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Crianças com deficiência apanham mais
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Crianças com deficiência apanham mais

Crianças com deficiência apanham mais

03/05/2022
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Maus-tratos contra crianças parecem ser muito mais comuns do que as pessoas imaginam. Vemos isto no atendimento do Sabará Hospital Infantil e a questão é um assunto discutido em todos os fóruns sobre violência.

Um estudo publicado na Pediatrics on-line de novembro de 2015, chega à conclusão de que crianças com problemas genéticos e de nascença constituem um grupo de maior vulnerabilidade: Síndrome de Down, Fenda labial com ou sem fenda palatina e Espinha bífida.

O estudo com cerca de 3 milhões de crianças nascidas no Texas, de 2002 a 2009, constatou que, entre aquelas com Síndrome de Down e com menos de 2 anos, a taxa de maus-tratos não foi significativamente maior do que entre as crianças não afetadas. Em contraste, as crianças com espinha bífida tiveram uma taxa 58% maior de maus-tratos, enquanto aquelas com lábio leporino (com ou sem fenda palatina) a taxa foi de 40%.

No dia 21 de março, comemora-se o Dia Nacional da Síndrome de Down e, por coincidência ou não, li este artigo “Global estimates of violence against children with disabilities: an updated systematic review and meta-analysis” na revista The Lancet – CHILD & ADOLESCENT HEALTH de março de 22. Nele, podemos ver que as evidências mostram que crianças com deficiência (de 0 a 18 anos) sofrem grandes quantidades de violência. Durante a última década, houve um aumento substancial no volume de dados disponíveis e, portanto, as evidências devem ser atualizadas para fornecerem uma estimativa global atual da violência contra esse público.

Para essa revisão sistemática e meta-análise, os pesquisadores analisaram 18 bancos de dados internacionais de língua inglesa para estudos observacionais publicados em inglês ou chinês, entre 17 de agosto de 2010 e 16 de setembro de 2020, e três bancos de dados chineses para estudos publicados desde o início do banco de dados até 16 de setembro de 2020. Eles usaram termos de pesquisa estruturados em torno dos conceitos de deficiência, criança e violência, definindo violência como física, emocional, sexual ou negligência, e considerando deficiência como física, mental, intelectual e sensorial, além de doenças crônicas.

Foram encontrados e selecionados mais de 26 mil registros e, ao final, foram avaliados 386 artigos em texto completo e incluídos outros 98 estudos (com quase 17 mil crianças) nessa análise. Os resultados mostraram que a prevalência geral de violência contra crianças com deficiência foi de 32%.

Essa revisão mostra que as crianças com deficiência sofrem uma alta carga de todas as formas de violência, apesar dos avanços na conscientização e nas políticas nos últimos 10 anos. Nossos resultados indicam a necessidade de mais parcerias entre disciplinas e setores para protegê-las da violência. Pesquisas adicionais bem projetadas também são necessárias, especialmente em populações sub-representadas e economicamente desfavorecidas.

No Brasil, ainda temos um longo percurso a fazer contra o preconceito e para melhorar a nossa assistência social, além de formar grupos e associações de pais que costumam funcionar muito bem na troca de experiências e apoio entre as pessoas que vivem o mesmo problema.

 

Fonte:

ARTICLES – The Lancet – CHILD & ADOLESCENT HEALTH  3/2022.
Global estimates of violence against children with disabilities: an updated systematic review and meta-analysis
Zuyi Fang, PhD , Ilan Cerna-Turoff, PhD; Cheng Zhang, MPhil;  Mengyao Lu, PhD; Jamie M Lachman, PhD;  Prof Jane Barlow, PhD
Published: March 17, 2022DOI:https://doi.org/10.1016/S2352-4642(22)00033-5

 

Saiba mais:

https://institutopensi.org.br/blog-saude-infantil/bullying-e-exclusao-podem-prejudicar-jovens/
https://institutopensi.org.br/o-que-e-inclusao-de-deficiencia/
https://institutopensi.org.br/blog-saude-infantil/defeitos-congenitos-colocam-criancas-em-maior-risco-de-maus-tratos/

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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