Outro dia escrevi sobre o Brasil que dá certo, relatando uma visita de campo em Sergipe para conhecer os projetos sociais do IPTI. Hoje, volto ao assunto com outra visita de campo, agora com um organismo das Nações Unidas, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e na região Amazônica.
Recebi o convite da Paola Babos, representante interina do Unicef no Brasil, para fazer essa visita juntamente com outros 20 convidados de organizações parceiras ou interessadas em projetos do Fundo.
A Fundação José Luiz Egydio Setúbal (FJLES) é parceira do Unicef em um projeto de busca ativa vacinal na Amazônia e no semiárido brasileiro, além de atuar em conjunto no Movimento 227 e na Coalizão Brasileira pelo Fim da Violência contra Crianças e Adolescentes.
Nessa visita, tivemos a oportunidade de conhecer um município que faz parte do programa “Selo Unicef” que é uma estratégia para fortalecer as políticas públicas municipais voltadas às crianças e aos adolescentes que vivem na Amazônia e no Semiárido. Os municípios que participam se comprometem a melhorar as políticas públicas municipais em sete áreas:
- Desenvolvimento na primeira infância;
- Educação de qualidade para todos;
- Desenvolvimento integral, saúde mental e bem-estar de crianças e adolescentes na segunda década da vida;
- Hábitos de higiene e acesso à água assegurados para crianças e adolescentes nas escolas;
- Oportunidades de educação, trabalho e formação profissional para adolescentes e jovens;
- Prevenção e resposta às violências contra crianças e adolescentes;
- Famílias vulneráveis recebendo atenção integral em serviços intersetoriais de proteção social no município.
No município que visitamos, pudemos ver a ação de uma UBS flutuante fazendo o atendimento de crianças, grávidas e vacinações. Também pudemos entender o trabalho que eles fazem de puericultura e sobretudo de nutrição. Muito interessante e educativo para mim!
A conversa com o secretário da saúde, falando de suas dificuldades e de como as políticas públicas do Ministério da Saúde são feitas para outro Brasil, que não se encaixa na realidade Amazônica, foi muito esclarecedora. Essa é uma bandeira que levanto há anos: como um país tão diverso e desigual se propõe a achar soluções únicas para todo seu território? Só quem não tem noção do que faz.
Também tivemos contato com a escola, outra lição dos projetos de primeira infância, e a demonstração da ação devastadora da pandemia no ensino básico. Ainda acompanhamos a apresentação de um projeto de potabilidade de água, feito com tecnologia social desenvolvida pela COSAMA e adaptada para cada município. Muito legal ver e aprender!
Acabamos a manhã no Centro de Triagem de Migrantes de Manaus. Lá, pudemos ver a realidade dos refugiados de outros países que procuram o Brasil, principalmente os venezuelanos. Muito bonito o trabalho que é feito na região, orientando na obtenção de documentos, na matrícula das crianças nas escolas, nos programas de assistência social e de saúde. Que emocionante ver tudo isso!
Na parte da tarde, no Centro Cultural dos Povos da Amazônia, pudemos ver dois depoimentos muito sensíveis. O primeiro de uma professora que se chama Fran e educa crianças e faz a formação de professoras para ajudar os municípios do Selo Unicef. Coisa de arrepiar pelas palavras e pela emoção que ela transmitiu a todos que estavam assistindo! Depois, veio um adolescente, o Ed, que falou sobre suas ideias de mudar sua comunidade e como o NUCA, projeto que envolve os adolescentes do Selo Unicef em cada município, dá chance a ele e seus amigos não só de aprender, mas de transformar o futuro de sua comunidade.
Quando acabou a visita, comentei com a Paola como são importantes essas visitas de campo para conhecer os projetos. Sentir a energia que a comunidade e os profissionais do Unicef colocam em tudo isso é transformador. Creio que todos que fizeram parte dessa visita saíram mais esperançosos com o futuro do país e do mundo.
Enquanto houver instituições como o Unicef e seus apoiadores, pessoas como a Fran, o Ed, os secretários da saúde e da educação que nos prestaram depoimentos e comunidades como essas, dispostas a se esforçar para melhorar, certamente podemos esperar um mundo melhor.
Fontes:
Saiba mais:
- https://institutopensi.org.br/nos-somos-movimento-227/
- https://institutopensi.org.br/fundo-para-acabar-com-a-violencia-contra-as-criancas/
- https://institutopensi.org.br/nao-ha-saude-infantil-sem-saude-planetaria/
- https://institutopensi.org.br/stanford-social-innovation-review-chega-ao-brasil/
- https://institutopensi.org.br/trabalho-infantil-mais-um-indicador-que-piora-nestes-ultimos-anos/