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Não faz muito tempo que vivemos uma tragédia em Goiânia, quando um adolescente que sofria bullying levou uma arma para a escola e atirou contra os colegas, matando dois e ferindo outros. Coincidentemente, na edição de dezembro de 2017 a revista Pediatrics traz um artigo interessante sobre o assunto.
Um novo estudo intitulado “Armas entre vítimas de bullying” mostra que essas vítimas tinham duas vezes mais chances de transportar uma arma de fogo ou uma faca para a escola. Fatores de risco adicionais, como brigas na escola com ameaças ou ferimentos, tornavam cada vez mais provável que esses adolescentes trouxessem armas para dentro de sua escola.
Os pesquisadores examinaram dados do Inquérito ao Comportamento de Risco Juvenil 2015. Eles encontraram que 20% dos alunos relataram serem vítimas de bullying durante o período de 12 meses anteriores ao acontecimento e 4% dos alunos relataram ter levado uma arma para a escola no último mês.
Quando os impactos de fatores de risco adicionais foram analisados individualmente, as probabilidades de armas serem levadas por vítimas de bullying que relataram medo de sua segurança, lutas na escola ou serem ameaçadas/feridas na escola eram, respectivamente, 3 vezes, 5 vezes e 6 vezes maior em comparação com as não vítimas. Os adolescentes que experimentaram as três experiências adversas adicionais eram muito mais propensos a levar armas para a escola em comparação com os que não eram vítimas (46% contra 2,5%).
Por outro lado, as vítimas de bullying que não experimentaram nenhum desses fatores de risco adicionais não apresentavam maior risco de levar uma arma para a escola. Os pesquisadores concluíram que os pais, o pessoal da escola e os pediatras devem estar atentos às bandeiras vermelhas, como contusões inexplicadas ou lesões constantes, evasão escolar e/ou ausência escolar frequentes, mas é necessária mais pesquisa para entender como o bullying afeta as meninas e os meninos de maneira diferente e os motivos pelos quais os adolescentes decidem trazer armas para a escola.
Como se pode ver, o bullying não é um fenômeno brasileiro e ocorre em outros lugares do mundo. É certo que o acesso às armas é muito maior nos EUA que no Brasil, mas mesmo assim, como vimos em Goiânia, pode ocorrer. Como orientam os pesquisadores, os pais e profissionais que lidam com as crianças devem estar atentos aos sinais e procurar fazer prevenção sobre o assunto.
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Fonte: Pediatrics December 2017
Complexities in the Association Between Bullying Victimization and Weapon Carrying
Melissa K. Holt , Gianluca Gini
As informações contidas neste site não devem ser usadas como um substituto para o cuidado médico e orientação de seu pediatra. Pode haver variações no tratamento que o pediatra pode recomendar com base em fatos e circunstâncias individuais.
Atualizado em 18 de novembro de 2024