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Não há saúde infantil sem saúde planetária
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Não há saúde infantil sem saúde planetária

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19/07/2022
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Nosso planeta está em crise. As mudanças climáticas estão afetando todas as pessoas na Terra, com o aumento da temperatura e do nível do mar, da poluição da água e do ar e eventos climáticos extremos que afetam a nossa saúde, bem-estar e estabilidade. É só ver o que está acontecendo no nosso país este ano. As crianças, em particular, sofrem o impacto dessas consequências devastadoras.

O boletim “Innocenti’s Report Card 17, Places and Spaces” do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), publicado em 24 de maio, revela que todos os países da União Europeia (UE) ou da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) estão falhando em fornecer ambientes saudáveis ​​para as crianças. O Brasil não faz parte da OCDE (mas pleiteia uma vaga), portanto não participou dessa pesquisa. Porém, não há motivos para pensarmos que os nossos dados seriam diferentes.

O material explora como 43 países da OCDE/UE estão se saindo no fornecimento de ambientes saudáveis ​​para as crianças. O relatório se concentra nas seguintes questões:

  1. Como os fatores ambientais afetam o bem-estar das crianças?
  2. Como muitos dos países mais ricos do mundo estão se saindo em termos de proporcionar um ambiente saudável no qual as crianças possam viver, se desenvolver e prosperar?
  3. Que ações esses países podem tomar para melhorar os ambientes em que as crianças vivem?

Para isso, colocou perguntas como:

As crianças têm água potável para beber?

Eles têm ar de boa qualidade para respirar?

Suas casas estão livres de chumbo e mofo?

Quantas crianças vivem em casas superlotadas?

Quantas têm acesso a espaços verdes de lazer, protegidos do trânsito rodoviário?

Nesses países, 20 milhões de crianças têm concentrações elevadas de chumbo no sangue. Muitos estão respirando ar tóxico – partículas do ambiente e poluição do ar interior por combustíveis sólidos são responsáveis ​​por morbidade substancial entre crianças de zero a 14 anos (até 3,8 anos de vida ajustados por incapacidade por 1.000 crianças no México e 3,7 na Colômbia).

Nas últimas duas décadas, os boletins do UNICEF lideraram a comparação do bem-estar das crianças nos países ricos. O “Innocenti’s Report Card 16” introduziu uma estrutura multinível que colocou a criança no centro: seus resultados – saúde física, bem-estar mental e habilidades – são afetados pelo seu próprio mundo, o mundo ao seu redor e o mundo em geral. O “Innocenti’s Report Card 17” leva essa abordagem a um passo adiante. Como o estado atual do meio ambiente é moldado por ações passadas e pelo que está por vir, foi adicionada uma perspectiva de tempo ao modelo: o mundo que herdamos e aquele que deixamos para trás. E já que as ações ambientais de um país podem afetar as crianças de outros, eles também consideraram o impacto que os países têm além de suas próprias fronteiras.

O boletim 17 fornece cinco recomendações principais para melhorar os ambientes em que as crianças vivem e se desenvolvem:

  1. Concentre-se nas crianças agora, proteja o futuro

Os problemas ambientais de hoje estão custando às crianças anos de vida saudáveis. Os governos – nacional, regional e local – precisam liderar melhorias, reduzindo o lixo, a poluição do ar e da água e garantindo moradias de qualidade e bairros onde as crianças possam viver, se desenvolver e prosperar.

  1. Melhorar os ambientes para as crianças mais vulneráveis

A pandemia da covid-19 revelou desigualdades gritantes entre e dentro dos países. As crianças de famílias pobres tendem a enfrentar maior exposição aos danos ambientais do que as crianças de famílias mais ricas. Isso consolida e amplifica a desvantagem existente. Para reduzir as desigualdades, os governos e autoridades nacionais, regionais e locais devem priorizar investimentos destinados a melhorar a qualidade da moradia e as condições de vizinhança das famílias mais pobres, para que todas as crianças tenham ambientes adequados para crescer.

  1. Garantir que as políticas ambientais sejam sensíveis às crianças

Os governos e os formuladores de políticas devem garantir que as necessidades das crianças sejam incorporadas à tomada de decisões. As crianças são mais afetadas do que os adultos por certos riscos ambientais, porque seus corpos ainda estão em desenvolvimento; e as necessidades que eles têm de seus ambientes são distintas. Todos os países devem garantir que as políticas sejam sensíveis às crianças, de acordo com a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança. Exemplos podem ser tomados dos governos que já implementaram avaliações de impacto dos direitos da criança para todas as políticas – e dos muitos governos que estão atualmente procurando tornar seus ambientes mais amigos da criança. A adaptação às mudanças climáticas também deve estar na vanguarda das ações, tanto para os governos quanto para a comunidade global, e em vários setores, da educação à infraestrutura.

  1. Envolver as crianças, os principais atores do futuro

As crianças enfrentarão os problemas ambientais de hoje por mais tempo; mas são também os menos capazes de influenciar o curso dos acontecimentos. Os tomadores de decisão em todos os níveis, de pais a políticos, devem ouvir suas perspectivas e levá-las em consideração ao elaborar políticas que afetarão desproporcionalmente as gerações futuras. Por meio de exemplos como parlamentos infantis e juvenis e assembleias de cidadãos, as crianças devem ser envolvidas em debates e decisões ambientais e na concepção de seus ambientes.

  1. Assuma a responsabilidade global, agora e no futuro

Os impactos ambientais não respeitam as fronteiras nacionais. A poluição do ar produzida dentro de um país prejudica os países vizinhos e o mundo inteiro. As políticas e práticas devem proteger o ambiente natural do qual as crianças dependem. Governos e empresas, por meio de regulamentações e/ou incentivos, devem identificar e mitigar seu impacto global no meio ambiente. Os governos devem tomar medidas efetivas agora para honrar os compromissos ambientais que assumiram com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, incluindo a redução das emissões de gases de efeito estufa até 2050.

O UNICEF estima que, se “todo mundo consumisse recursos à taxa que as pessoas consomem nos países da OCDE e da UE, seria necessário o equivalente a 3,3 terras para acompanhar os níveis de consumo”. O relatório enfatiza que essas mudanças ambientais estão prejudicando a saúde física e mental das crianças. Globalmente, uma em cada quatro mortes de menores de cinco anos é atribuível a fatores ambientais, como ar tóxico, água imprópria e saneamento inadequado.

As crianças experimentam a degradação ambiental de uma maneira diferente dos adultos – seus corpos em desenvolvimento e sistemas imunológicos imaturos são mais suscetíveis à poluição do ar e à exposição a produtos químicos, e o impacto adverso começa já no útero. As crianças também têm menos autonomia para escolher suas condições de vida e terão que conviver com as consequências dos problemas ambientais históricos e atuais.

A crise climática e as respostas governamentais inadequadas são estressores crônicos para muitos jovens. Em uma pesquisa de 2021, de 10 mil indivíduos de dez países, com idades entre 16 e 25 anos, 59% estavam muito ou extremamente preocupados com as mudanças climáticas. Quase metade sentiu angústia a ponto de afetar o funcionamento diário, e a maioria se sentiu traída por seu governo por causa das mudanças climáticas.

Não há saúde infantil sem saúde planetária. A comunidade de saúde infantil deve intensificar seus esforços, tanto individual quanto coletivamente, para proteger o meio ambiente para todas as crianças e adolescentes.

Saiba mais:

Fontes:

 The Lancet Child & Adolescent Health – Published:June 30

No child health without planetary health

https://www.unicef-irc.org/places-and-spaces

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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