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Mariana, 12 anos, não estava passando nada bem, tinha tido febre e estava sem forças. Foi atendida no Pronto Atendimento do Sabará Hospital Infantil, onde seria preciso colher exame de sangue. Para os leigos, na prática, isso significa que Mariana teria que enfrentar pelo menos uma picada, se a enfermeira acertasse de primeira.
Mariana tinha um problema sério com injeção que ninguém sabia. Ficou em pânico quando soube que iam perfurá-la com uma agulha. Ela lutou como pode contra essa situação. Mariana chorou, pediu por ajuda, ficou pálida, se debateu, mas nada disso foi o suficiente para que alguém impedisse a enfermeira de fazer o que estava ali para fazer, furar seu braço para tirar o sangue. Seus pais a seguraram com força e a enfermeira cumpriu seu dever. Em menos de um minuto, tudo se acalmou.
Com o resultado do exame em mãos, os médicos pediram a internação de Mariana. Outro exame de sangue deveria ser colhido e a equipe de Child Life Specialists foi chamada para prepará-la para enfrentar essa difícil barreira: outra punção venosa.
Quando entramos no quarto, percebemos que o nível de ansiedade de Mariana aumentou muito, sua respiração ficou mais rápida, ela ficou pálida. Diante deste quadro, eu rapidamente me apresentei:
– Boa tarde, meu nome é Sandra e esta é Dora. Trabalhamos aqui no hospital, porém não realizamos nenhum tipo de procedimento médico. Trazemos atividades lúdicas e também ajudamos as pessoas a enfrentarem situações difíceis.
Começamos a atividade.
– Ouvi dizer que você tem qualquer probleminha com seringas e agulhas, é isso mesmo?
Mariana deslizou na cama para dentro dos lençóis e, com seus olhos grandes de jabuticaba, acenou que sim, bem assustada.
As primeiras palavras que quis dizer a Mariana foram:
– Sabia que isso que você tem, muita gente tem? Muita gente mesmo! Gente grande e tudo mais. É por isso que tem uma preparação que eu costumo propor para as pessoas que passam por esse tipo de situação. Gostaria de tentar? Nada que você não quiser vai acontecer aqui hoje.
Mariana quis. Então, eu trouxe um boneco de pano para darmos injeção juntas, com seringa, agulha, tubo de coleta, tudo. Perguntei a ela:
– Você quer me ajudar a tirar o sangue dele? Ele mora aqui no hospital e precisa fazer exame. Você gostaria de me ajudar?
Mariana se encolheu no canto do sofá assustada por entrar em contato visual com o material de coleta de sangue. Perguntei a ela:
– Você quer que eu dê a injeção nele e você veja como é?
Ela assentiu com a cabeça. Comecei, então, com o procedimento e ela foi se aproximando. Depois da picada, ficou mais calma e me ajudou no restante do exame. Ela me ajudou a tirar o sangue do boneco a passar para os tubos de coleta.
Ao final da coleta no boneco, expliquei que ele precisou fazer o exame para se tratar. Neste momento, Mariana aceitou ser puncionada e eu garanti que ficaria ao lado dela o tempo todo. Assim foi feito. Quando a enfermeira entrou, eu pedi para ela se acalmar e fiz com Mariana exatamente igual ao que fizemos com o boneco. Mariana sabia que não haveria mais dor depois da picada, então comecei a contar em voz alta para que ela ficasse focada na minha voz. Calculei quando o exame ia acabar e avisei: quando chegar no 45, o exame vai acabar. E assim foi. Quando acabou, Mariana respirou aliviada.
Demos os parabéns, pois ela havia ultrapassado uma enorme barreira. Dali para frente, Dora acompanhou todas as punções e relatou que elas foram ficando cada vez menos traumáticas.
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Atualizado em 10 de dezembro de 2024