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A má nutrição, como a desnutrição e a obesidade na infância foram historicamente estudadas e avaliadas de duas formas separadamente, considerando-se que afetavam populações diferentes e que associavam-se a fatores de riscos opostos e contrastantes. A desnutrição é caracterizada por deficiência energético-protéica crônica, contaminação de alimentos, extremos da pobreza, infecções e deficiências de micronutrientes.
A Obesidade é definida pelo excesso de peso, sedentarismo e consumo de alimentos ricos em gorduras e de alto valor energético. Porém, como resultado de mudanças sociais, econômicas e demográficas que ocorreram no mundo todo nas últimas décadas, os dois extremos dos agravos nutricionais são relacionados a “gatilhos” em comum e podem ser re-contextualizados em um mesmo espectro: a má nutrição.
Ao longo da vida, cada vez mais pessoas serão expostas às causas de desnutrição, que ainda persistem em países em desenvolvimento, e ao ambiente obesogênico (estilo de vida, hábitos de consumo e outros fatores ambientais que favorecem o excesso de peso) que se expande ainda mais rapidamente nessas localidades. Quando essa exposição ocorre em estágios precoces da vida, os prejuízos parecem ser ainda maiores.
Os primeiros dois anos de vida da criança – os “1000 primeiros dias” – constituem um período crítico e sensível para a ocorrência de distúrbios nutricionais e metabólicos. Quando ocorrem nesta fase, tanto a desnutrição quanto a obesidade interferem no desenvolvimento e na organização de diversos sistemas do nosso organismo, podendo alterar seu funcionamento e regulação de forma permanente, predispondo a efeitos danosos a longo prazo.
Além disso, os “1000 primeiros dias” constituem um período de janela de oportunidade para o aprendizado de hábitos e comportamentos alimentares que terão impacto sobre a saúde e o bem-estar em todos os estágios da vida.
A crescente compreensão dos mecanismos pelos quais os agravos nutricionais na infância aumentam os riscos de problemas de saúde ao longo da vida, reforça a importância da avaliação de estado nutricional, deficiências de micronutrientes e hábitos alimentares dos lactentes e pré- escolares. Diversos estudos já demonstraram o duplo impacto da má nutrição na infância e ao longo da vida. No entanto, ainda é necessário aprofundar nosso conhecimento sobre inúmeros aspectos relevantes:
As dificuldades que enfrentamos no cuidado e tratamento da crescente proporção de crianças obesas e, ao mesmo tempo, desnutridas, faz com que a prevenção seja um dos principais pilares para a redução do duplo impacto da má nutrição na saúde do indivíduo e no nosso desenvolvimento como sociedade, reduzindo a frequência, gravidade e mortalidade pelas DCNT.
Saiba mais: Dia da Conscientização Contra a Obesidade Mórbida Infantil (03/06)