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Novidades da Febre do Oropouche
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Novidades da Febre do Oropouche

Novidades da Febre do Oropouche

23/09/2024
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Em um novo estudo, publicado na revista científica The Lancet, os pesquisadores do grupo Fleury e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) confirmaram a existência de uma nova variante do vírus Oropouche (OROV) – responsável pelo surto de febre Oropouche no Norte do Brasil e que já se espalhou para a Bahia, Espírito Santo e Santa Catarina – e de duas novas mutações.

Desde o início do ano até agora, o Brasil registrou mais de 7,8 mil casos de febre Oropouche em 22 Estados, segundo dados do Painel de Monitoramento de Arboviroses do Ministério da Saúde. Para comparação, em 2023, foram 831 casos, todos em Estados da região Norte (Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima). Segundo a análise da Fiocruz, o aumento de casos foi causado por uma nova linhagem do OROV que surgiu no Amazonas entre 2010 e 2014 e se espalhou silenciosamente na última década.

No dia 2 de agosto, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP) informou o registro de cinco casos de Febre do Oropouche. Os casos autóctones (aqueles em que o paciente foi infectado pela doença no próprio local onde vive, sem histórico de deslocamento para outras regiões com maior reincidência da doença) foram identificados nos municípios Cajati e Pariquera-Açu, da região do Vale do Ribeira.

QUADRO CLÍNICO

Após a infecção, o vírus permanece no sangue dos indivíduos infectados de dois a cinco dias após o início dos primeiros sintomas. O período de incubação pode variar entre três e oito dias após a infecção pela picada do vetor.

O quadro clínico agudo evolui com febre de início súbito, cefaleia (dor de cabeça), mialgia (dor muscular) e artralgia (dor articular). Outros sintomas como tontura, dor retro-ocular, calafrios, fotofobia, náuseas e vômitos também são relatados. Casos com acometimento do sistema nervoso central (como meningite), especialmente em pacientes imunocomprometidos, e com manifestações hemorrágicas (petéquias, epistaxe, gengivorragia) podem ocorrer, mas são raros.

Parte dos pacientes (estudos relatam até 60%) pode apresentar recidiva, com manifestação dos mesmos sintomas ou apenas febre, cefaleia e mialgia de uma a duas semanas a partir das manifestações iniciais.

Os sintomas duram de dois a sete dias, com evolução benigna e sem sequelas. Em 25 de julho, o Ministério da Saúde confirmou dois óbitos por FO no país. Os casos são de mulheres do interior do estado da Bahia, com menos de 30 anos, sem comorbidades, que tiveram sinais e sintomas semelhantes a um quadro de dengue grave. Não havia relatos de óbitos associados à FO até então.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

A doença apresenta semelhança clínica com casos febris inespecíficos de outras arboviroses, como dengue, Chikungunya e febre amarela.

TRANSMISÃO VERTICAL

Estão em investigação seis casos de transmissão vertical (de mãe para filho) da infecção da Febre do Oropouche. São três casos em Pernambuco, um na Bahia e dois no Acre. Dois casos evoluíram para óbito fetal, houve um aborto espontâneo e três casos apresentaram anomalias congênitas, como a microcefalia. As análises estão sendo feitas pelas secretarias estaduais de saúde e especialistas, com o acompanhamento do Ministério da Saúde, para concluir se há relação entre a FO e casos de malformação ou abortamento.

No dia 11 de julho, o Ministério da Saúde emitiu uma nota técnica a todos os estados e municípios recomendando a intensificação da vigilância em saúde após a confirmação de transmissão vertical do vírus Oropouche pelo Instituto Evandro Chagas (IEC), que identificou presença do genoma do vírus em um caso de morte fetal e de anticorpos em amostras de quatro recém-nascidos.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da Febre do Oropouche é clínico, epidemiológico e laboratorial.

TRATAMENTO

Não existe tratamento específico. Os pacientes devem permanecer em repouso, com tratamento sintomático.

PREVENÇÃO

  • Evitar áreas onde há muitos mosquitos, se possível.
  • Usar roupas que cubram a maior parte do corpo e aplicar repelente nas áreas expostas da pele.
  • Manter a casa limpa, removendo possíveis criadouros de mosquitos, como água parada e folhas acumuladas.
  • Se houver casos confirmados na sua região, siga as orientações das autoridades de saúde local para reduzir o risco de transmissão, como medidas específicas de controle de mosquitos.

FONTES:

https://www.estadao.com.br/saude/variante-do-oropouche-que-causou-surto-no-norte-chegou-a-mais-estados-e-ha-novas-mutacoes-nprm/

https://institutopensi.org.br/febre-do-oropouche-apresenta-sintomas-semelhantes-aos-da-dengue/

Brasil. Ministério da Saúde. Febre do Oropouche. https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/f/oropouche

Brasil. Ministério da Saúde. NOTA TÉCNICA Nº 15/2024-SVSA/MS. Nota Técnica Conjunta CGLAB/IEC/DEDT/SVSA, que trata da Recomendação para intensificação da vigilância de transmissão vertical do vírus Oropouche. https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/f/oropouche/notas-tecnicas

Brasil. Ministério da Saúde. NOTA TÉCNICA Nº 6/2024-CGARB/DEDT/SVSA/MS Orientações para a vigilância da Febre do Oropouche. https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/f/oropouche/notas-tecnicas

Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Saúde confirma dois óbitos por Oropouche no país. https://www.gov.br/saude/pt-br/canais-de-atendimento/sala-de-imprensa/notas-a-imprensa/2024/ministerio-da-saude-confirma-dois-obitos-por-oropouche-no-pais

Prefeitura de São Paulo. Informe epidemiológico Febre Oropouche 02/08/2024. https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/Informe%20Oropouche%20v%200208.pdf

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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