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Odontologia hospitalar para crianças
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Odontologia hospitalar para crianças

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16/07/2014
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A Odontologia conta com 19 especialidades reconhecidas pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO). Neste post vou me ater sobre uma delas e que atualmente está em bastante evidência: a Odontologia Hospitalar. Não quero entrar na discussão sobre a especialidade em si e sim qual é a importância dela para a odontologia infantil.

A primeira vez que me dei conta da Odontologia Hospitalar eu estava cursando meu último ano de graduação e alguns professores faltaram na aula porque foram realizar um tratamento odontológico em um hospital, na época o tratamento foi realizado em uma criança deficiente e se restringia a fazer extrações de dentes destruídos e que afligiam a paciente. Minha história dentro de um centro cirúrgico hospitalar também começou há bastante tempo, lá pelos idos de 1986. Naquela época, já especialista em Odontopediatria, também fui cuidar de crianças com necessidades especiais em hospital. Não era uma atividade muito comum, mas já tínhamos a preocupação de não executarmos apenas procedimentos cirúrgicos radicais, a conservação dos dentes em crianças já se fazia necessária.

Quanto estagiei no Children Hospital, em Washington, D.C., nos Estados Unidos, no meu primeiro dia de hospital fui para o centro cirúrgico com uma colega colombiana. Nosso procedimento foi simples: moldar um bebê com pouco mais de um ano para prepararmos um aparelho ortodôntico, pois a criança apresentava fenda palatina. Era uma criança com menos de dois anos de idade e já estava recebendo sedação em hospital. Algum tempo depois, ao visitar um amigo texano, que havia conhecido no hospital, pude constatar que a Odontologia Hospitalar já era praticada regularmente por ele e sua equipe. Só naquele ano ele havia levado mais de oitenta crianças para serem atendidas em hospital. Devo confessar que o número me surpreendeu, mas nos Estados Unidos, tanto pela formação profissional, como pelas facilidades operacionais esse já é um hábito corriqueiro, tanto para crianças como para pacientes especiais.

Meus números ainda são mais modestos que o do meu amigo texano, mas depois de mais de 600 tratamentos odontológicos em hospital, aprendi alguma coisa sobre o assunto. Para começar, todo mundo fica preocupado quando vai para um hospital realizar uma cirurgia, se é nosso filho então a apreensão é muito maior.

Mas por que uma criança precisa ser levada para fazer tratamento odontológico em hospital?

São várias as situações. A começar pelas crianças (mais os adolescentes e adultos) com necessidades especiais que não permitem uma abordagem adequada para se fazer o tratamento no consultório. Posso falar tranquilamente que aproximadamente 10% dos meus pacientes com necessidades especiais precisam de tratamento em hospital, simplesmente porque é absolutamente impossível tratá-los com segurança e executar procedimentos com qualidade, devido às condições clínica. Incoordenações motoras, deficiências graves, falta de colaboração e alterações sistêmicas severas são apenas algumas das condições que indicam o tratamento em hospital.

Outra condição importante é o acesso do paciente ao consultório. Já recebi crianças de outros estados, do interior e até de outros países que me procuram pela indisponibilidade de tratamento de qualidade em seus locais de origem. A criança vem para São Paulo porque em sua cidade o tratamento é difícil ou não existe. Para que o tratamento, às vezes extenso, não demore semanas ou meses, a indicação do hospital é uma boa pedida.

Atualmente a Odontologia Hospitalar tem sido bem aceita pela população, por isso, crianças pequenas, com menos de cinco anos, dependendo das condições clínicas e bucais, têm sido indicadas para tratamento em hospital. O tratamento é mais rápido, menos angustiante para a família e para a criança.

Recentemente, atendi uma criança no hospital com três anos. Precisei tratar seis canais e reconstruir doze dentes, tudo por causa daquela famigerada cárie de mamadeira, já comentada em outros posts. Para uma criança pequena, que precisa vir regularmente ao consultório, tomar anestesia, ficar de boca aberta por muito tempo não é uma tarefa fácil. Para os pais que precisam acompanhar seus filhos e necessitam, muitas vezes, alterar suas rotinas de trabalho ou cuidados com outros filhos, também não é fácil. Portanto, um procedimento desse porte pode ser realizado em algumas horas e a criança sai com uma boca, vamos dizer, seminova. Porque nova mesmo só quando houver as trocas dos dentes de leite pelos permanentes. Não é fácil, mas pelo menos se afastam os fantasmas da dor e infecção.

Tudo muito bom, tudo muito bem, mas e aí, como ficam os pais, com aquela angústia de ver o filho indo para o centro cirúrgico? Costumo dizer: você tem medo? Mas de avião você viaja, né? Eu também tenho minhas preocupações com a anestesia geral, mas é um procedimento muito, mais muito, seguro. Como dizia um amigo anestesiologista, professor de faculdade: “Reynaldo, fale para seu paciente que é mais seguro fazer a anestesia do que ele ir de carro da casa dele para seu consultório”.

Sou muito criterioso, seleciono o máximo os pacientes que levo para o hospital, tento de todas as maneiras resolver os problemas no consultório, mas em determinadas circunstâncias é a melhor opção. Algumas regrinhas são fundamentais: escolha um ótimo cirurgião-dentista, que seja habilitado para operar em hospital, existem ótimos profissionais, muitos deles não afeitos ao ambiente hospitalar. Tenha uma equipe de anestesiologistas de primeira qualidade, ali no centro cirúrgico quem manda é ele. Escolha um hospital que tenho o serviço odontológico e que saiba cuidar bem de seu pequeno, como por exemplo, o Hospital Infantil Sabará. Está tudo certo? Bem, fé em Deus e orações, assim como fazemos quando viajamos de avião.  E não se esqueça, isso só deve acontecer dessa vez, não faça disso uma rotina, a não ser que seja absolutamente imprescindível. Você vai ver, o bicho não é de pelúcia, mas também não tem sete cabeças.

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Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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