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Durante esta pandemia, temos realizado vários webinars sobre os mais diversos temas, e um dos mais acessados foi o que tratou sobre a inclusão das crianças com deficiências específicas, quando falamos sobre Síndrome de Down e de Autismo, e isto acabou me motivando a falar sobre este tema.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 1 bilhão de pessoas tem algum tipo de deficiência no mundo e uma em cada dez é criança. No Brasil, 45,6 milhões de pessoas são portadoras de deficiência. Destas, 7,5% são crianças de até 14 anos de idade, segundo o último censo do IBGE, de 2010, ou seja, cerca de 3,5 milhões de crianças. A sociedade brasileira ainda tem muito o que aprender. Aceitar, incluir e conviver com uma criança com deficiência é um tabu tão grande que ninguém sabe bem como se referir a ele.
A Declaração de Salamanca (1994) proclamou que toda criança com deficiência tenha direito à educação e acesso à escola regular, a qual deve ser capaz de inseri-la em um sistema pedagógico apropriado para satisfazer as suas necessidades e promover chances de aprendizagem. Respeito e cumprimento dos direitos é essencial para melhorarmos a inclusão na nossa sociedade. Uma das principais dificuldades das famílias com crianças com deficiência é no quesito escolar.
Não preciso nem dizer que toda criança tem direito à educação e, de acordo com a Lei Brasileira de Inclusão (LBI – 13.146/2015), instaurada em 2015 – depois de DOZE anos em tramitação – as escolas não podem mais recusar oficialmente as matrículas dos pequenos com deficiência. Entretanto, apesar disso, muitas instituições de ensino continuam o fazendo na surdina: seja colocando “empecilhos sutis”, não dando a atenção efetiva ou até não cumprindo as solicitações/orientações para aquela criança. O que a escola da sua criança faz pela inclusão?
A inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho é vista por muitas empresas como pura obrigação legal. A Lei nº 8.213/91, também conhecida como Lei das Cotas, determina que pessoas com deficiência ocupem de 2% a 5% do quadro de companhias com 100 colaboradores ou mais.
A inclusão da deficiência é mais do que contratar pessoas com deficiência. Envolve a criação de um local de trabalho onde os funcionários com deficiência sejam valorizados por seus pontos fortes e tenham as mesmas oportunidades de sucesso, de crescer profissionalmente, de serem remunerados de forma justa e de progredir. A verdadeira inclusão é abraçar a diferença. Pessoas com deficiência representam um conjunto significativo de talentos.
As pessoas com deficiência têm menos probabilidade de conseguir emprego em todas as faixas etárias e níveis educacionais. Mas existem funcionários com deficiência que provavelmente podem desempenhar qualquer função em sua empresa, desde o nível inicial até a alta gerência.
No começo de 2019, nossa Fundação iniciou uma parceria com a Specialisterne, uma ONG espanhola que inclui pessoas autistas no mercado de trabalho, e estamos com um funcionário sendo treinado por eles com enorme sucesso no local de trabalho, o que reforça a chance de que a experiência seja repetida. Nesta linha de inclusão, a Fundação conta com a colaboração de 23 cuidadores em seu quadro de funcionários com algum tipo de deficiência, sendo doze com deficiência física, cinco com auditiva, quatro com visual e duas com intelectual.
Acredito, depois de entrar em contato com a realidade da pessoa com deficiência, que é tempo de nós, como sociedade, nos preocuparmos com esta população. Nós, enquanto Fundação cuja causa é Saúde Infantil, colocaremos um olhar especial neste aspecto e nestas crianças, e temos feito isso através do Autismo e Realidade.
Este ano, a Fundação José Luiz Egydio Setúbal está tratando o tema da diversidade em suas comunicações institucionais e a criança com deficiência em suas múltiplas formas está sendo contemplada, até porque elas formam parte importante das crianças atendidas por nós no Sabará Hospital Infantil e no Instituto PENSI.
Saiba mais sobre este tema:
É tempo de incluir as deficiências
Necessidade especial de saúde: Cuidando do psicossocial das crianças
Crianças com necessidades especiais: Escolas inclusivas
Atualizado em 11 de fevereiro de 2025