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Em uma das portas que entramos, vivemos uma experiência bonita que me fez pensar sobre a força da identificação. Chamarei de Violeta a protagonista dessa história, com ela também estava sua mãe, a Fada-Físio, Sr. Incrível e eu, Chapeuzinho Vermelho.
Batemos na porta e a pequena Violeta estava em sua sessão de fisioterapia, mas chorava um chorinho de incômodos e chateação. Quando vimos a situação demos um “oi” e falamos que voltaríamos depois para não atrapalhar o procedimento.
Mas nesse momento ela ficou muito atenta à minha voz e parou de chorar, vimos aí uma oportunidade para entrar delicadamente e trabalharmos juntos para que a Violeta aproveitasse melhor aquela sessão.
Ficamos encantados com aquelas movimentações que a físio ajudava ela a fazer, e logo quisemos experimentar como seria fazer aqueles movimentos também. Eu brinquei que era a Físio e o Sr. incrível meu paciente. Nós nos posicionamos bem na frente da Violeta, formando assim um espelho de suas ações .
Violeta se conectou com o Sr. Incrível e com aquela nova situação instaurada, com isso o seu choro cessou e os movimentos foram ganhando novas proporções e significados.
Acredito que naquele momento o “espelho” teve um significado importante para ela: o da identificação. Ela pôde compartilhar com alguém aquele estado em que ela se encontrava e cada gesto que ela era conduzida a fazer, ela pôde compartilhar com alguém a sua vivência, e isso pode se transformar em aprendizagem ou ainda mais, uma possibilidade de se integrar como ser.
A identificação potencializou sua existência, confirmando com a presença do outro que ela também existia como indivíduo único e que poderia compartilhar e dividir suas experiências. Com o apoio do Sr. Incrível ela pôde ter uma experiência de unidade, consciência sobre si mesma, seu corpo e suas intenções.
A identificação através do jogo do espelho trouxe sentido e mais intenção para aquele momento. Um movimento conduzido pela em uma sessão de fisioterapia, estava agora carregado de intencionalidades, o propósito de jogar conosco e nos guiar pelo espaço trouxe mais motivação para cada movimento, uma cabeça que precisava ser levantada com sua própria força, não era mais um esforço e sim um motivo para ver nossos olhos ou os da mamãe, com isso o movimento ganhou sentido e função.
Nós nos fortalecemos e entendemos com o outro, que somos únicos mas que fazemos parte de uma comunidade e que cada corpo trás intenções para o mundo e que esse corpo pode interferir e transformar cada lugar ou encontro.
Obrigada Violeta por nos mostrar tantas coisas através dos seus olhos tão grandes e vivos!
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