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O Ministério da Saúde admitiu haver alto risco de retorno da poliomielite ou paralisia infantil em alerta feito no final de junho, após uma reunião com secretários estaduais e municipais de saúde.
Pelo menos 312 cidades brasileiras, sendo 44 no Estado de São Paulo, não conseguiram atingir 50% da cobertura vacinal. Quando uma cidade tem esse indicador passa a ter as condições de ter casos de poliomielite, doença cujo último registro foi em 1990. Será um desastre para a saúde no Brasil, já muito abalada pelos surtos que rondam o país nos últimos anos. Desde 1994 a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a doença erradicada das Américas.
A recomendação é de que a cobertura vacinal contra pólio seja superior a 95%. A situação mais grave é na Bahia, onde 15% dos municípios imunizaram menos do que 50% das crianças, seguido do Maranhão, com 14%, e apenas Rondônia, Espírito Santo e Distrito Federal não têm cidades sob risco elevado.
Esse quadro geral é muito preocupante, pois pelos dados do Ministério da Saúde, em 2017 pelo menos 800 mil crianças estavam sem o esquema completo de vacinação – que compreende três doses de vacina para prevenir a poliomielite. A preocupação ganha corpo, sobretudo em um momento em que se discute a presença do poli vírus derivado na Venezuela, aonde as autoridades sanitárias cogitaram a possibilidade de que uma criança tenha sido contaminada por essa mutação do vírus.
Quando a vacina em gotas é dada para a criança, o vírus vivo atenuado contido no imunizante pode ficar presente no ambiente, uma vez que é eliminado pelas fezes da criança, por quatro a seis semanas, criando o que se chama de efeito rebanho. De quebra, a população que tem contato com o vírus atenuado também fica protegida contra a doença. Isto ocorre em regiões onde o saneamento básico é precário.
Mas se isso ajuda na imunização, também cria um problema, em raríssimas ocasiões, o poliovírus pode ter contato com outros vírus, como o rotavírus, sofrer uma mutação e, com isso, criar uma nova onda de infecções.
A Sociedade Brasileira de Imunizações e a Sociedade Brasileira de Pediatria chamam a atenção para o fato de que o risco aumenta nos casos em que a cobertura vacinal é menor. Daí a necessidade de a imunização ser, sempre, mantida em 95%, não só da vacina da pólio, mas de outras vacinas que estão com índices muito abaixo do esperado e que historicamente vinham se mantendo em níveis adequados. As vacinas tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba), pentavalente (difteria, tétano, coqueluche, meningite por Haemophilus influenzae tipo b e poliomielite) e pneumococo também precisam alcançar índices de imunização que protejam a população toda, e para isso os pais precisam levar seus filhos para fazerem a vacinação.
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Fontes:
As informações contidas neste site não devem ser usadas como um substituto para o cuidado médico e orientação de seu pediatra. Pode haver variações no tratamento que o pediatra pode recomendar com base em fatos e circunstâncias individuais.
Atualizado em 10 de dezembro de 2024