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A Síndrome de Tourette é um transtorno do neurodesenvolvimento que recebeu esse nome em homenagem ao médico francês Georges Gilles de la Tourette. Em 1885, ele descreveu o caso de nove pacientes que apresentavam o que chamou de “doença dos tiques”.
Esse transtorno é classificado como um distúrbio do movimento, caracterizado pela presença de múltiplos tiques motores e pelo menos um tique vocal, com início antes dos 18 anos e duração superior a um ano. Os tiques são movimentos ou sons involuntários, rápidos e repetitivos, que podem até ser suprimidos por um curto período, mas geralmente retornam de forma espontânea. Em muitos casos, os tiques são precedidos por uma sensação de tensão ou desconforto interno, que tende a ser aliviado após sua execução.
Apesar da associação comum com a coprolalia — uso involuntário de palavras obscenas ou socialmente inadequadas —, esse é um sintoma raro e ocorre apenas em uma minoria dos casos. No entanto, é justamente esse sintoma que costuma ser mais destacado em filmes e séries, o que pode gerar estigmas e desinformação.
Estima-se que aproximadamente 0,5% da população mundial seja diagnosticada com a Síndrome de Tourette, sendo mais frequente em meninos. A condição pode estar associada a outros transtornos, especialmente o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) e o TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo).
Embora a síndrome possa acompanhar o indivíduo por toda a vida, ela pode ser bem controlada com o acompanhamento adequado. O tratamento inclui terapia comportamental, suporte psicossocial e, quando necessário, uso de medicações (sempre sob orientação médica). Com o manejo correto, é possível alcançar uma boa qualidade de vida.
A representação da síndrome em filmes, documentários e séries tem ajudado a reduzir o estigma, aumentar o conhecimento e promover empatia. Um bom exemplo é a série Baylen Out Loud, que conta a rotina de Baylen Dupree, uma jovem que convive com a síndrome e todas as suas dificuldades. Alguns famosos, como o cantor Lewis Capaldi, a cantora Billie Eilish e o ator Alex Wolff compartilham abertamente seus diagnósticos.
Se você quiser saber mais sobre o tema, seguem algumas sugestões de filmes que retratam a condição de forma sensível e realista:
Referências:
LAJONCHERE, C.; NORTZ, M.; FINGER, S. Gilles de la Tourette and the discovery of Tourette syndrome: includes a translation of his 1884 article. Archives of Neurology, Chicago, v. 53, n. 6, p. 567–574, 1996.
AFARI, Faranak et al. Systematic review and meta-analysis of Tourette syndrome prevalence; 1986 to 2022. Pediatric Neurology, v. 137, p. 6–16, 2022.
SEIDEMAN, Mary F.; SEIDEMAN, Travis A. A review of the current treatment of Tourette syndrome. The Journal of Pediatric Pharmacology and Therapeutics, v. 25, n. 5, p. 401–412, 2020.
PRINGSHEIM, Tamara et al. Practice guideline recommendations summary: Treatment of tics in people with Tourette syndrome and chronic tic disorders. Neurology, v. 92, n. 19, p. 896–906, 2019.
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