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Dia 2 de abril se comemora o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma deficiência de desenvolvimento, que pode afetar as habilidades sociais, a comunicação e o comportamento de uma criança. Como a maioria das crianças no espectro se senta, engatinha e anda na hora certa, os pais podem não notar atrasos nas habilidades sociais e de comunicação logo no primeiro ano de vida. Essa é uma das dificuldades do TEA.
Quais são os primeiros sinais do TEA?
Crianças autistas e suas famílias podem ser saudáveis e resilientes, mas mais pesquisas são necessárias para entender o curso do desenvolvimento de crianças diagnosticadas no espectro. No entanto, estudos recentes mostram que muitas crianças com diagnóstico de TEA são saudáveis e passam bem no meio da infância.
Há uma certa polêmica quanto a incidência do TEA. Cerca de 1 em cada 36 crianças americanas (2,8%) são diagnosticadas aos 8 anos de idade, de acordo com dados de 2020 da Rede de Monitoramento de Deficiências de Autismo e Desenvolvimento dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos. Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) trabalha com um número bem menor, uma em cada 160 crianças.
Uma verdade em qualquer lugar é que os meninos são diagnosticados no espectro quase quatro vezes mais frequentemente do que as meninas. Ainda assim, pela primeira vez, os diagnósticos de TEA relatados entre meninas de 8 anos ultrapassaram 1%. Também relatado pela primeira vez, a porcentagem de crianças de 8 anos nos EUA, negras (2,9%), hispânicas (3,2%) e asiáticas ou das ilhas do Pacífico (3,3%) identificadas no espectro do autismo foi maior do que entre crianças brancas de 8 anos (2,4%).
Outra coisa que se observa globalmente é que, no geral, o número de crianças relatadas como pertencentes ao espectro aumentou desde o início dos anos 1990. O aumento pode ser causado por muitos fatores, como:
As crianças no espectro do autismo não têm uma causa ou razão comum para terem a condição. Muitos fatores podem levar a um diagnóstico de TEA e os cientistas continuam a aprender mais sobre o que causa o transtorno. Atualmente, sabemos que:
– Famílias não causam TEA;
– As vacinas não causam TEA;
– O histórico médico da família pode desempenhar um papel. Para uma criança diagnosticada com TEA, a chance de um irmão também ser diagnosticado é 10 a 20 vezes maior do que para a população em geral;
– A maioria das crianças no espectro não tem uma condição médica ou genética específica que explique o porquê. No entanto, o autismo pode ocorrer com mais frequência em crianças com certas condições médicas como síndrome do X frágil, esclerose tuberosa, síndrome de Down ou outros distúrbios genéticos. Bebês nascidos prematuros são outro grupo de alto risco;
– Os fatores ambientais que podem contribuir para o autismo também são uma importante área de pesquisa; estes ainda não são bem compreendidos.
Em 2013, os critérios diagnósticos para o TEA mudaram. Isso foi baseado na literatura de pesquisa e na experiência clínica nas duas décadas desde que o DSM-IV foi publicado em 1994. Agora, crianças com características mais sutis estão sendo identificadas no espectro do autismo. Várias condições costumavam ser consideradas no DSM (Transtorno autista, Transtorno invasivo do desenvolvimento – não especificado de outra forma, Síndrome de Asperger, Transtorno desintegrativo da infância). Com a publicação da quinta edição do DSM em 2013, os termos listados acima não são mais usados e essas condições agora são agrupadas na categoria mais ampla de Transtorno do Espectro Autista.
Cada criança autista tem necessidades diferentes. Quanto mais cedo o transtorno for identificado, mais cedo um programa de intervenção precoce direcionado aos sintomas da criança poderá começar. A pesquisa mostra que iniciar um programa de intervenção o mais rápido possível pode melhorar os resultados para muitas crianças.
Além disso, as crianças no espectro do autismo podem ter outros problemas médicos que precisam de avaliação e tratamento adicionais: condições comumente coexistentes, chamadas comorbidades, podem incluir convulsões, problemas de sono, problemas gastrointestinais (problemas de alimentação, dor abdominal, constipação, diarreia) e problemas comportamentais de saúde, como ansiedade, TDAH, irritabilidade e agressividade. Algumas dessas condições médicas podem colocar as crianças no espectro do autismo em risco aumentado de doenças mais graves e complicações de infecções como a covid-19.
A Fundação José Luiz Egydio Setúbal, desde 2015, absorveu a ONG Autismo e Realidade e passou a ser responsável por todo material produzido até então e assumiu a bandeira da inclusão das pessoas com necessidades específicas e, mais especialmente, o autismo. Desenvolvemos pesquisas, trabalhos científicos em parceria com o Ministério da Saúde para diagnóstico precoce no SUS, estudamos uma adaptação da metodologia ABA simplificada para ser adotada na rede pública, estamos desenvolvendo com a FIPE o custo de uma cesta para famílias que têm crianças autistas e desenvolvemos apostilas e disponibilizamos no site para que possam ser baixadas gratuitamente. Enfim, fazemos bastante coisa em pró das crianças e famílias que possuem pessoas com autismo. Esperamos que nossos governantes se sensibilizem com o tema e providenciem locais para atendimento e diagnóstico.
Fonte:
Academia Americana de Pediatria (Copyright @ 2023)
https://www.paho.org/pt/topicos/transtorno-do-espectro-autista
Saiba mais:
https://autismoerealidade.org.br/
https://www.youtube.com/playlist?list=PLdctaWFAO0WPm8w4ErnTPOiUJ4fgdYf0b