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Antibióticos nos alimentos: os pais devem se preocupar?
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Antibióticos nos alimentos: os pais devem se preocupar?

Antibióticos nos alimentos: os pais devem se preocupar?

28/11/2024
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Existe uma lenda urbana sobre a presença de antibióticos e hormônios em alimentos. Mas o que há de verdade nisso? Outro dia, me deparei com um artigo da Academia Americana de Pediatria (AAP) informando os pais sobre o assunto e resolvi escrever algo me baseando nas recomendações do órgão.

Os antibióticos têm ajudado a melhorar a vida da humanidade desde a década de 1930. Na verdade, há boas chances de que seu filho(a) já tenha tomado antibióticos para uma infecção comum, como faringite estreptocócica ou infecção do trato urinário, que são as mais comuns na infância. Ao mesmo tempo, você também ouviu que muitos antibióticos são perigosos para a nossa saúde. Esta é uma das razões pelas quais os pediatras são cuidadosos em prescrever antibióticos somente quando eles são realmente necessários e úteis. Porém, a presença de antibióticos em nosso suprimento de alimentos também pode causar preocupações.

Segundo um relatório da AAP, por décadas, fazendeiros dos Estados Unidos deram antibióticos a animais criados como alimento ou animais que produzem alimentos para nós, como vacas ou cabras que dão leite ou galinhas que produzem ovos. Mas, nas décadas de 1960 e 1970, pesquisadores descobriram que bactérias nos corpos dos animais estavam ‘revidando’. Quando as galinhas recebiam antibióticos na água ou na ração, bactérias causadoras de doenças em seus corpos se adaptavam rapidamente. Depois de um curto período, esses germes ou bactérias mostraram resistência aos antibióticos.

Isso nos revelou como a resistência a antibióticos pode se desenvolver em germes que causam intoxicação alimentar e outras doenças. Frango, carne bovina, suína, peru, ovos e leite — e produtos feitos a partir deles — são uma grande parte da dieta dos EUA. Décadas após os estudos com galinhas, há uma conscientização crescente de que a saúde humana está intimamente ligada à saúde dos animais, plantas e meio ambiente.

Profissionais de saúde que trabalham com crianças estão preocupados que os antibióticos percam seu poder de curar infecções comuns. Se isso acontecer, surtos de doenças causadas por Salmonella e Campylobacter podem acontecer com mais frequência. Superbactérias resistentes a antibióticos comuns podem adoecer mais crianças (e tirar mais vidas). A cada ano, nos EUA, bactérias resistentes a antimicrobianos causam, pelo menos, 2,8 milhões de infecções e mais de 35 mil mortes, incluindo em crianças. Isso também ocorre no Brasil e no restante do mundo, e hoje em dia é um problema de saúde pública muito importante.

A Food and Drug Administration (FDA, o órgão regulador americano, como se fosse a ANVISA,) já aprovou regulamentações que visam:

  • Acabar com o uso de antibióticos para fazer animais de fazenda crescerem mais rápido e maiores. Antibióticos só podem ser usados ​​para impedir que doenças se espalhem em grupos de animais.
  • Exigir uma prescrição de um veterinário que supervisiona o uso de antibióticos na fazenda.

A AAP agora incentiva as agências governamentais a:

  • Seguir o exemplo dos países da União Europeia, onde os antibióticos já não são utilizados no cultivo de alimentos nem nos animais utilizados na produção de alimentos.
  • Concentrar-se em retirar dos nossos alimentos os antibióticos de que os humanos mais necessitam — aqueles frequentemente chamados de “medicamente importantes”.
  • Limitar o tempo durante o qual os animais destinados à alimentação podem tomar antibióticos.
  • Exigir melhor acompanhamento e comunicação das práticas de produção de alimentos.
  • Compartilhar fatos com o público para que possamos trabalhar juntos pelo progresso.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que agricultores e a indústria alimentar deixem de usar antibióticos rotineiramente para promover o crescimento e prevenir doenças em animais saudáveis. As novas recomendações da OMS têm o objetivo de ajudar a preservar a eficácia dos antibióticos importantes para a medicina humana, reduzindo seu uso desnecessário em animais.

Em alguns países, aproximadamente 80% do consumo total de antibióticos medicamente importantes está no setor animal, em grande parte para a promoção do crescimento em animais saudáveis.

Aqui no Brasil não temos regulamentação específica que fale sobre a presença de antibióticos nos rótulos dos produtos. Enquanto buscamos melhores regulamentações, veja o que você pode fazer para proteger a saúde da sua família — e a saúde de outras pessoas também:

  • Sempre que puder, escolha carne e laticínios criados com zero antibióticos. Procure alimentos orgânicos ou que façam referência ao uso de antibióticos.
  • Coma em restaurantes que usam alimentos sem antibióticos. Grandes redes de restaurantes compram muita carne e laticínios. Aqueles que prometem ficar sem antibióticos dão aos produtores de alimentos outro motivo para reduzir os antibióticos — ou parar de usá-los completamente.
  • Alinhe com o médico do seu filho(a) para limitar os antibióticos que ele(a) toma. Lembre-se de que infecções virais como resfriados e gripes não vão embora com antibióticos, já que eles só combatem infecções bacterianas.
  • Siga as regras de segurança na cozinha para evitar doenças transmitidas por alimentos.
  • Certifique-se de que as crianças lavem as mãos depois de tocar em animais de estimação, visitar zoológicos ou coletar ovos de galinheiros no quintal.

Fontes:

Comitê de Doenças Infecciosas e Conselho de Saúde Ambiental e Mudanças Climáticas da Academia Americana de Pediatria (Copyright © 2024)

https://www.paho.org/pt/noticias/7-11-2017-oms-recomenda-que-agricultores-e-industria-alimentar-parem-usar-antibioticos-em

Saiba mais:

https://institutopensi.org.br/diferencas-entre-alimentos-organicos-naturais-e-saudaveis/

https://institutopensi.org.br/alimentos-organicos-para-criancas/

https://institutopensi.org.br/dia-mundial-da-saude/

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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