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“A odontologia é uma profissão singular, exige dos que a ela se dedicam o senso estético de um artista, a destreza manual de um cirurgião, os conhecimentos científicos de um médico e a paciência de um monge”.
(Dr. Mario Chaves –1953, Faculdade Nacional de Odontologia)
Apolônia estava encantada com seu novo sorriso. Ela não conseguia compreender quando algumas pessoas diziam ter medo de dentista e que a Odontologia estava ultrapassada. Mas seu sorriso feliz e saudável era prova disso. Ele tinha trazido novamente a alegria de viver, depois daqueles incidentes com aqueles lunáticos que quebraram seus dentes e quase lhe tiraram a vida. Era um milagre estar ali, sorrindo de novo. Ah! Claro! Ela tinha muito a agradecer ao Dr. Joaquim, dentista corajoso, um defensor da Odontologia.
Dr. Joaquim também estava muito feliz com sua atuação, pois no começo da carreira, os tratamentos parcialmente se resumiam a “tirar dentes” e “tapar buracos”. Agora não. Agora ele tinha mais liberdade para exercer a profissão, pois havia lutado, estudado e a evolução havia chegado, “ainda que tardia”. Sim, ele também tinha muito que agradecer aos seus mestres.
Entre eles estava o Dr. Pedro, aquele francesinho simpático, autor do livro Le chirurgien dentiste que, logo nos primórdios, já trazia inspiração para a classe, com suas considerações sobre a anatomia bucal, sobre as restaurações e até sobre implantes que serviram de motivação para milhares de dentistas melhorarem seus padrões de atendimento.
Um desses dentistas foi o Dr. Horacio que, com seu colega William Tomas, formaram uma clínica e trabalharam juntos por uns seis meses. O Dr. Horacio era muito preocupado com as dores de dentes de seus pacientes e, em um “insight” incrível, imaginou uma forma de atendê-los sem aqueles gritos angustiantes de dor. Ele havia assistido uma apresentação de circo que passava pela cidade e notou que os palhaços quando caíam, e a criançada morria de rir, não se machucavam, ou melhor, machucavam, mas não tinham dor.
Pronto! Estava ali a solução de seus problemas para tirar a dor de dente da clientela. Que tremenda descoberta! Porém, os médicos que avaliaram suas técnicas não lhe deram crédito, até debocharam dele. Horacio voltou para casa, cabisbaixo, mas continuou a atender seus pacientes com o óxido nitroso e fez muito sucesso entre eles. Dr. Willian, que não era bobo, aproveitou os ensinamentos do colega, mas aprimorou as técnicas. Hoje, os dois são idolatrados pela comunidade médica e odontológica do mundo inteiro.
Nesse contexto, a Odontologia continuou a evoluir quando o Dr. GV, conhecido mais na vizinhança por Dr. Black, desenvolveu equipamentos, materiais como o amálgama e ainda ensinou como conter as restaurações nos dentes. O Dr. Black fazia aquelas restaurações de platina (na verdade é uma mistura de pó de prata com mercúrio – aquele metal líquido do termômetro) que tinham uma qualidade excepcional. Elas, quando bem preservadas, podiam durar uns 20, 30 anos. Não há dentista que não tenha adorado um amálgama, sua escultura, o brilho, as propriedades e a forminha de estrela que as crianças adoravam. Esse Dr. Black era “beautiful”.
Mas os tempos mudaram. Estamos em uma época em que a estética valorizada são os dentes clarinhos e alinhados, cartões de visita. O Dr. Eduardo, por exemplo, colocava aparelhos como ninguém, além de ter sido o primeiro especialista na área. Ele lecionava em várias escolas e também é adorado pelos ortodontistas e pelas mães das crianças que apresentam dentinhos nivelados e sem maloclusão.
Hoje, do mesmo modo que os médicos adoram o Dr. Horacio, os dentistas têm aprendido a reverenciar um médico ortopedista que veio das terras frias do norte para revolucionar a Odontologia, o Dr. PI, também conhecido como Dr. Branemark. Esse simpático doutor tinha uma preocupação social enorme, pois não podia ver seus conterrâneos velhinhos brigarem com as dentaduras mal adaptadas, dançando na boca.
Ele criou um sistema revolucionário de colocar pininhos nos ossos da mandíbula e do maxila para segurar as dentaduras. A preocupação dele era permitir que nossos avós apreciassem os almoços de domingo com a família. Tá certo que os americanos fizeram uma verdadeira revolução com seus ensinamentos e, atualmente, só fica sem dente quem quer. Apolônia sabe bem disso.
Quem também não pode deixar de ser lembrada nesta data é a Dra. Evangeline, que é considerada uma “mãe” por muitas mães e pelos odontopediatras. Ela lutou muito para as crianças serem atendidas como tal, e não como adultos pequenos. Finalmente, para coroar este mês, repleto de efemérides na saúde odontológica, não podemos deixar de lembrar o Dr. Manuel. Ele, junto com amigos, fundou uma academia para cuidar de pacientes com necessidades especiais, em uma sociedade que trabalhava no desenvolvimento da Odontologia para as crianças.
Como se vê, a alegria de Apolônia com seus dentes novos tem que ser repartida com vários profissionais que, com dedicação, carinho e comprometimento, revolucionaram a Odontologia. Eles quebraram paradigmas e transformaram essa especialidade da saúde em uma arte/ciência moderna, com novidades de última geração em benefício das pessoas, de nossas famílias, por décadas. Por que não dizer por séculos?
Parabéns à Odontologia e aos seus profissionais por promoverem saúde, qualidade de vida e sorrisos encantadores.
O mês de Outubro é dedicado à Saúde Bucal, ao Cirurgião-Dentista, à Odontologia e às Pessoas com Deficiência. Aos nossos heróis, reverenciamos suas obras:
Santa Apolônia – mártir do cristianismo, padroeira dos dentistas.
Joaquim José da Silva Xavier – mártir da Independência, patrono da odontologia.
Pierre Fauchard – francês, “pai da odontologia”, autor do primeiro livro sobre o tema.
Horace Wells – dentista americano, “pai da anestesiologia”.
William Thomas Green Morton – dentista americano, responsável pela primeira demonstração pública com sucesso, de uma droga anestésica por inalação.
Greene Vardiman Black – dentista americano, “pai da odontologia moderna”.
Edward Hartley Angle – dentista americano, “pai da ortodontia moderna”.
Per-Ingvar Brånemark – médico sueco, especialista em implantologia e osseointegração, “pai da implantodontia moderna”.
Evangeline Jordan – dentista americana, “mãe da odontopediatria”.
Manuel Album – dentista americano, “pai da odontologia para pacientes com necessidades especiais”.
Leia também: Odontologia hospitalar para crianças
Por Dr. Reynaldo Figueiredo, especialista em Odontopediatria, Odontologia para pacientes com necessidades especiais, Implantodontia e Habilitação em Odontologia Hospitalar e Laserterapia.
Atualizado em 3 de abril de 2024