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Hoje, 11 de outubro, é Dia Nacional de Prevenção da Obesidade. Em homenagem a data, o Instituto PENSI divulga um texto sobre o tema produzido pelo Dr. Mauro Fisberg, pediatra e nutrólogo, coordenador do CENDA – Centro de Excelência em Nutrição e Dificuldades Alimentares e membro titular do Departamento de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Obesidade e Bom Senso
O mundo moderno mostra um padrão alimentar inadequado associado a inatividade física cada vez maior. O Brasil, assim como outros países em desenvolvimento, ainda apresenta altas taxas de desnutrição, mas com índices cada vez maiores de crianças com excesso de peso. Na população adulta, mais de 6 em cada 10 brasileiros, apresentam sobrepeso. As crianças alcançam índices crescentes, com mais de 3 em cada 10, com excesso de peso.
Um dos aspectos mais importantes é o de que o excesso de peso começa cada vez mais cedo, de forma mais intensa e com mais doenças associadas, persistindo e se agravando cada vez mais.
Alguns fatores são determinantes para o estabelecimento da obesidade na infância: alto ganho de peso na gestação, baixo ou alto peso no nascimento, pouco tempo de aleitamento e desmame precoce; além disto, a introdução de alimentos complementares não apropriados, emprego de fórmulas lácteas incorretamente preparadas, distúrbios do comportamento alimentar e inadequada relação familiar podem facilitar os gatilhos para o ganho de peso.
As classes sociais mais altas tem mostrado uma estabilização ou um menor ganho de peso nos últimos anos, mas as menos favorecidas, tem mostrado um grande aumento do excesso de peso, afetando todas as faixas etárias.
E os números crescem a cada novo estudo, a cada ano que passa, e esta condição alcança crianças cada vez mais precocemente. A combinação da genética, ambiente, alimentação inadequada, o uso cada vez mais restrito de alimentos tradicionais e o estilo de vida complexo dos centros urbanos, determina não somente o excesso de peso, mas consequências duras como o aumento de doenças crônicas – diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares. Além disto, temos a chamada fome oculta, com deficiências de ingestão, metabolização e utilização de minerais e vitaminas.
Mas o que nos preocupa também é que aparentemente todos queremos fórmulas magicas para resolver estes problemas. Uma simples combinação de palavras como- mudanças no estilo de vida, seria a solução. No entanto, esta mudança significa muitas vezes sair do conformismo, e dos hábitos repetitivos de todo um grupo cultural. Todos se arvoram no direito de dizer como devemos nos comportar, comer, beber, ler ou comentar. Todos temos de fazer atividade física intensa, temos de comer todas as refeições diariamente, de forma equilibrada, saudável, natural, não industrializada, orgânica, multicultural, mas ao mesmo tempo localmente produzida sem desperdícios. O que queremos é que possamos viver com paixão pelo alimento, pela natureza, pela possibilidade de dividir com os menos favorecidos e evitar os desperdícios.
Comer é uma mescla de sobrevivência, hábitos e prazer. No entanto, comer de forma mais natural, mais equilibrada, e com maior responsabilidade social pode fazer com que tenhamos o balanço adequado entre a alimentação saudável, segura, prazerosa e que consiga evitar que tenhamos ganho de peso.
O que sabemos de forma segura é que para prevenir a obesidade, precisamos de bom senso, aumentar a nossa atividade física no dia a dia, modificar os padrões de nossa alimentação, maior responsabilidade das políticas públicas de saúde e prevenção das doenças crônicas. A pandemia do Covid 19 só ressaltou a urgência de combinar medidas de prevenção do excesso de peso em todo o mundo.