PESQUISAR

Sobre o Centro de Pesquisa
Sobre o Centro de Pesquisa
Residência Médica
Residência Médica
Não há saúde infantil sem saúde planetária
Compartilhar pelo Facebook Compartilhar pelo Twitter Compartilhar pelo Google Plus Compartilhar pelo WhatsApp
Não há saúde infantil sem saúde planetária

Não há saúde infantil sem saúde planetária

19/07/2022
  2886   
  0
Compartilhar pelo Facebook Compartilhar pelo Twitter Compartilhar pelo Google Plus Compartilhar pelo WhatsApp

Nosso planeta está em crise. As mudanças climáticas estão afetando todas as pessoas na Terra, com o aumento da temperatura e do nível do mar, da poluição da água e do ar e eventos climáticos extremos que afetam a nossa saúde, bem-estar e estabilidade. É só ver o que está acontecendo no nosso país este ano. As crianças, em particular, sofrem o impacto dessas consequências devastadoras.

O boletim “Innocenti’s Report Card 17, Places and Spaces” do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), publicado em 24 de maio, revela que todos os países da União Europeia (UE) ou da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) estão falhando em fornecer ambientes saudáveis ​​para as crianças. O Brasil não faz parte da OCDE (mas pleiteia uma vaga), portanto não participou dessa pesquisa. Porém, não há motivos para pensarmos que os nossos dados seriam diferentes.

O material explora como 43 países da OCDE/UE estão se saindo no fornecimento de ambientes saudáveis ​​para as crianças. O relatório se concentra nas seguintes questões:

  1. Como os fatores ambientais afetam o bem-estar das crianças?
  2. Como muitos dos países mais ricos do mundo estão se saindo em termos de proporcionar um ambiente saudável no qual as crianças possam viver, se desenvolver e prosperar?
  3. Que ações esses países podem tomar para melhorar os ambientes em que as crianças vivem?

Para isso, colocou perguntas como:

As crianças têm água potável para beber?

Eles têm ar de boa qualidade para respirar?

Suas casas estão livres de chumbo e mofo?

Quantas crianças vivem em casas superlotadas?

Quantas têm acesso a espaços verdes de lazer, protegidos do trânsito rodoviário?

Nesses países, 20 milhões de crianças têm concentrações elevadas de chumbo no sangue. Muitos estão respirando ar tóxico – partículas do ambiente e poluição do ar interior por combustíveis sólidos são responsáveis ​​por morbidade substancial entre crianças de zero a 14 anos (até 3,8 anos de vida ajustados por incapacidade por 1.000 crianças no México e 3,7 na Colômbia).

Nas últimas duas décadas, os boletins do UNICEF lideraram a comparação do bem-estar das crianças nos países ricos. O “Innocenti’s Report Card 16” introduziu uma estrutura multinível que colocou a criança no centro: seus resultados – saúde física, bem-estar mental e habilidades – são afetados pelo seu próprio mundo, o mundo ao seu redor e o mundo em geral. O “Innocenti’s Report Card 17” leva essa abordagem a um passo adiante. Como o estado atual do meio ambiente é moldado por ações passadas e pelo que está por vir, foi adicionada uma perspectiva de tempo ao modelo: o mundo que herdamos e aquele que deixamos para trás. E já que as ações ambientais de um país podem afetar as crianças de outros, eles também consideraram o impacto que os países têm além de suas próprias fronteiras.

O boletim 17 fornece cinco recomendações principais para melhorar os ambientes em que as crianças vivem e se desenvolvem:

  1. Concentre-se nas crianças agora, proteja o futuro

Os problemas ambientais de hoje estão custando às crianças anos de vida saudáveis. Os governos – nacional, regional e local – precisam liderar melhorias, reduzindo o lixo, a poluição do ar e da água e garantindo moradias de qualidade e bairros onde as crianças possam viver, se desenvolver e prosperar.

  1. Melhorar os ambientes para as crianças mais vulneráveis

A pandemia da covid-19 revelou desigualdades gritantes entre e dentro dos países. As crianças de famílias pobres tendem a enfrentar maior exposição aos danos ambientais do que as crianças de famílias mais ricas. Isso consolida e amplifica a desvantagem existente. Para reduzir as desigualdades, os governos e autoridades nacionais, regionais e locais devem priorizar investimentos destinados a melhorar a qualidade da moradia e as condições de vizinhança das famílias mais pobres, para que todas as crianças tenham ambientes adequados para crescer.

  1. Garantir que as políticas ambientais sejam sensíveis às crianças

Os governos e os formuladores de políticas devem garantir que as necessidades das crianças sejam incorporadas à tomada de decisões. As crianças são mais afetadas do que os adultos por certos riscos ambientais, porque seus corpos ainda estão em desenvolvimento; e as necessidades que eles têm de seus ambientes são distintas. Todos os países devem garantir que as políticas sejam sensíveis às crianças, de acordo com a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança. Exemplos podem ser tomados dos governos que já implementaram avaliações de impacto dos direitos da criança para todas as políticas – e dos muitos governos que estão atualmente procurando tornar seus ambientes mais amigos da criança. A adaptação às mudanças climáticas também deve estar na vanguarda das ações, tanto para os governos quanto para a comunidade global, e em vários setores, da educação à infraestrutura.

  1. Envolver as crianças, os principais atores do futuro

As crianças enfrentarão os problemas ambientais de hoje por mais tempo; mas são também os menos capazes de influenciar o curso dos acontecimentos. Os tomadores de decisão em todos os níveis, de pais a políticos, devem ouvir suas perspectivas e levá-las em consideração ao elaborar políticas que afetarão desproporcionalmente as gerações futuras. Por meio de exemplos como parlamentos infantis e juvenis e assembleias de cidadãos, as crianças devem ser envolvidas em debates e decisões ambientais e na concepção de seus ambientes.

  1. Assuma a responsabilidade global, agora e no futuro

Os impactos ambientais não respeitam as fronteiras nacionais. A poluição do ar produzida dentro de um país prejudica os países vizinhos e o mundo inteiro. As políticas e práticas devem proteger o ambiente natural do qual as crianças dependem. Governos e empresas, por meio de regulamentações e/ou incentivos, devem identificar e mitigar seu impacto global no meio ambiente. Os governos devem tomar medidas efetivas agora para honrar os compromissos ambientais que assumiram com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, incluindo a redução das emissões de gases de efeito estufa até 2050.

O UNICEF estima que, se “todo mundo consumisse recursos à taxa que as pessoas consomem nos países da OCDE e da UE, seria necessário o equivalente a 3,3 terras para acompanhar os níveis de consumo”. O relatório enfatiza que essas mudanças ambientais estão prejudicando a saúde física e mental das crianças. Globalmente, uma em cada quatro mortes de menores de cinco anos é atribuível a fatores ambientais, como ar tóxico, água imprópria e saneamento inadequado.

As crianças experimentam a degradação ambiental de uma maneira diferente dos adultos – seus corpos em desenvolvimento e sistemas imunológicos imaturos são mais suscetíveis à poluição do ar e à exposição a produtos químicos, e o impacto adverso começa já no útero. As crianças também têm menos autonomia para escolher suas condições de vida e terão que conviver com as consequências dos problemas ambientais históricos e atuais.

A crise climática e as respostas governamentais inadequadas são estressores crônicos para muitos jovens. Em uma pesquisa de 2021, de 10 mil indivíduos de dez países, com idades entre 16 e 25 anos, 59% estavam muito ou extremamente preocupados com as mudanças climáticas. Quase metade sentiu angústia a ponto de afetar o funcionamento diário, e a maioria se sentiu traída por seu governo por causa das mudanças climáticas.

Não há saúde infantil sem saúde planetária. A comunidade de saúde infantil deve intensificar seus esforços, tanto individual quanto coletivamente, para proteger o meio ambiente para todas as crianças e adolescentes.

Saiba mais:

Fontes:

 The Lancet Child & Adolescent Health – Published:June 30

No child health without planetary health

https://www.unicef-irc.org/places-and-spaces

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

deixe uma mensagem O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

posts relacionados

INICIATIVAS DA FUNDAÇÃO JOSÉ LUIZ EGYDIO SETÚBAL
Sabará Hospital Infantil
Pensi Pesquisa e Ensino em Saúde Infantil
Autismo e Realidade

    Cadastre-se na nossa newsletter

    Cadastre-se abaixo para receber nossas comunicações. Você pode se descadastrar a qualquer momento.

    Ao informar meus dados, eu concordo com a Política de Privacidade de Instituto PENSI.