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Dia Internacional de Luta contra o Câncer Infantil
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Dia Internacional de Luta contra o Câncer Infantil

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15/02/2022
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Hoje, 15 de fevereiro, é o Dia Internacional de Luta contra o Câncer Infantil. No Brasil, o câncer é a primeira causa de morte por doença entre crianças e adolescentes de um a 19 anos, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA). O diagnóstico e o tratamento precoces podem salvar 80% das vidas.

O INCA estima que, para cada ano do triênio 2020/2022, sejam diagnosticados no Brasil 8.460 novos casos de câncer infanto-juvenis (4.310 em homens e 4.150 em mulheres). Esses valores correspondem a um risco estimado de 137,87 casos novos por milhão no sexo masculino e de 139,04 por milhão para o sexo feminino.

O câncer infantojuvenil corresponde a um grupo de várias doenças que têm em comum a proliferação descontrolada de células anormais e que pode ocorrer em qualquer local do organismo. Diferentemente do câncer do adulto, ele geralmente afeta as células do sistema sanguíneo e os tecidos de sustentação. Por serem predominantemente de natureza embrionária, tumores na criança e no adolescente são constituídos de células indiferenciadas, o que, geralmente, proporciona melhor resposta aos tratamentos atuais.

Os tumores mais frequentes na infância e na adolescência são as leucemias (que afetam os glóbulos brancos), os que atingem o sistema nervoso central e os linfomas (sistema linfático).

Também acometem crianças e adolescentes o neuroblastoma (tumor de células do sistema nervoso periférico, frequentemente de localização abdominal), tumor de Wilms (tipo de tumor renal), retinoblastoma (afeta a retina, fundo do olho), tumor germinativo (das células que originam os ovários e os testículos), osteossarcoma (tumor ósseo) e sarcomas (tumores de partes moles).

Graças aos avanços no tratamento do câncer infantil nas últimas décadas, atualmente mais de 84% das crianças com câncer sobrevivem 5 ou mais anos. Globalmente, esse é um aumento considerável desde meados da década de 1970, quando a taxa de sobrevida em 5 anos era de apenas 58%. Ainda assim, as taxas de sobrevida variam com o tipo de câncer e outros fatores.  Assim como nos países desenvolvidos, no Brasil, o câncer já representa a primeira causa de morte (8% do total) por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos.

Estima-se que ocorreram cerca de 12.600 casos novos de câncer em crianças e adolescentes no Brasil em 2017. O perfil da doença no país espelha a profunda desigualdade socioeconômica brasileira: entre os mais privilegiados, os tumores são típicos daqueles mais registrados nos países desenvolvidos do Ocidente. Entre os mais pobres, a doença está ligada a infecções e outras situações ligadas ao subdesenvolvimento. As regiões Sudeste e Nordeste apresentaram os maiores números de casos novos, 6.050 e 2.750, respectivamente, seguidas pelas regiões Sul (1.320), Centro-Oeste (1.270) e Norte (1.210).

Nos tumores da infância e adolescência, até o momento, não existem evidências científicas que deixem claro a associação entre a doença e os fatores ambientais. Logo, prevenção é um desafio para o futuro. A ênfase atual deve ser dada ao diagnóstico precoce e à orientação terapêutica de qualidade. Os pais devem estar alertas ao fato de que a criança não inventa sintomas. Ao sinal de alguma anormalidade, devem levar seus filhos ao pediatra para avaliação. Na maioria das vezes, os sintomas estão relacionados a doenças comuns na infância, mas isto não deve ser motivo para descartar a visita ao médico.

A manifestação clínica dos tumores infanto-juvenis pode não diferir muito de doenças benignas (sem maior gravidade) comuns nessa faixa etária. Muitas vezes, a criança ou o jovem está em condições razoáveis de saúde no início do adoecimento. Por esse motivo, procurar um serviço médico que possa pensar a possibilidade de ser câncer é fundamental. Conheça algumas formas de apresentação dos tumores da infância:

  1. Nas leucemias, a criança se torna mais sujeita a infecções, fica mais pálida e pode ter sangramentos e sentir dores ósseas.
  2. No retinoblastoma, um sinal importante é o chamado “reflexo do olho do gato“, embranquecimento da pupila quando exposta à luz. Pode se apresentar também por meio de fotofobia (sensibilidade exagerada à luz) ou estrabismo (olhar vesgo).
  3. No tumor de Wilms (que afeta os rins) ou neuroblastoma se verifica o aumento do volume ou surgimento de massa no abdômen.
  4. Tumores sólidos podem se manifestar pela formação de massa, visível ou não, e causar dor nos membros. Esse sintoma é frequente, por exemplo, no osteossarcoma (tumor no osso em crescimento), mais comum em adolescentes.
  5. Tumor de sistema nervoso central tem como sintomas dores de cabeça, vômitos, alterações motoras, alterações de comportamento e paralisia de nervos.

Uma boa notícia para a prevenção de câncer que se inicia na infância é que o Ministério da Saúde oferece, desde 2014, a vacinação para meninas contra o vírus do HPV, agora ampliada para os meninos, o que poderá reduzir a incidência de cânceres associados a essa infecção no futuro. Em curto e médio prazos, a medida mais efetiva para a prevenção e detecção precoce do câncer do colo do útero é a universalização do acesso ao exame de Papanicolau, biópsia e tratamento.

Nas últimas quatro décadas, o progresso no tratamento do câncer na infância e na adolescência foi extremamente significativo. Hoje, em torno de 85% das crianças e adolescentes acometidos de câncer podem ser curados, se diagnosticados precocemente e tratados em centros especializados. A maioria deles terá boa qualidade de vida após o tratamento adequado.

No Sabará Hospital Infantil, temos 60 casos novos diagnosticados por ano e, desde 2020, o Sabará Hospital Infantil e o A.C. Camargo Cancer Center mantém uma parceria para um programa integrado de oncologia pediátrica, que oferece todos os serviços de um centro de câncer líder e de um hospital pediátrico de renome para o atendimento de crianças com todos os tipos de câncer.

Saiba mais:

Fontes:

Dr. José Luiz Setúbal

Dr. José Luiz Setúbal

(CRM-SP 42.740) Médico Pediatra formado na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com especialização na Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Gestão na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pai de Bia, Gá e Olavo. Avô de Tomás, David e Benjamim.

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