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Centro do Instituto PENSI é referência internacional no tratamento de dificuldades alimentares
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Centro do Instituto PENSI é referência internacional no tratamento de dificuldades alimentares

Centro do Instituto PENSI é referência internacional no tratamento de dificuldades alimentares

16/10/2021
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Em um país em que uma em cada três crianças com menos de cinco anos tem anemia, lidar com a questão das dificuldades alimentares na infância é essencial. Para isso, o Instituto PENSI possui o CENDA (Centro de Excelência em Nutrição e Dificuldades Alimentares), com o objetivo de dar assistência e orientação às famílias em relação ao tema, além de promover ensino e pesquisa sobre o assunto.

Criado em 2013, o CENDA trabalha principalmente com questões de nutrição “que afetem a relação da criança com a família, seja por não comer ou pelo excesso de peso”, explica o Dr. Mauro Fisberg, pediatra e nutrólogo que coordena o centro. Para isso, o local conta com uma equipe multidisciplinar, formada por profissionais das áreas de pediatria, gastroenterologia, hebiatria (especialidade médica dedicada aos adolescentes), nutricionistas, fonoaudiólogos especializados em nutrição ou em problemas alimentares e uma psicóloga supervisora.

Segundo Fisberg, o Brasil passa por um processo de transição nutricional, uma característica comum aos países em desenvolvimento, apresentando tanto carências nutricionais como problemas de excesso de peso. A fome oculta ou a deficiência de vitaminas e minerais pode aparecer em todos os casos. Por isso, a anemia ainda afeta milhões de crianças no país – cerca de 33% em menores de cinco anos -, ao mesmo tempo em que a obesidade aumenta cada vez mais. “Ainda temos um grau muito grande de crianças com doenças que já poderiam estar solucionadas, como anemia e deficiências de vitaminas e minerais. Então, temos que arcar com diferentes problemas simultâneos – da má nutrição a obesidade grave”, completa.

Além disso, a pandemia de Covid-19 agravou as dificuldades alimentares em muitos casos. “O distanciamento social teve repercussões bastantes duras e complexas em relação à alimentação das crianças, com algumas coisas boas ou ruins dependendo da situação socioeconômica, do grau de isolamento, da participação da família e do acesso a alimentos”, diz Fisberg, salientando que, em razão disso, muitos pais e cuidadores se depararam com problemas novos e outros que já existiam, mas não eram percebidos.

Meu filho come mal, e agora?

Nos atendimentos às famílias, o CENDA recebe principalmente crianças com dificuldades para comer, além de “pacientes obesos e os obesos que comem mal, que é uma associação muito frequente”, conta o médico. O tratamento envolve consultas presenciais ou por videochamadas (que também passaram a ser realizadas no ano passado por conta da pandemia).

A consulta sempre é feita por três profissionais de saúde das áreas de pediatria, nutrição e fonoaudiologia. “Depois, fazemos uma discussão do caso entre a equipe multidisciplinar e damos um retorno, que determina a necessidade do tipo de atendimento, com consultas que podem envolver os especialistas atuando juntos ou separadamente”, conta Fisberg.

Para a coordenadora de nutrição do CENDA, Priscila Maximino, a atuação multidisciplinar “possibilita uma visão geral da criança e das suas conexões com a família e com os alimentos”. “É preciso entender se o problema do paciente está ligado a causas orgânicas, identificar possíveis desvios ou inadequações nutricionais e avaliar como ele lida com a mastigação, deglutição, respiração e sua própria relação com as refeições.”

A nutricionista frisa que é crucial a participação dos responsáveis pela criança durante o tratamento da dificuldade alimentar. “O adulto é responsável pela aquisição dos alimentos, pelo preparo – muitas vezes – e a escolha do que quer comer ou não. No caso das crianças, o cenário é totalmente diferente. Depende de como os pais oferecem o alimento, quais comidas são dadas e como é a rotina alimentar da criança”, explica.

Mais importante ainda, afirma Priscila, é entender que “as dificuldades alimentares nunca são iguais de uma criança para a outra” e, por isso, o atendimento é sempre diferente. “Pode ser necessário um acompanhamento médico, nutricional ou fonoaudiológico ou os três, dependendo da avaliação. O médico pode avaliar o estado nutricional e as condições clínicas, e o nutricionista avalia e pode aplicar técnicas dietéticas e de preparo dos alimentos para favorecer o consumo. E o fonoaudiólogo pode ajudar a promover uma situação de melhor relação da criança com os alimentos, respeitando a sua própria individualidade.”

 

Segundo o Dr. Fisberg, o fato de uma criança comer mal “depende tanto de situações pessoais e familiares quanto do ambiente em que ela está inserida na sociedade”. “Também temos que considerar os tipos de alimentos a que ela tem acesso, se mais pessoas da família possuem restrições, quais os tipos de reações que ela demonstra quando o alimento é oferecido e quais questões foram ou não solucionadas anteriormente por outros profissionais.”

 

Para o médico, o diferencial no atendimento do CENDA está no cuidado em considerar todos os aspectos que levam ao problema, começando ainda na gravidez. “Toda e qualquer dúvida dos pais ou cuidadores, por mais simples que seja, já representa uma dificuldade alimentar e é importante que exista uma orientação bem direcionada para a família. Esse trabalho preventivo é muito importante para impedir que haja uma deterioração nutricional, para que não existam carências bioquímicas, alterações do crescimento e do desenvolvimento e imunidade”, completa.

Pesquisas

Além do atendimento ao público, o centro realiza pesquisas na área de nutrição, tanto clínica como epidemiológica, e programas de ensino individuais ou em grupo, desde estágios em nutrição, residência médica e treinamentos, além de webinars, seminários e eventos presenciais ou à distância. “O CENDA faz pesquisas desde o seu princípio, algumas com outras instituições do Brasil e do exterior”, conta o Dr. Fisberg. “Temos uma série de pesquisas sobre segurança alimentar, obesidade, problemas nutricionais no mundo e na América Latina.”

Uma delas, realizada em parceria com o Baylor College of Medicine (EUA), permitiu a validação de um protocolo que ajuda a entender como a família se relaciona com a criança, por meio de questionários e observações clínicas. “Também fizemos algumas publicações importantes para determinar o papel do pai na relação, as diferenças que existem entre o pai e a mãe, os estilos que as famílias adotam e como isso se reflete no comportamento e no estado nutricional da criança.”

Atualmente, o CENDA é reconhecido como um centro de referência que produz conteúdo e impulsiona o tema de dificuldades alimentares Brasil afora e inclusive internacionalmente.

Saiba mais

 

Atualmente, o centro recebe pacientes encaminhados pelo Hospital Infantil Sabará ou por “pessoas que encontram nossos especialistas pelas redes sociais e Internet”, explica o Dr. Fisberg. Também realiza atendimentos assistenciais públicos, voltados a funcionários e à comunidade ligada ao Sabará, além de parcerias relacionadas a projetos de ensino e pesquisa. Para mais informações, acesse a página do CENDA.

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