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Estratégias de acolhimento fortalecem humanização e saúde mental
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Estratégias de acolhimento fortalecem humanização e saúde mental

Estratégias de acolhimento fortalecem humanização e saúde mental

01/08/2025
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Pesquisa destaca um núcleo de apoio psicopedagógico que une bioética e saúde mental para colaborar para a formação de futuros profissionais de saúde e impactar o cuidado com a saúde das crianças. O estudo conquistou o primeiro lugar no Prêmio Pensi, na categoria Bioética. Na foto, a pesquisadora Cinthya Cosme Gutierrez Duran

Sentir-se acolhido faz toda a diferença quando se entra na universidade. Para muitos jovens, essa fase de transição revela questões emocionais e pressões que impactam o rendimento acadêmico e a própria saúde mental dos estudantes. A professora e pesquisadora Cinthya Cosme Gutierrez Duran, biomédica de formação e docente universitária há duas décadas, observou que alunos recém-saídos do ensino médio chegam cada vez mais carregados de ansiedade e sofrimento psíquico. A experiência motivou a criação de um Núcleo de Apoio Psicopedagógico (Napp), que se tornou um projeto amplo de assistência, extensão e pesquisa. O trabalho oferece suporte multiprofissional aos estudantes e aponta caminhos para mudanças estruturais no ensino, com ecos na saúde infantil e na construção de uma educação mais inclusiva.

Cinthya explica que sua carreira como professora em cursos de graduação e pós-graduação na área de saúde a colocou em contato direto com gerações de universitários. Ela percebeu que muitos ingressam na vida acadêmica já fragilizados, trazendo traumas, dificuldades de aprendizagem e problemas emocionais não diagnosticados na educação básica. “Se eles sentem acolhimento nesse ambiente, certamente vão reproduzir essa postura na profissão, aprendendo a olhar o outro de modo mais humanizado”, afirma. Em cursos como medicina, por exemplo, a responsabilidade de formar profissionais capazes de enxergar o paciente de maneira integral se torna ainda mais urgente.

A partir desse olhar, o Napp nasceu com foco multiprofissional, reunindo psicólogos, pedagogos e outros especialistas para acolher estudantes e professores. Cinthya ressalta que a pesquisa surgiu da necessidade de gerar dados que validassem e norteassem estratégias de apoio: “Se queremos formar profissionais de saúde mais sensíveis, temos de colocar em prática metodologias que unam teoria e prática. E, para isso, é indispensável coletar e analisar informações que apontem onde precisamos intervir”.

Ponte entre a demanda e o apoio

O Núcleo de Apoio Psicopedagógico funciona como um espaço de acolhimento e orientação para questões emocionais e dificuldades pedagógicas. Há divulgação ativa nos canais internos da universidade, e professores também podem encaminhar alunos que demonstrem necessidade de suporte. Cinthya explica que o grande diferencial é a linguagem entre pares: estagiários de psicologia, por exemplo, podem oferecer escuta mais próxima aos estudantes atendidos. Assim, cria-se uma ponte entre as demandas reais e o apoio especializado.

“Vimos que muitos problemas de aprendizado vêm de questões emocionais ou até de neurodivergências, como dislexia, que passam despercebidas na educação básica”, diz a pesquisadora. Com a constatação de que faltam diagnósticos precoces, o projeto ganhou um caráter inclusivo. Alunos de origens socioeconômicas diversas têm ali a oportunidade de entender suas dificuldades e, se necessário, são encaminhados a clínicas-escola para acompanhamento especializado.

A pesquisa de Cinthya conta com abordagens quantitativas e qualitativas, sempre respeitando protocolos de ética e consentimento. Todos os participantes assinam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), no qual são informados sobre os objetivos da pesquisa, procedimentos, riscos e benefícios, bem como sobre as medidas adotadas para assegurar a confidencialidade e o sigilo das informações coletadas. “Analisamos variáveis demográficas, escalas de saúde mental e cruzamos os resultados com relatos que ajudam a compreender melhor o que cada aluno enfrenta”, explica. Dessa forma, ela e sua equipe geram estatísticas sólidas sobre a efetividade do núcleo e possíveis lacunas.

Com a participação de programas de mestrado e doutorado, a iniciativa une ensino, pesquisa e extensão, sustentando o tripé fundamental das universidades que efetivamente se comprometem com a transformação social. “Essas informações nos permitem atuar de forma preventiva, e não apenas corretiva. Se identificamos um aumento de ansiedade ou bullying, por exemplo, propomos ações pedagógicas e rodas de conversa que podem reverberar em políticas públicas”, acrescenta.

Resultados e aprendizados

Um dos principais achados é o impacto positivo na formação de profissionais de saúde: alunos que passam pelo acolhimento tendem a reproduzir essa abordagem em seus estágios e na futura prática profissional. “É a noção de que o cuidado é integral”, explica Cinthya. O estudo também identifica a necessidade de discutir a estrutura do ensino básico. Muitos estudantes chegam sem ter sido diagnosticados com condições como dislexia ou superdotação, o que afeta o processo de aprendizagem e a saúde mental.

A pesquisa reforça a importância de repensar currículos e metodologias: “É preciso superar o modelo tecnicista, em que o professor apenas despeja conteúdo. Na educação em saúde, o aluno deve ser o protagonista, aprendendo a aprender e desenvolvendo empatia. Assim, estará mais preparado para cuidar do outro”, diz. Outro ponto destacado é a inclusão digital: simplesmente proibir o acesso às tecnologias pode gerar mais dificuldades, enquanto ensinar o uso ético e pedagógico desses recursos pode mudar a dinâmica de sala de aula e despertar novas competências na formação em saúde.

Implicações práticas

Os dados coletados servem de base para orientar novas ações. O Napp foi projetado para que a universidade devolva algo à sociedade, estimulando que estratégias similares sejam adotadas também na educação infantil. Há estagiários de psicologia que, tendo atuado no núcleo, propõem iniciativas parecidas em escolas públicas. “Eles já conhecem o fluxo de acolhimento e a metodologia e levam esse olhar humano para as crianças”, ressalta a pesquisadora.

A experiência prova que saúde e educação devem caminhar juntas. “Se falamos de bem-estar, é impossível separar o cuidado físico do emocional e do cognitivo. A criança ou jovem precisa de um ambiente que trabalhe essas dimensões de forma integrada. Isso tem reflexos diretos na prevenção de problemas como bullying, ansiedade e até quadros mais graves de saúde mental”, enfatiza Cinthya.

Trajetória pessoal e institucional

Formada em biomedicina, Cinthya leciona em uma universidade privada que oferece cursos de graduação e pós-graduação na área da saúde. Ao longo de 20 anos, foi diretora de cursos de graduação e hoje atua no programa de mestrado e doutorado em medicina biofotônica. “É uma instituição que valoriza a pesquisa, o que me permite unir extensão, dados científicos e aplicação prática para transformar a realidade de nossos alunos e, por consequência, as comunidades atendidas”, explica.

Sua participação como avaliadora do Ministério da Educação (MEC) reforça o senso crítico sobre o papel das universidades. Para ela, ser “universidade” não se restringe a oferecer diplomas, mas sim a gerar conhecimento que melhore políticas públicas e a vida das pessoas.

Prêmio e reconhecimento

A pesquisa de Cinthya foi a primeira colocada na categoria de Bioética do Prêmio Pensi. Ela comemora a conquista, ressaltando a importância da fundação que organiza a premiação. “Receber o prêmio do Instituto Pensi e da Fundação José Luiz Setúbal me deixa muito feliz, pois sei do compromisso que eles têm com a saúde infantil e com a pesquisa de qualidade”, diz. Ela menciona ainda a relevância do Sabará Hospital Infantil, elogiando o olhar amplo sobre a atenção à saúde, a formação de profissionais e a pesquisa aplicada.

A satisfação também vem de saber que seu filho é paciente do Instituto Pensi e do Sabará e que seu marido, médico, trabalha no mesmo complexo. “Tudo isso reforça a seriedade e o amor ao próximo que vejo na fundação. Fui duplamente honrada”, pontua.

Perspectivas

A pesquisadora afirma que pretende continuar estudando formas de unir educação e saúde, criando pontes entre diferentes ciências. “Hoje, na era da inteligência artificial, a informação técnica está disponível em qualquer lugar. O que faz a diferença são competências, habilidades e atitudes, como o acolhimento humano”, defende. Atuando como pesquisadora no programa de Mestrado e Doutorado em Medicina Biofotônica da Uninove, conceito 6 pela Capes, ela e o grupo se dedicam ao estudo da ação da luz terapêutica em diversos processos, incluindo o tratamento de feridas, controle da dor, reparo tecidual, bruxismo e halitose infantil. A pesquisa, desenvolvida por uma equipe multidisciplinar, visa não apenas produzir conhecimento científico de ponta, mas também garantir que essas descobertas sejam replicáveis e se traduzam em benefícios tangíveis para a população, com especial atenção à sua implementação no Sistema Único de Saúde (SUS).

Da sala de aula ao cuidado clínico, o projeto capitaneado por Cinthya mostra que preparar o ensino superior para ser também um ambiente acolhedor não é apenas possível: é necessário. Quando metodologias ativas e um olhar humano entram em cena, surgem profissionais mais empáticos, prontos a atender necessidades de crianças, jovens e famílias. “O mundo pode ser melhor se cada um fizer a sua parte”, conclui a pesquisadora. O Núcleo de Apoio Psicopedagógico, premiado e reconhecido, deixa clara a mensagem de que a educação de qualidade, unida ao senso ético e à valorização das emoções, é o caminho para promover saúde e cidadania desde cedo.

Duran, Cinthya Cosme Gutierrez; Uga, Daniela Alessandra; Horliana, Anna Carolina Ratto Tempestini; Motta, Lara Jansiski; Ferrari, Raquel Agnelli Mesquita; Cecatto, Rebeca Boltes; Bussadori, Sandra Kalil; Fernandes, Kristianne Porta Santos; “ESTRATÉGIAS DE ACOLHIMENTO, PROMOÇÃO DE SAÚDE MENTAL E DISCUSSÃO DE BIOÉTICA PARA ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS: O CASO DE UM NÚCLEO DE APOIO A SAÚDE MENTAL DO UNIVERSITÁRIO E SEUS IMPACTOS INDIRETOS NA SAÚDE INFANTIL”, p. 481-484 . In: Anais do 7º Congresso Internacional Sabará-Pensi de Saúde Infantil. São Paulo: Blucher, 2024.

ISSN 2357-7282, DOI 10.5151/sabara2024-3062

Por Rede Galápagos

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