 375 palestrantes, sendo 11 internacionais, em 10 salas simultâneas com painéis e atividades ao longo dos três dias. O congresso contou com a presença de 1.543 inscritos entre médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e psicólogos, além do apoio de 43 associações e 37 patrocinadores e expositores. “Encerramos o congresso com grande sucesso, com palestrantes de altíssimo nível e, mais uma vez, mostrando a força e relevância do Sabará, PENSI e Infinis, as três instituições que integram a Fundação”, celebrou o Dr. José Luiz Setúbal. “Saímos inspirados e motivados para refletir sobre a contribuição que cada um de nós pode dar para melhorar a saúde de crianças e adolescentes”, disse a Dra. Fátima Fernandes. “Com sua excelência assistencial, o Sabará Hospital Infantil busca ser local de suporte para todos os pediatras. O Congresso Sabará/PENSI é um exemplo disso”, diz, entusiasmado, o médico Felipe Lora, CEO do Sabará. “São dias dedicados a discussões de especialistas focados na atuação do pediatra – esse parceiro que orquestra o cuidado médico em saúde infantil – enriquecendo um canal de comunicação por meio da escuta e percepção dos interesses e opiniões desse profissional”, completa.
Genética como ferramenta no diagnóstico e tratamento do TEA
A professora Maria Rita dos Santos e Passos Bueno, renomada geneticista e titular do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva da USP, ministrou uma aula magna durante o 7º Congresso Internacional Sabará-PENSI. Com uma carreira dedicada ao estudo do Transtorno do Espectro Autista (TEA), ela abordou como a genética está revolucionando o diagnóstico e tratamento dessa condição, destacando o papel da medicina personalizada.
Maria Rita, que já publicou mais de 300 artigos, sendo 10% deles focados no autismo, explicou que os avanços nos últimos 15 anos permitiram que os testes genéticos ajudem a confirmar o diagnóstico em até 30% dos casos. No entanto, ela alertou sobre a complexidade do perfil genético dos indivíduos com TEA, o que exige a combinação dos resultados laboratoriais com avaliações clínicas especializadas.
Outro ponto enfatizado foi o impacto das descobertas genéticas no direcionamento de tratamentos específicos, principalmente quando há comorbidades, como epilepsia e complicações psiquiátricas. Para casos mais graves, Maria Rita ressaltou o potencial das terapias gênicas, que estão em fase de desenvolvimento e poderão, no futuro, atender a necessidades específicas.
A professora também apontou a importância da medicina personalizada no cuidado de pacientes com TEA, afirmando que o aconselhamento genético pode auxiliar na predição de risco familiar e no planejamento de intervenções terapêuticas mais eficazes.
UMA FRASE PARA GUARDAR
“Podemos mudar o futuro dessas crianças, tudo está em nossas mãos.”
Para recuperar a imunização Infantil
Ao fim da manhã de 4 de outubro de 2024, no segundo dia do 7º Congresso Internacional Sabará/PENSI de Saúde Infantil, o dr. Eder Gatti, coordenador do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde, apresentou uma aula magna sobre os desafios e avanços necessários para recuperar a cobertura vacinal no Brasil. Experiente infectologista, Gatti destacou três áreas prioritárias para o governo: aprimorar sistemas de informação, ampliar o acesso via microplanejamento municipal e combater a desinformação.
Segundo ele, a hesitação vacinal causada por fake news é um dos maiores obstáculos atuais. Em resposta, o governo tem fortalecido campanhas como o Movimento Nacional pela Vacinação para restaurar a confiança na imunização. Gatti também apontou que, além da desinformação, falhas administrativas, como registros incompletos de doses e o desmonte do complexo econômico-industrial da saúde, contribuíram para a queda da cobertura vacinal desde 2016.
Mesmo assim, o dr. Gatti mostrou-se otimista quanto ao futuro, prevendo que a inteligência artificial e o uso de dados serão fundamentais para identificar áreas vulneráveis e direcionar ações mais eficazes. Ele destacou o compromisso do governo, especialmente da ministra da Saúde, Nísia Trindade, e do presidente Lula, na recomposição de estoques e na melhoria da infraestrutura para que o Brasil volte a ser referência em imunização.
Por fim, Gatti ressaltou a importância da digitalização e da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), que permite identificar com precisão doses atrasadas e monitorar surtos de forma eficiente.
Diagnóstico e tratamento dos distúrbios do sono
A neurologista infantil e especialista em medicina do sono, dra. Rosana Cardoso Alves, foi uma das palestrantes do 7º Congresso Internacional Sabará-PENSI de Saúde Infantil, onde abordou os principais distúrbios do sono em crianças e adolescentes no Simpósio Desafios no Consultório. Com mais de 30 anos de experiência, a dra. Rosana destacou como a tecnologia transformou a medicina do sono, citando o avanço da polissonografia digital e a popularização dos wearables, que permitem o monitoramento contínuo do sono por até 30 noites, ampliando a precisão dos diagnósticos.
Durante a palestra, a especialista abordou questões como as parassonias, apneia do sono, sonambulismo e transtornos do despertar. Ela enfatizou a importância de uma boa higiene do sono para o desenvolvimento infantil, alertando que distúrbios como a apneia, além de perturbarem o sono, podem ter repercussões no crescimento e na saúde geral das crianças. “Uma boa higiene do sono não só melhora a qualidade de vida da criança, mas também contribui diretamente para sua imunidade”, afirmou.
A dra. Rosana também chamou atenção para os desafios enfrentados pelos pediatras ao lidar com esses distúrbios. Segundo ela, o tempo limitado das consultas e o acesso restrito à polissonografia muitas vezes dificultam o diagnóstico. Além disso, a necessidade de mudanças no comportamento familiar é um obstáculo comum no tratamento. Ela defendeu a importância de campanhas de conscientização e o uso de tecnologias para facilitar o acompanhamento e a orientação das famílias.
Por Rede Galápagos
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