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Por trás da porta
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Por trás da porta

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18/12/2017
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Quando brincamos de ser personagem, temos toda a liberdade do mundo para criarmos uma outra lógica de pensamento, um olhar diferente para o ambiente que nos cerca e uma forma de inventar o mundo que quisermos. A cada dia, em cada quarto, uma relação única é estabelecida com a dupla, com os acompanhantes e, principalmente, com a criança.

Todo dia que vou ao hospital tento me ver um pouco enquanto criança que fui e sempre estará aqui. Me lembro, enquanto criança, de pensar que nunca poderia esquecer do que estou sendo e que eu adoro brincar. Essas palavras estão sempre ao meu lado, é preciso permitir-se entrar na lógica da imaginação, do absurdo e do “ridículo” que mora em cada um.

Não digo com isso se infantilizar. Há por trás do personagem alguém, um ator ou uma atriz, adulto, e que tem consciência do que está fazendo. Não somos crianças, não queremos ser, mas é preciso exercermos sempre o exercício da alteridade, ou seja, nos colocarmos para ver e ouvir um outro alguém que está ali, da forma que puder estar.

Mas toda essa filosofia por trás do ator se transforma por trás da porta do quarto.

Ao chegar no quarto de L. junto com a princesa que não quer mais ser princesa Cinderela, me apresentei como xerife Woody, personagem que eu uso como inspiração para abrir o campo imaginário. Às vezes me confundem com cowboy, mas não, é xerife. Enfim, ao que importa, contei para L. sobre o que faço enquanto xerife: – É assim, aparece alguém na minha frente, eu mando prender. L. fica um pouco indignada e diz que eu estou sendo injusto: -Você precisa aprender o que é justiça, não pode fazer assim. Eu digo que eu faço assim porque não sei fazer de outro jeito, pois tenho medo, e se ela pode ensinar.

L: – É fácil, quando chegar alguém, você diz somente: Quê? Aí você vê, às vezes a pessoa só quer uma informação.

Inventamos um novo cumprimento, o Quê?

Com J. foi diferente, tudo o que dizíamos ele fazia Não com a cabeça. O pai nos deu a dica, ele gosta de jogar futebol. Narramos um jogo de futebol, nós com a bola na mão, passando de um pé para outro de J.

Também é possível ler pensamentos de bebês, chama-se telepatia, a Cinderela é graduada nisso, a ação consiste em escutarmos por telepatia o que o pequeno bebê está dizendo com os olhos.

Por trás de um pensamento sobre o que é justiça, a narração de futebol e a telepatia, tem gente querendo brincar. Para a relação não há receita, é muito treino, escuta e abertura para poder brincar. Na vida adulta as questões são outras, o pensamento é diferente, mas não dá pra esquecer que aprendemos a andar, falar, ler, escrever, entender e dar nome aos nossos sentimentos brincando. Raiva, amor, indignação, carinho, alegria…

Dizem que toda brincadeira tem um fundo de verdade, eu digo que toda brincadeira é a mais profunda verdade, depende do que se entende enquanto verdade, claro.

Leia também: Um encontro que deságua no oceano: é preciso imaginar

Por Otto Blodorn, Xerife Woody

Atualizado em 11 de novembro de 2024

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