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No início de agosto, participei de uma visita de campo para conhecer os projetos do Instituto de Pesquisas em Tecnologia e Inovação (IPTI), em Santa Luzia do Itanhy, sul de Sergipe, um dos municípios com menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil. O objetivo era, junto com a comunidade local, gerar soluções que sejam eficazes em contextos de extrema vulnerabilidade e que tenham potencial de escala.
Conheci o Saulo Barreto, um engenheiro do ITA e cofundador do IPTI, há uns quatro anos, quando ele nos procurou no Instituto Pensi para ajudá-lo em projetos de primeira infância e com um aparelho que media hemoglobina. Naquele momento, demos muitas sugestões, mas logo em seguida veio a pandemia e a coisa esfriou. Nesses anos, nós buscamos o IPTI por causa do nosso Fórum de Políticas Públicas, que tratará de insegurança alimentar pois soubemos do Nutrition for Healthy and Appetizing Meal (NHAM).
O NHAM é uma tecnologia social na área de segurança alimentar nas escolas municipais, integrando demanda e oferta da agricultura familiar com inteligência artificial e valorizando o uso de alimentos locais.
Lá, além do NHAM, pudemos ver de perto projetos como o Synapse Educação Infantil, os Romanceiros do Itanhy (que escrevem narrativas e livros infantis), Arte Naturalista, LuCA (que faz filmes), SIRi (escola de idiomas) e o CLOC (que promove o empreendedorismo criativo e digital na área de Tecnologia da Informação em comunidades de extrema pobreza e distantes dos grandes centros). Isso apenas para citar alguns projetos que me impressionaram mais.
O projeto Synapse já está em quatro Estados e em 27 cidades. Conta com mil professores e atinge 27 mil alunos. Como conseguiu uma verba do BNDES, a partir do ano que vem escalará para oito Estados e 58 cidades com 2,5 mil professores e 50 mil alunos.
Nossa Fundação, em parceria com outras duas instituições, deve se unir ao IPTI no projeto CRIA, de primeira infância. Além disso, devemos fazer uma edição dos 20 livros infantis dos Romanceiros de Itanhy, que são de ótima qualidade e construídos a partir de narrações das crianças do local e com ilustrações dos meninos da Arte Naturalista. Com o pagamento, financiaremos uma segunda leva de livros.
Fazer essa visita ao sertão de Sergipe na divisa com a Bahia e ver os resultados que as pessoas ali conseguiram é para ter esperança que o Brasil pode dar certo. Só precisamos encontrar os projetos certos, as pessoas certas nos lugares certos, e a boa vontade dos políticos, já que tudo isso é feito em parceria com o poder público e de acordo com as políticas públicas. Mesmo nos lugares mais remotos, mais pobres e com menos recursos existem pessoas dispostas a colaborar e a mudar a vida de sua comunidade.
Dá para entender por que o IPTI tem tantos prêmios de reconhecimento e também porque conta com parceiros da mais alta qualidade. Quando se faz um trabalho sério, com persistência e competência, a loucura aparente inicial se mostra viável e o sonho impossível se realiza.
Convido vocês a conhecerem a página do IPTI e ver os projetos que eles fazem no Sergipe. Parabéns, Saulo Barreto e a todos que fazem parte desse trabalho maravilhoso e obrigado por compartilharem conosco essa experiência fantástica de Santa Luzia do Itanhy.
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