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Trabalho infantil: mais um indicador que piora nestes últimos anos
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Trabalho infantil: mais um indicador que piora nestes últimos anos

Trabalho infantil: mais um indicador que piora nestes últimos anos

01/06/2022
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No Brasil, o trabalho infantil é proibido por lei para menores de 16 anos. Se for noturno, perigoso ou insalubre, a proibição se estende até os 18 anos. Na condição de aprendiz, a lei permite o trabalho protegido a partir de 14 anos.

O número de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil chegou a 160 milhões em todo o mundo – um aumento de 8,4 milhões de meninas e meninos nos últimos quatro anos, de 2016 a 2020. Além deles, outros 8,9 milhões correm o risco de ingressar nessa situação até 2022 devido aos impactos da covid-19, de acordo com um novo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

No Brasil, a situação é semelhante à verificada globalmente. Segundo dados da PNAD Contínua 2019 (os últimos disponíveis), cerca de 1,8 milhão de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos estavam em situação de trabalho infantil no Brasil antes da pandemia. Desses, 706 mil vivenciavam as piores formas de trabalho infantil. Do total, 66% eram pretos ou pardos. Os números não incluem adolescentes que trabalhavam legalmente no país, por meio de contrato de aprendizagem.

Dados coletados pelo Unicef em São Paulo apontam para o agravamento da situação de trabalho infantil durante a pandemia. O Fundo levantou dados sobre a situação de renda e trabalho com quase 53 mil famílias vulneráveis de diferentes regiões de São Paulo, que receberam doações da organização e seus parceiros.

O número de brasileiros de 7 a 14 anos exercendo algum tipo de trabalho infantil pode ser cerca de sete vezes maior do que apontam as estatísticas oficiais, de acordo com um estudo inédito, que mediu a subnotificação do trabalho na infância – problema que compromete tanto a fiscalização quanto a formulação de políticas públicas. O estudo foi conduzido pelo pesquisador brasileiro Guilherme Lichand, da Universidade de Zurique (Suíça), e por Sharon Wolf, da Universidade da Pensilvânia (EUA).

Dados de 2015 mostravam que 2,5% das crianças brasileiras na faixa etária mencionada acima trabalhavam, o equivalente a 738,6 mil pessoas. Porém, segundo dados mais recentes extraídos a partir do World Development Indicators (WDI) – compilação de estatísticas internacionais do Banco Mundial, o percentual, na verdade, seria de 19%, ou seja, 5,7 milhões de crianças.

Como os estudos tem metodologias diferentes, o pesquisador explica que os parâmetros utilizados para definir o trabalho infantil seguem as definições de organismos internacionais, como o Unicef, e foi feito com crianças matriculadas em escolas. Se a criança tem menos de 12 anos, qualquer que seja o número de horas trabalhadas com algum tipo de remuneração, já se configura trabalho infantil. Se ela tem entre 12 e 14 anos, é configurado a partir de 14 horas semanais, desde que não sejam ocupações perigosas. A partir de 15 anos, acima de 41 horas. Como se vê, os critérios podem ser bem mais rígidos, o que explicaria uma diferença tão grande.

O Unicef no Brasil, junto com parceiros-chave, como o Ministério Público do Trabalho (MPT), trabalha para o fortalecimento do Sistema de Garantia de Direitos, em São Paulo, Bahia e Pará, promovendo a prevenção e a resposta a todos os tipos de violências contra crianças e adolescentes.

Para reverter a tendência de aumento do trabalho infantil em nível global, a OIT e o Unicef fazem cinco recomendações:

  1. Proteção social adequada para todos, incluindo benefícios universais para crianças e adolescentes;
  2. Aumento dos gastos com educação de qualidade e retorno de todas as crianças e todos os adolescentes à escola – incluindo quem estava fora da escola antes da pandemia de covid-19;
  3. Promoção de trabalho decente para adultos, para que as famílias não tenham que recorrer às crianças e aos adolescentes para ajudar a gerar renda familiar;
  4. O fim das normas prejudiciais de gênero e da discriminação que influenciam o trabalho infantil;
  5. Investimento em sistemas de proteção infantil, desenvolvimento agrícola, serviços públicos rurais, infraestrutura e meios de subsistência.

O trabalho infantil é crime e como tal deve ser denunciado. Para isso, use o Disque 100 (Disque Direitos Humanos), na Ouvidoria Nacional, ou o Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente. Vale lembrar que 2021 foi o ‘Ano Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil’ declarado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e que o Brasil assumiu o compromisso de erradicar o trabalho infantil até 2025.

Apesar do nosso presidente discordar e achar que as crianças devam trabalhar, como declarou em diversas oportunidades, nós da Fundação José Luiz Egydio Setúbal estamos de acordo com a Lei e com o Estatuto da Criança e do Adolescente, que concorda que crianças não devam trabalhar antes dos 16 anos para que possam ir à escola, brincarem e fazerem as atividades próprias da infância e do início da adolescência.

Saiba mais:

https://livredetrabalhoinfantil.org.br/

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/04/trabalho-infantil-no-brasil-pode-ser-7-vezes-maior-do-que-apontam-pesquisas.shtml

https://www.gov.br/mdh/pt-br/navegue-por-temas/crianca-e-adolescente/dados-e-indicadores/trabalho-infantil

 

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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