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O duplo impacto da má nutrição na primeira infância
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O duplo impacto da má nutrição na primeira infância

O duplo impacto da má nutrição na primeira infância

22/06/2020
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A má nutrição, como a desnutrição e a obesidade na infância foram historicamente estudadas e avaliadas de duas formas separadamente, considerando-se que afetavam populações diferentes e que associavam-se a fatores de riscos opostos e contrastantes. A desnutrição é caracterizada por deficiência energético-protéica crônica, contaminação de alimentos, extremos da pobreza, infecções e deficiências de micronutrientes.

A Obesidade é definida pelo excesso de peso, sedentarismo e consumo de alimentos ricos em gorduras e de alto valor energético. Porém, como resultado de mudanças sociais, econômicas e demográficas que ocorreram no mundo todo nas últimas décadas, os dois extremos dos agravos nutricionais são relacionados a “gatilhos” em comum e podem ser re-contextualizados em um mesmo espectro: a má nutrição.

Ao longo da vida, cada vez mais pessoas serão expostas às causas de desnutrição, que ainda persistem em países em desenvolvimento, e ao ambiente obesogênico (estilo de vida, hábitos de consumo e outros fatores ambientais que favorecem o excesso de peso) que se  expande ainda mais rapidamente nessas localidades. Quando essa exposição ocorre em estágios precoces da vida, os prejuízos parecem ser ainda maiores.

Os primeiros dois anos de vida da criança – os “1000 primeiros dias” – constituem um período crítico e sensível para a ocorrência de distúrbios nutricionais e metabólicos. Quando ocorrem nesta fase, tanto a desnutrição quanto a obesidade interferem no desenvolvimento e na organização de diversos sistemas do nosso organismo, podendo alterar seu funcionamento e regulação de forma permanente, predispondo a efeitos danosos a longo prazo.

Além disso, os “1000 primeiros dias” constituem um período de janela de oportunidade para o aprendizado de hábitos e comportamentos alimentares que terão impacto sobre a saúde e o bem-estar em todos os estágios da vida.

A crescente compreensão dos mecanismos pelos quais os agravos nutricionais na infância aumentam os riscos de problemas de saúde ao longo da vida, reforça a importância da avaliação  de estado nutricional, deficiências de micronutrientes e hábitos alimentares dos lactentes e pré- escolares. Diversos estudos já demonstraram o duplo impacto da má nutrição na infância e ao longo da vida. No entanto, ainda é necessário aprofundar nosso conhecimento sobre inúmeros aspectos relevantes:

  • A precocidade com que podem surgir complicações associadas à obesidade que, tipicamente, acometiam adultos em idades mais avançadas, como as Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) e a Síndrome Metabólica.
  • A associação existente entre a obesidade na infância e sua persistência na vida adulta. A presença da má nutrição na infância confere maior risco de agravos nutricionais na vida adulta.
  • Por outro lado, a desnutrição infantil compromete o desenvolvimento cognitivo e motor, altera o crescimento e predispõe a infecções recorrentes. Dessa forma, ameaça o potencial produtivo na vida adulta e a longevidade.
  • Eventos que ocorrem em período precoces e críticos do desenvolvimento interferem em processos de organização e regulação de orgãos e sistemas. Dessa forma, o tempo de aleitamento natural, o processo de introdução alimentar e o estado nutricional nos primeiros anos de vida moldam o funcionamento do organismo de forma permanente.
  • As consequências da má nutrição no início da vida podem ser transmitidas às próximas gerações por meio da epigenética (alterações da expressão de genes que levam a mudanças nas informações transmitidas geneticamente, sem que ocorram mudanças na sequência de genes do DNA).

As dificuldades que enfrentamos no cuidado e tratamento da crescente proporção de crianças  obesas e, ao mesmo tempo, desnutridas, faz com que a prevenção seja um dos principais pilares para a redução do duplo impacto da má nutrição na saúde do indivíduo e no nosso desenvolvimento como sociedade, reduzindo a frequência, gravidade e mortalidade pelas DCNT.

Saiba mais: Dia da Conscientização Contra a Obesidade Mórbida Infantil (03/06)

Dra. Nathalia Gioia

Dra. Nathalia Gioia

Médica Pediatra formada na Universidade Federal de São Paulo, com especialização em Gastroenterologia Pediátrica. É pesquisadora e responsável pelos atendimentos clínicos do Centro de Excelência em Nutrição e Dificuldades Alimentares (CENDA) do Instituto PENSI. Também atua no Hospital Infantil Sabará.

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